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Reajustes e venda ilegal interferem no preço do gás de cozinha

A conta vem mais alta para o consumidor que, muitas vezes, não entende o motivo da variação de preço do produto.

27/06/2018 06:59

O gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhe­cido como gás de cozinha, é um dos produtos conhecidos pela sua alta variação de pre­ços. O consumidor final sente essa instabilidade no bolso, mas nem sempre compreen­de porque isso ocorre. Muitos culpam os impostos e têm ra­zão. Mas essa é não é a única causa.

O técnico em eletrônica Edilson Viana fala sobre as mudanças constantes de pre­ço e como elas impactam a economia doméstica. Ele con­ta que o pior período foi na época da greve dos caminho­neiros, quando o botijão de gás chegou a custa R$ 120, o dobro da sua última compra.

“O valor do gás de cozinha afeta muito no meu orçamen­to familiar, pois nunca é o mesmo preço, sempre varia. Dessa forma não dá para pla­nejar, sempre vai estourar meu orçamento. Até que nesses últimos dias, o preço voltou mais ou menos o que era [an­tes da greve], variando de um revendedor para outro. Po­rém, ainda acho alto o valor”, reclama.

Felipe Lopes é gerente ad­ministrativo de uma distribui­dora de gás que atende a zona leste de Teresina. Ele conta que, apesar do período de desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros (quando a distribuidora ficou fechada por sete dias sem o produto), o atendimento foi normalizado.


A alíquota do ICMS no Piauí para o gás de cozinha é de 17% e os reajuste são aprovados pela Alepi (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

O que preocupa as distribui­doras é um outro problema: o aumento dos custos de reven­da devido o repasse da refina­ria e o Imposto Sobre Circula­ção de Mercadorias e Serviços (ICMS). A alíquota do ICMS no Piauí para o gás de cozinha é de 17% e o reajuste, quando ocorre, deve ser aprovado pe­los parlamentares na Assem­bleia Legislativa do Piauí.

O imposto, cobrado dos empresários, incide dire­tamente sobre o preço fi­nal do produto, cobrado do consumidor. Essa é a prática corrente. No entanto, como Felipe explica, todo mês há alguns aumentos, e nem sempre eles são repassados ao consumidor. O custo fica, então, para a empresa. Esses valores variam, geralmente podem ser de centavos, mas podem chegar a reais.

“Dos três reajustes que che­gam todo mês, a gente só passa no máximo um para o consu­midor final. Vários vendedo­res vendem abaixo e se a gente for passar [o reajuste] não vai vender. [A estratégia é] segu­rar o reajuste e não passar para o consumidor final. Prejuízo grande para a empresa. O con­sumidor não quer saber do reajuste”, esclarece o gerente administrativo. Em média, a distribuidora vende 1.500 bo­tijões de gás por mês.

Felipe defende a orientação ao consumidor para facilitar os reajustes, o que para ele justificaria o aumento. “Quan­do passa no jornal explicando o reajuste, a gente tem como  passar para o consumidor, porque ele está orientado. Agora, tem reajuste que não é divulgado, a refinaria já pas­sa direto para o consumidor”, enfatiza.

O gerente administrativo afirma ainda que a cada rea­juste, as vendas apresentam uma queda por cerca de duas semanas, em relação à média. Isso ocorre porque muitas ve­zes as outras distribuidoras ainda não reajustaram o preço ou seguraram este reajuste. “O cliente vai optar pelo mais ba­rato”, conclui.

Por: Ananda Oliveira - Jornal O Dia
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