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Poti Velho: do berço à expansão da cidade

No dia do aniversário de 167 anos da capital piauiense, O DIA reúne histórias de quem fincou raízes no nosso solo.

16/08/2019 09:37

Ao longo de 167 anos, Teresina cresceu e tem se transformado em uma cidade moderna e desenvolvida. Muito desse crescimento se deve à população, um povo acolhedor, batalhador e cheio de histórias para contar. E por estar localizada entre dois rios, Parnaíba e Poti, é de suas margens que começa a história da cidade.

O bairro Poti Velho (antigamente chamado de Vila Nova do Poti), na zona Norte de Teresina, é essencialmente formado por pescadores, pequenos agricultores e comerciantes. Até hoje, a região preserva os costumes e as tradições do povo que nasceu e construiu sua vida e famílias tirando o sustento desse solo. José Serapião de Sousa Filho, de 90 anos, é um dos moradores mais antigos da Boa Esperança, região que integra o Poti Velho. Ele mora no bairro há mais de 50 anos e viu muitas mudanças acontecerem.

Natural de Campo Maior, José Serapião chegou ao bairro ainda garoto, acompanhando trabalhadores que instalavam tubulação de água. Na época, o local era rodeado de fazendas e ele era responsável pelas vacarias. Lá, ele casou com Vitória Cardoso de Melo e da união, que já dura 41 anos, nasceram seis filhos. Hoje, a família está maior, com 11 netos e cinco bisnetos. Todos morando ali, uns perto dos outros. 

“A minha casa foi eu mesmo que construí. Era de taipa e, quando o Lula foi eleito, eu consegui fazer três empréstimos e construí de tijolo. Ao lado da minha casa, mora minha filha, e a filha que mora mais longe tem casa no final da rua. Eu gosto muito daqui. Ninguém conhece mais aqui do que eu”, comenta.


José Serapião posa com orgulho ao lado dos filhos e netos nascidos e criados na zona Norte de Teresina - Foto: Elias Fontinele/O Dia

Há alguns anos, a região foi marcada pelas enchentes. Imóveis desabaram, famílias ficaram desabrigadas e muitas pessoas precisaram sair de suas casas para buscar locais mais seguros. Todavia, mesmo com essas adversidades, José Serapião não pensa em sair do lugar onde construiu sua família.

“O pessoal diz que aqui é área de risco, mas nunca foi. É um crime querer mexer com essas pessoas que moram no bairro. Eu prefiro morar aqui, mesmo com as enchentes, pois foi aqui que criei toda minha família aqui. São mais de 40 anos morando aqui. Teresina foi fundada pelo bairro Poti Velho, foi daqui que saíram os tijolos para construir as casas das cidades”, frisa.

A esposa de José Serapião, Vitória Cardoso, lembra que, assim que se mudou para o bairro, não havia tantos moradores como atualmente. Os filhos foram casando e ali mesmo construíram suas residências. Hoje, todos moram na mesma rua e alguns são vizinhos. 

“Antes só nós morávamos aqui, então era bem mais calmo, não tinha água e luz, então íamos pegar água no rio. Hoje é bom, mas antes era melhor. Somos acostumados com a comunidade, conhecemos todo mundo. Aqui é bom demais e não trocamos aqui por lugar nenhum. Criei minha família aqui, criando animais, como galinhas, porcos, perus e pato, e plantando. Hoje temos feijão, quiabo, abóbora, melancia, então é só chover que a gente planta e por isso não precisamos comprar nada disso”, fala.

Por: Glenda Uchôa e Isabela Lopes - Jornal O Dia
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