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Pelo mundo de muletas: maranhense é o sul-americano que mais viajou

Mesmo com mobilidade reduzida, Luiz Thadeu, de 61 anos, percorreu 143 países

28/11/2020 11:00

O maranhense Luiz Thadeu e Silva, de 61 anos, já pôs os pés em 143 países e é considerado o sul-americano que mais viajou. Essa marca por si só é de chamar muita atenção. Mas a grande surpresa mesmo é quando descobrimos que todo esse trajeto foi percorrido com duas muletas. Luiz Thadeu tem mobilidade reduzida devido um acidente de trânsito que lesionou sua perna esquerda.

Era tarde chuvosa de junho de 2003, no interior do Rio Grande do Norte. Luiz seguia no banco de trás de um táxi, quando o motorista resolveu atender o telefone que tocava insistentemente. Com apenas uma das mãos ao volante, o homem perdeu o controle do veículo e colidiu violentamente com uma carreta que trafegava no sentido contrário.

Luiz Thadeu agora é o sul-americano que mais percorreu países pelo mundo a fora. O registro está presente no livro dos records e nas homenagens prestadas pela Infraero e Correios (Fotos: Arquivo pessoal)

Luiz sofreu fratura exposta de fêmur e passou por uma cirurgia de urgência. Quando tudo parecia resolvido, ele foi acometido por uma infecção óssea, o que o levou a ser submetido a um total de 43 cirurgias. Foram quatro anos sem andar devido aos procedimentos médicos. “A partir daí minha vida se transformou toda”, comenta.

Na verdade, os quatros anos que passou sem caminhar era o corpo se resguardando para a maratona de viajar a 143 países que viria logo depois. “A maneira que encontrei de compensar o tempo perdido foi viajar pelo mundo”, concorda. A primeira viagem aconteceu em 2009.

“Meu filho foi fazer intercâmbio na Europa e passou a morar na Irlanda. Quando ele estava com seis meses, pediu que eu fosse para lá. Minha primeira reação foi dizer que não, porque eu não tinha nenhuma segurança em andar na minha cidade, onde as ruas são muito estreitas, imagina ir para uma viagem internacional. Mas me deram muita força e eu acabei indo. Nessa primeira viagem, eu pisei em oito diferentes países”, explicou sobre a primeira viagem após o acidente. Após o acidente, porque viajar sempre esteve no DNA de Luiz Thadeu.

O gosto por novas descobertas começou durante a infância no Maranhão e se estendeu pela juventude. “Sempre gostei muito de viajar. Meu pai era agente de estatística do IBGE e eu viajei muito com ele pelo interior do Maranhão. Depois que fui fazer faculdade eu comecei a conhecer o Brasil. Eu conheci muito do país através de um programa de intercâmbio de estudantes chamado Projeto Rondon e Projeto Mauá”, lembra.

Em 2020, contudo, Luiz Thadeu parou, assim como todo mundo, por conta da pandemia do novo coronavírus. “Só estar viajando nesse período o coronavírus que não tem problema com imigração, passaporte”, brinca. A quarentena serviu para Luiz planejar suas viagens pelos outros 51 países que restam para finalizar sua jornada digna de um herói.

Reconhecimento

Luiz Thadeu era até então reconhecido como o brasileiro que mais percorreu países pelo mundo a fora. O registro está presente no livro dos records e nas homenagens prestadas pela Infraero e Correios. Mas a faceta o tornou agora o sul-americano mais viajado.

“Quando eu atingi 130 países viajados, a Infraero constatou que eu era o brasileiro mais viajado e produziu uma placa, que é a primeira do Brasil que fala de um viajante, porque todas as outras placas de aeroportos são de locais, promoções, propaganda e de governo. Quando eu cheguei a 140 países, os Correios me ofertaram um selo comemorativo em homenagem”, relata.

“Tenho bolso raso e sonhos profundos”

Viajar não é algo que cabe no orçamento de todo mundo, mas Luiz garante que, com planejamento e muito foco, é possível descobrir novos territórios. Engenheiro agrônomo, ele revela que arca com todas as despesas de suas andanças e nunca recorreu a patrocínios.

“Uma das minhas deficiências é que eu tenho bolso raso e sonhos profundos. Isso significa que não tenho muito dinheiro. O que faço é dar prioridade para minhas viagens. Essa é a equação: viajar pelo mundo com o dinheiro que eu tenho. Não tenho nenhum tipo de patrocínio. Desenvolvi um método de pesquisar passagens em conta”, orienta.

Perguntado sobre a escolha dos destinos, ele afirma: “Eu não escolho a viagem, ela que me escolhe. Como ela me escolhe? Através do valor”. E conclui com a dica de ouro. “Tem época que uma passagem para Nova York está R$ 5 mil, tem época que a mesma passagem está R$ 1.800. É nessa época, quando está mais barato, que eu viajo”.

Contato

A trajetória, os desafios e a superação de Luiz Thadeu são contadas em suas palestras gratuitas ministradas em todo o Brasil. Para contato: (98) 9114-7504. “Não cobro pelas minhas palestras. Quero ajudar as pessoas que estão depressivas e sem sentido na vida’, finaliza.

Por: Otávio Neto
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