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Coleta seletiva de lixo é tarefa complicada em Teresina

A destinação do lixo não é só um problema ambiental, mas também econômico, uma vez que é necessário ir cada vez mais longe para descartar resíduos, o que encarece a operação de transporte do lixo.

18/08/2009 18:56

O economista Sabetai Calderoni é Doutor em Ciências Econômicas e diretor presidente do Instituto Brasil Ambiente. Recentemente, ele fez um estudo revelador: calculou a água e a energia que são gastas para transformar a matéria-prima virgem e comparou com os gastos para se chegar ao mesmo produto final caso fosse utilizado material reciclado. O resultado não foi nada alentador: o levantamento concluiu que o Brasil perde nada menos que US$ 10 bilhões todos os anos por não recuperar todo o seu lixo. Hora de Teresina, uma cidade que dá muito pouca atenção ao que manda para o aterro sanitário, abrir os olhos.

Pelas contas de Sabetai Calderoni, anualmente, o país "joga no lixo" uma quantia semelhante à do Bolsa Família, programa que atende cerca de 50 milhões de pessoas em todo o Brasil. O cálculo, analisado no livro "Os bilhões perdidos no lixo", observa que a administração municipal de uma cidade de 200 mil habitantes, por exemplo, gasta, em média, R$ 8,0 milhões anuais com o transporte de dejetos. Se os cálculos valerem para Teresina, os gastos com o transporte do lixo podem chegar a R$ 32 milhões, já que a capital piauiense possui uma população aproximada de 800 mil pessoas.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Clóvis Freitas, a dificuldade de implantar a coleta seletiva de resíduos tem justificativas, mas um novo horizonte se perspectiva em um futuro próximo. "A coleta seletiva leva muito tempo e deve ser feita seguindo determinados passos que devem ser feitos em uma sequência correta. Hoje, em Teresina, a coleta seletiva só é feita por empresas particulares, mas, há cerca de dois meses, a Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas) deu um passo importante nesse sentido, realizando um treinamento com as associações da zona Sul de Teresina, para a formação de cooperativas que trabalhem com isso", comenta.

Para Clóvis Freitas, no entanto, a questão da coleta seletiva de lixo e a reciclagem tem uma importância bem menos econômica do que ambiental. "O aspecto importante da coleta seletiva diz respeito ao meio ambiente e não ao financeiro, porque a coleta seletiva só funciona se ela auto se pagar", argumenta.

Sabetai Calderoni observa a questão por um outro prisma. Para ele, a destinação do lixo não é só um problema ambiental, mas também econômico, uma vez que é necessário ir cada vez mais longe para descartar resíduos, o que encarece a operação de transporte do lixo. Em são Paulo, por exemplo, o transporte representa dois terços dos gastos com o lixo. “É como se gastasse uma fortuna para enterrar ouro”, salienta. “Não há saída. Os aterros ficarão cada vez mais caros, a ponto de se tornarem inviáveis para qualquer prefeitura”, acrescenta.

Com trabalhos na área de resíduos e meio ambiente reconhecidos internacionalmente, por meio de pesquisas ou como consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), Sabetai Calderoni afirma que a solução é simples: estações de reciclagem integral do lixo, com várias soluções no mesmo espaço. “Um centro de reciclagem ainda tem a vantagem de ocupar uma área 7.000 vezes menor que a de um aterro sanitário”, compara. Em uma cidade do porte de Curi­tiba, por exemplo, ele garante que poderia haver uma central de reciclagem em cada ponto cardeal, reduzindo o custo do transporte.

De acordo com Sabetai Calderoni, não custaria mais do que R$ 10 milhões uma usina para reaproveitar todo tipo de resíduo, do lixo domiciliar ao entulho de construção, do caco de vidro à poda de árvores. “O melhor de tudo é que pode sair a custo zero para o município, bastando para isso uma parceria público-privada”, conclui. Matéria-prima não falta. Metade das 140 mil toneladas de restos gerados todos os dias no país ainda acaba nos lixões. O Brasil tem 1.500 desses lugares, a forma mais rudimentar no armazenamento de detritos, onde o lixo é jogado sem cuidado e sem tratamento.

Clóvis Freitas, no entanto, discorda de Calderoni. "Há um tempo atrás, Timon lançou um programa de reciclagem de lixo e comprou uma esteira. Só que o consumo de energia da esteira era maior do que o retorno que a reciclagem poderia oferecer. Ou seja, não seria auto-sustentável", opina.

Fonte: Flávio Meireles/ Jornal O DIA
Edição: Portal O Dia
Por: Portal O Dia