Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

"˜Não voto"™ supera eleitos em uma de cada cinco cidades no 2º turno

Somados, votos brancos, nulos e abstenções foram 32,5% do total de eleitores aptos a votar. No Sudeste, vitória do "˜não voto"™ é mais frequente

01/11/2016 10:15

Dos 32 milhões de eleitores aptos a votar no 2º turno das eleições municipais, mais de 21% não foi às urnas segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Se somarmos esse número ao de votos brancos e nulos, o número cresce. Quase â…“ dos eleitores não escolheram um candidato no domingo (30). Os números são maiores que os do 1º turno e das eleições de 2012, 2008 e 2004.

O chamado “não voto” foi importante na disputa de 2016, significativo a ponto de ser maior que os números alcançados pelos políticos eleitos em algumas cidades. Em uma de cada cinco cidades que tiveram 2º turno, o próximo prefeito teve menos votos que a soma de brancos, nulos e abstenções.

Em 12 cidades em que brancos, nulos e abstenções foram maiores que votos do eleito entre as 57 com 2º turno

As vitórias do “não voto” estão concentradas no Sudeste. Onze das doze cidades em que isso aconteceu estão na região - 37% do total. Das três capitais do Sudeste que tiveram 2º turno, em duas o eleito ficou abaixo do “não voto”.

Eleitora justifica voto em Brasília (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Os brancos, nulos e abstenções foram majoritários inclusive em grandes cidades. No Rio, Marcelo Crivella (PRB) teve 1,7 milhão de votos, mas os que não votaram foram mais de 2 milhões (1,3 milhão de abstenções e 719 mil brancos e nulos).

Situação parecida aconteceu em Belo Horizonte, onde Alexandre Kalil (PHS) teve 628 mil votos, 114 mil votos a menos que a soma de brancos, nulos e abstenções.

Em São Bernardo do Campo e Porto Alegre, cidades em que o "não voto" também superou os eleitos, o movimento contou com participações simbólicas. Nem Luiz Inácio Lula da Silva, que já tem 71 anos e não é obrigado a votar, nem Dilma Rousseff apareceram para votar no domingo (31). Os candidatos apoiados por eles já haviam sido derrotados em primeiro turno.

Por região

Quando se segrega os dados de votos brancos, nulos e abstenções por região, o Sudeste aparece na ponta. Mais de 37% dos eleitores aptos a votarem na região não escolheu um candidato. No Centro-Oeste foram 32% e no Sul, 30%. As regiões com menos não votos foram o Nordeste e o Norte, com 25% e 23%, respectivamente. O gráfico mostra o quadro em cada região em números absolutos.

Ainda não há estudos e análises detalhadas sobre o alto índice de abstenção, brancos e nulos no segundo turno em 2016, mas algumas hipóteses ajudam a explicar o fenômeno.

Há quem defenda que a alta abstenção no país é, na verdade, fruto deproblemas no cadastro do Tribunal Superior Eleitoral e da burocracia para alteração de dados.

Nas cidades em que houve recadastramento biométrico (e o eleitor passa a ser identificado pelas digitais) a abstenção média foi de 16% no segundo turno, abaixo dos 24,8% registrado nos outros municípios. No primeiro turno ocorreu o mesmo. Nas 1.541 cidades com biometria o percentual de não comparecimento foi de 11,85%, ante 19,1% da média geral.

O aumento do “não voto” também é apontado como resultado da insatisfação com a política e com as opções de candidatos do segundo turno.

“Há sinais de desinteresse e de afastamento do eleitor. A desilusão pode ser maior agora do que era antes”, disse o cientista político Jairo Nicolau em entrevista ao Nexo após o primeiro turno.

Fonte: Nexo Jornal
Mais sobre: