A retomada das compras de carne bovina in natura brasileira pelos Estados Unidos, suspensas desde 22 de julho, ainda depende da conclusão de análises técnicas e pode ocorrer em 30 a 60 dias, disse nesta segunda-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
“É preciso aguardar as análises das informações que eles estão recebendo”, disse Maggi, após encontro com o secretário do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), Sonny Perdue, para tratar do assunto.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) afirmou após o encontro que a negociação com o Brasil permanece, mas ressaltou que não há cronograma para a retomada das importações.
Os EUA não são grandes importadores de carne bovina in natura brasileira, após abrirem seu mercado apenas no ano passado. Mas o aval norte-americano, pelo seu elevado padrão técnico, dá a chancela para o Brasil conquistar outros importadores.
Segundo dados da associação de exportadores do Brasil (Abiec), os norte-americanos compraram apenas 3% da carne bovina in natura brasileira de janeiro a junho.
Uma equipe de técnicos do ministério brasileiro está nos EUA desde o último dia 13 em contato com a área de Defesa Sanitária daquele país para tratar do atendimento às exigências feitas pelo governo dos EUA para restabelecer as importações de carne bovina, interrompidas por causa de preocupações sanitárias.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Em março, depois da Operação Carne Fraca, os norte-americanos passaram a inspecionar 100% das carnes importadas do Brasil. No mês passado, o governo dos EUA informou ao ministério que foram encontrados abscessos (caroços) em algumas carnes brasileiras.
“Tenho certeza que as mudanças que fizemos são tecnicamente aceitáveis e modificam muito o patamar anterior. Então, fico animado, porque sei que serão reconhecidas pelos técnicos americanos”, disse o ministro, segundo nota oficial.
Uma das medidas adotadas foi deixar de embarcar as peças dianteiras inteiras, como vinha sendo feito. Agora elas serão fracionadas, com o objetivo de identificar mais facilmente os abscessos. Naquela parte do boi são aplicadas as vacinas contra a febre aftosa, onde foram detectadas reações à aplicação, comentou o ministério.
O ministro admitiu ainda que nenhum país livre de aftosa com vacinação pode exportar peças com osso, e que tal problema não deve se repetir –no caso de existência do vírus da aftosa, o osso é um vetor de transmissão.
“Como o Brasil mudou e está fazendo cortes menores, é possível observar isso com toda a tranquilidade e garantir que achados que trouxeram impedimento à entrada da carne brasileira não aconteçam mais”, declarou.
Segundo Maggi, “ficou o compromisso de que o (retorno das compras) será o mais rápido possível, assim que coisas estiverem esclarecidas”.
“Não há qualquer objeção política por parte do secretário do governo americano”, completou o ministro.
Fonte: Veja Online