O gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, é um dos produtos conhecidos pela sua alta variação de preços. O consumidor final sente essa instabilidade no bolso, mas nem sempre compreende porque isso ocorre. Muitos culpam os impostos e têm razão. Mas essa é não é a única causa.
O técnico em eletrônica Edilson Viana fala sobre as mudanças constantes de preço e como elas impactam a economia doméstica. Ele conta que o pior período foi na época da greve dos caminhoneiros, quando o botijão de gás chegou a custa R$ 120, o dobro da sua última compra.
“O valor do gás de cozinha afeta muito no meu orçamento familiar, pois nunca é o mesmo preço, sempre varia. Dessa forma não dá para planejar, sempre vai estourar meu orçamento. Até que nesses últimos dias, o preço voltou mais ou menos o que era [antes da greve], variando de um revendedor para outro. Porém, ainda acho alto o valor”, reclama.
Felipe Lopes é gerente administrativo de uma distribuidora de gás que atende a zona leste de Teresina. Ele conta que, apesar do período de desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros (quando a distribuidora ficou fechada por sete dias sem o produto), o atendimento foi normalizado.
A alíquota do ICMS no Piauí para o gás de cozinha é de 17% e os reajuste são aprovados pela Alepi (Foto: Assis Fernandes/O Dia)
O que preocupa as distribuidoras é um outro problema: o aumento dos custos de revenda devido o repasse da refinaria e o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A alíquota do ICMS no Piauí para o gás de cozinha é de 17% e o reajuste, quando ocorre, deve ser aprovado pelos parlamentares na Assembleia Legislativa do Piauí.
O imposto, cobrado dos empresários, incide diretamente sobre o preço final do produto, cobrado do consumidor. Essa é a prática corrente. No entanto, como Felipe explica, todo mês há alguns aumentos, e nem sempre eles são repassados ao consumidor. O custo fica, então, para a empresa. Esses valores variam, geralmente podem ser de centavos, mas podem chegar a reais.
“Dos três reajustes que chegam todo mês, a gente só passa no máximo um para o consumidor final. Vários vendedores vendem abaixo e se a gente for passar [o reajuste] não vai vender. [A estratégia é] segurar o reajuste e não passar para o consumidor final. Prejuízo grande para a empresa. O consumidor não quer saber do reajuste”, esclarece o gerente administrativo. Em média, a distribuidora vende 1.500 botijões de gás por mês.
Felipe defende a orientação ao consumidor para facilitar os reajustes, o que para ele justificaria o aumento. “Quando passa no jornal explicando o reajuste, a gente tem como passar para o consumidor, porque ele está orientado. Agora, tem reajuste que não é divulgado, a refinaria já passa direto para o consumidor”, enfatiza.
O gerente administrativo afirma ainda que a cada reajuste, as vendas apresentam uma queda por cerca de duas semanas, em relação à média. Isso ocorre porque muitas vezes as outras distribuidoras ainda não reajustaram o preço ou seguraram este reajuste. “O cliente vai optar pelo mais barato”, conclui.
Por: Ananda Oliveira - Jornal O Dia