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Sem contrato, intérpretes denunciam falta de acompanhamento a surdos

Somente na Unidade Escolar Matias Olímpio, cerca de 40 estudantes surdos retornaram às aulas sem o acompanhamento especializado.

20/02/2019 17:56

Com o início do ano letivo na rede pública de ensino na última segunda-feira (18), estudantes surdos podem se prejudicados pela falta de intérpretes em Libras dentro da sala de aula. Isso porque, segundo os próprios intérpretes, sem a renovação do contrato de trabalho, os profissionais convocados por meio de processo seletivo estão impossibilitados de voltarem à atividade.

Segundo uma das intérpretes que preferiu não ser identificada, somente na Unidade Escolar Matias Olímpio, localizada no bairro Por Enquanto, cerca de 40 estudantes surdos retornaram às aulas sem o acompanhamento especializado. “Isso causa muito prejuízo no processo de aprendizagem, uma vez que, o surdo só consegue acompanhar a aula com a presença do profissional tradutor Intérprete de Libras”, destaca.

Sem contrato, intérpretes denunciam falta de acompanhamento a surdos. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

De acordo com ela, os intérpretes em Libras e outros profissionais da Educação Especial foram contratados a partir de um processo seletivo realizado no ano de 2017, com contrato previsto para o prazo de dois anos. “Esse ano era para ter sido renovado o contrato, para nós voltarmos para a sala de aula, porque são 10 anos só de seletivo, o Estado nunca fez um concurso para a nossa área”, denuncia.

No ano passado, a reportagem do O DIA esteve na Unidade Escolar Matias Olímpio  e conferiu de perto o trabalho realizado por esses profissionais. Na época, o diretor da unidade de ensino, o professor José Fialho, frisou a importância da presença do intérprete na sala de aula. "A falta do intérprete em Libras dificulta o processo de aprendizagem. Às vezes, o professor fica sozinho com o aluno surdo e isso impede totalmente aquele aluno entender algo, ele se torna um copiador alheio ao assunto. O ideal seria termos professores bilíngues, que pudessem transmitir o conteúdo para todos na sala, mas isso não acontece”, afirma. 

Segundo dados levantados pelo O DIA, em 2018, a rede estadual de educação atendia 144 alunos surdos em todo Estado e, em Teresina, 90 alunos eram atendidos pela rede municipal. Sem o intérprete em Libras para fazer o acompanhamento educacional especializado, a previsão dos profissionais é de que o processo de aprendizagem se torne difícil, contribuindo para a evasão escolar, uma vez que o intérprete é o responsável por transmitir ao aluno surdo o conteúdo ministrado em sala de aula.

Outro lado

A reportagem do ODIA entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) que informou que os contratos dos intérpretes de libras que irão atuar nas escolas da rede estadual em 2019 já foram renovados. A Seduc informa ainda que o atraso se deu por conta de uma mudança no sistema de lotação da rede. "A Secretaria aproveita para reiterar seu compromisso de  promover a acessibilidade de crianças e jovens com deficiência matriculadas nas escolas estaduais', disse em nota.

Por: Nathalia Amaral e Glenda Uchôa
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