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Seguradoras de carros devem reinventar-se para competir no mercado

Seguros pay per use e promoções de seguros na compra de carros 0km são algumas das ofertas selecionadas pelas companhias para cativar clientes duvidosos.

16/07/2020 17:51

Não existe setor nenhum da economia que não tenha percebido os efeitos da atual crise do Covid-19 nela. Até as áreas tradicionalmente mais fortes como é o caso do mercado de seguros receberam a batida nestes meses de pandemia. Mesmo que, em termos de investimento, se reconheça que o negócio dos seguros seja pouco arriscado em comparação com outras atividades do mundo financeiro, aquela quase certeza de que as companhias seguradoras sempre lucrarão é verdadeira “em situações normais”. Mas claro, nenhum analista podia prever o atual contexto mundial provocado pelo Coronavírus, portanto não é possível falar que estamos perante uma “situação normal”.

Seja como for, os números da primeira etapa deste ano não foram favoráveis para as principais companhias do setor. Já em abril a Superintendência de Seguros Privados (Susep) divulgava dados estatísticos apresentados respeito ao lucro das seguradoras no primeiro bimestre do ano: ainda sem ter refletido os efeitos do Covid se observava uma pequena diminuição nos ganhos. No entanto quando analisados os dados do encerramento do primeiro trimestre, a declinação da curva ficou maior. No caso de uma das companhias líder, como é a Bradesco Seguros, o resultado das operações de seguros apresentou queda de 23,4% e o lucro do total dessas operações caiu para 36,2% em comparação com os primeiros três meses de 2019.

Os relatórios das seguradoras com capital aberto -BB Seguridade, Porto Seguro e Sul América- também não são alentadores: ainda que com um lucro consolidado de R$2,3 bilhões no primeiro trimestre do ano, a queda trimestral foi de 39,4% e a anual de 29,9%.

Fazendo foco nos seguros de carro, um dos principais fatores que justificam a queda é a drástica diminuição no uso dos veículos devido ao isolamento social. Com isso, somado aos orçamentos familiares mais apertados por conta da crise económica, é entendível que muitas famílias tenham optado por resignar a proteção do carro pelo menos por um tempo. Além disso se adiciona o aumento de fraudes contra os seguros de veículos em um 117% em maio deste ano segundo a Ituran Brasil, explicado também pela queda na renda das famílias, falta de necessidade do carro para se movimentar e a diferença entre o valor da Fipe contra o valor do mercado.

A calma depois da tempestade

A boa notícia é que depois daquela forte queda, o mês de maio começou a mostrar uma desaceleração no ritmo de retração se dirigindo para uma retomada do setor de seguros para os próximos meses. Em palavras de Márcio Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) “Depois da pancada grande de abril, o mês de maio apresentou uma significativa melhora na comparação mensal”. O crescimento de maio frente a abril foi de 11,4% e, mesmo que outros ramos continuaram com importantes quedas, o seguro de auto teve um crescimento mensal de 2,6%.

Embora possa parecer trilhada, a frase “toda crise supõe uma oportunidade” é aplicável para muitos ao mercado de seguros neste contexto. Nessa linha o CEO da Área Regional Brasil da seguradora Mapfre, Fernando Pérez-Serrabona, entende que a crise da pandemia abriu "uma oportunidade de crescimento" para as companhias de seguros, uma vez que foi relevada a importância da contratação de proteção diante de riscos imprevistos.


Fernando Pérez-Serrabona, CEO da Área Regional Brasil da seguradora Mapfre

No caso dos seguros de carro, eles precisam se reinventar com o intuito de oferecer propostas adequadas às dificuldades econômicas dos clientes e a limitação no uso dos veículos.  Assim, esta crise também pode supor uma oportunidade para os usuários, com diversas ofertas convenientes para quem está na procura de poupar nos custos do carro. Confira os benefícios que podem ser aproveitados:

-  Em primeiro lugar, houve uma diminuição na tabela de preços nos seguros de carros perante a crise da pandemia com a consequente queda de demanda. A aquisição de novas apólices tem direta relação com o nível de venda de carros, novos e usados, no país. Nesse sentido, a venda de automóveis de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões refletiu uma queda de 74,7% em relação ao mesmo mês de 2019 sendo “o pior maio desde 1992 e o semestre deverá ser o pior da história  automotiva brasileira” de acordo a Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (a associação das montadoras).


Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea 

-  Muitas seguradoras estão oferecendo propostas com benefícios na contratação de apólices, como por exemplo meses de cobertura de graça ou com redução do preço por algum período, e até se associando com outras empresas. é o caso por exemplo da  Volkswagen que lançou a pré-venda do modelo VW-Nivus e, para os clientes dos primeiros dois lotes foram beneficiados com um ano de seguro gratuito da companhia Porto Seguro (independente do perfil do segurado).

-  Mais uma opção para ser levada em conta, é o forte crescimento da modalidade de seguros “intermitentes” ou pay per use. Ainda existindo muitas alternativas nesta categoria, o conceito é o mesmo: contratado o seguro, a pessoa conta com um aplicativo, geralmente instalado no smartphone com o qual decide quando “ligar ou desligar” a apólice ativando a proteção só quando precisar e pagando só quando ela for utilizada. A pesquisa realizada pela World Insurance Report 2020, feita em 22 países, mostrou que o aumento deste tipo de produtos passou de 31% para 51% em um ano, e que a principal mudança de seu por conta da pandemia. A explicação do boom é simples: muitas pessoas tiveram que para de dirigir devido ao isolamento, no entanto continuaram gastando o mesmo valor de seguro sem ter utilizado ele. O sistema pay per use permite desativar a proteção da apólice em momentos em que o veículo se encontra protegido, como por exemplo na garagem da casa, com coberturas completas que, em média, podem custar R$ 25 ao mês (dependendo do tempo de uso). 

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