Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Guerra comercial EUA-China pode atingir Brasil, dizem especialistas

Nas últimas semanas, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma série de sobretaxas a produtos chineses com o argumento de que a balança comercial entre os dois países é prejudicial aos EUA.

25/07/2018 16:25

A guerra comercial entre os Estados Unidos e China pode atingir o Brasil e prejudicar as próprias empresas norte-americanas, segundo avaliação dos especialistas que participaram hoje (25) de um fórum sobre o tema promovido pela Câmara Americana de Comércio.


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Foto: Divulgação)


“Nenhum país tem tantas empresas transnacionais quanto os Estados Unidos, então, isso vai machucar, no médio prazo, as estruturas de custos das empresas norte-americanas. Vai fazer com que os executivos americanos precisem de mais tempo para repensar espacialmente a sua organização, e isso, no limite, vai acabar machucando o balanço patrimonial e a performance das bolsas norte-americanas”, destacou o pesquisador especialista em Brics, da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo.

Nas últimas semanas, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma série de sobretaxas a produtos chineses com o argumento de que a balança comercial entre os dois países é prejudicial aos Estados Unidos. Como retaliação, a China também aumentou os tributos para entrada de diversas mercadorias dos EUA.

Para Toyjo, em países como os Estados Unidos, com muitas empresas com filiais no exterior, a análise simples da balança comercial pode ser enganosa para tomar decisões como a que motivou a disputa comercial. “Porque os déficits comerciais podem ser mais do que compensados pela remessa de dividendos e pelo fluxo de investimento estrangeiro direto”, ponderou.

No entanto, o professor destacou que há uma tendência global de se incentivar determinados setores das economias nacionais com subsídios ou tarifas protecionistas. “É como se o mundo inteiro estivesse, hoje, crescentemente aplicando medidas de substituição de importações”, disse.

Por outro lado, disse o especialista, os danos que a disputa pode causar às próprias empresas norte-americanas e dependência mútua entre as grandes economias são indicativos que a atual guerra comercial pode ser um fenômeno passageiro. “Os Estados Unidos são principal destino do investimento direto chinês. O principal polo irradiador de investimentos diretos para a China são os Estados Unidos”, exemplificou.

Posição do Brasil

A professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Cristina Pecequilo destacou que apesar dos possíveis benefícios a curto prazo, o Brasil corre risco de ser atingido pela disputa entre as potências econômicas. “Uma polarização bilateral Estados Unidos-China, em qualquer área, gera fechamento de espaços no comércio internacional e na estrutura do sistema internacional de uma forma geral”, disse.

“Eu lembro a vocês inúmeros contenciosos entre Brasil e Estados Unidos, entre Brasil e União Europeia. Já foi lembrado as dificuldades de negociar um acordo entre Mercosul e União Europeia. Essas inúmeras variáveis mostram para gente que as avaliações otimistas de curto prazo não se sustentam”, acrescentou.

Seria estratégico para o Brasil, na avaliação da especialista, buscar se posicionar de forma a diminuir a dependência comercial em relação às grandes economias. “Não colocar todos os nossos ovos em uma única cesta”, resumiu.

Fonte: Folhapress
Edição: Fernando Fraga
Por: Daniel Mello
Mais sobre: