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Pães, carnes e remédios ficam mais caros com a disparada do dólar

Segundo o economista Francisco Sousa, existem produtos, fabricados no Brasil, que estão também associados à cotação do mercado internacional

24/09/2015 06:44

O dólar ultrapassou a máxima histórica de R$ 4 e produtos essenciais na vida dos brasileiros vão custar ainda mais caro. Alimentos à base de trigo, grupo que inclui pães, biscoitos e macarrão, que já sofreram aumento em março, passarão a custar ainda mais caro. O grupo de carnes também sofre alteração, pois, com a valorização do dólar, é mais rentável para as distribuidoras exportar, diminuindo a oferta no mercado interno. Além disto, a indústria farmacêutica, que tem 95% das matérias-primas importadas, também sofrerá mudanças. 

Segundo o economista Francisco Sousa, boa parte dos itens comercializados é atrelada ao dólar e, consequentemente, com o aumento dele e a desvalorização do real. “Isso faz com que o preço, a quantidade de real para comprar esses itens, se torne maior. Alguns setores como automóveis, informática, alimentos como trigo e soja, entre outros, têm alterações”, explica. 

Ainda de acordo com o economista, existem produtos, fabricados no Brasil, que estão hoje associados à cotação do mercado internacional. “Existem dois contextos, o primeiro é que, em alguns casos, mesmo sendo fabricado no Brasil, tem uso de matéria- prima importada. E o segundo é que, mesmo sendo matéria-prima brasileira, a comercialização do produto se baseia na cotação do dólar”, ressalta acrescentando que o suco de laranja industrializado é um exemplo deste segundo caso. 

Foto: Elias Fontenele/ ODIA

A carne, produto bastante consumido pelos brasileiros, também tem cotação baseada no mercado internacional, pois o Brasil é exportador. “Dependendo da situação do mercado e da elevação do dólar, se torna mais vantajoso exportar, tornando o país mais competitivo. Assim, destinando a carne para exportação, diminui a oferta do mercado interno, fazendo com que o preço aumente”, diz o economista. Para Francisco Sousa, a classe social que mais sofre com estas mudanças é a de menor poder aquisitivo. 

“Quem tem uma renda maior, tem uma capacidade de absorver aumento de custo de vida. E quem tem renda menor, com o aumento de itens que compõem a cesta básica, consequentemente, sofre mais impacto”, conta. 

Cosméticos 

Preços de perfumes e maquiagens também devem subir. Segundo a revendedora de cosméticos Lúcia Emília Silva, as profissionais da área já sentem a diferença. “Os produtos que revendo são importados, então qualquer alteração no dólar atinge diretamente o preço deles. Já houve alterações na tabela de preços dos produtos por causa da inflação e, agora, com essa alta do dólar, deverá acontecer um novo ajuste”, declara. 

Para ela, quanto mais caros os produtos ficam, menos clientes compram. No caso da empresa pela qual trabalha, o item mais barato custa R$ 20, enquanto que o mais caro custa, em média, R$ 180. “Por enquanto, ainda não perdi clientes, mas temo que isto aconteça”, fala. Enquanto consumidora, Lúcia diz que precisa usar os produtos da empresa, pois é uma maneira de mostrar aos clientes. Mas, diminuirá o consumo. 

“Eu preciso comprar da marca com que trabalho. Se meu lucro diminui, também preciso diminuir o consumo. Disso dá para perceber como é a realidade para as clientes, se até a revendedora tem que diminuir, imagine elas”, ressalta a consultora.

Por: Ana Paula Diniz- Jornal O Dia
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