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Economia preocupa porque 2º trimestre não começa bem

Membros da equipe do Itaú reforçam que os dados ainda são bastante preliminares, mas projetam, por enquanto, um ligeiro avanço de 01,% na atividade do período.

28/05/2019 14:30

O Itaú Unibanco revisou recentemente sua expectativa de crescimento brasileiro em 2019, para 1%, projetando que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que será divulgado nesta quinta-feira (30), recue 0,2%. Mas a equipe econômica do banco já se preocupa também com o período subsequente.

"A preocupação nossa com 2019 não é só o primeiro trimestre ruim, é que o segundo trimestre não começa com uma cara muito boa", disse Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, a jornalista nesta terça-feira (28).

Membros da equipe do Itaú reforçam que os dados ainda são bastante preliminares, mas projetam, por enquanto, um ligeiro avanço de 01,% na atividade do período. 

O economista Luka Barbosa cita como exemplos negativos dados sobre a produção de açúcar na primeira quinzena de maio apontando para baixo e também o nível de confiança empresarial. As expectativas desse grupo para o futuro recuaram em abril, segundo indicador da FGV . 

"A visão do segundo trimestre ainda é preliminar, mas, aos poucos, os dados que já conseguimos ver estão indicando fraqueza", diz Barbosa.

Considerando a projeção do banco de queda para o PIB no primeiro trimestre , se o Brasil apresentar um crescimento trimestral anualizado já a partir do segundo período de 2% -ou seja, 0,5% por cada três meses seguintes-, o Itaú estima que o avanço do PIB neste ano seria de 0,9%, abaixo dos 1,1% de 2018.

"Está com cara que ficará abaixo desses 2%", afirmou Barbosa.

Caso o crescimento trimestral anualizado subisse para 3%, o PIB fecharia o ano com alta de 1,3%. "A economia teria que acelerar muito e muito rápido para chegar no 1,3%. Tirando a divulgação recente do Caged [que apontou criação de 129,6 mil vagas formais em abril], a maioria dos dados está sendo fraco", diz Mesquita.

Com a atividade fraca e uma inflação controlada ao longo do ano, o banco vê espaço para um corte na Selic (taxa básica de juros) já em 2019, dos atuais 6,5% ao ano para uma nova mínima histórica de 5,75%. 

Isso depende, no entanto, do encaminhamento da reforma da Previdência. O banco projeta que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) será aprovada no segundo semestre do ano com 50% a 75% do que foi proposto pelo governo -um economia em dez anos algo entre R$ 670 bilhões e R$ 900 bilhões, ante R$ 1,2 trilhão do projeto original.

"Dado o comportamento da inflação e a perspectiva, o Banco Central terá condições de reduzir a Selic de novo a partir de setembro. Não é isso que tem sido comunicado pelo BC, que vai mais no sinal de manutenção de taxa. Mas até setembro tem chão", diz Mesquita.

Mexer na Selic deve acontecer de forma gradual, aponta a equipe, porque seu patamar baixo tem deixado o câmbio mais sensível às movimentações dos juros.

Questionado sobre o pacto entre presidentes do Executivo, Legislativo e Judiciário, Mesquita afirmou que a medida terá impacto se for acompanhada por avanço na tramitação da reforma da Previdência. "Se for só um pacto...", disse.

Mais cedo, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) afirmou que os representantes dos três poderes assinariam uma espécie de pacto com metas e intenções  em resposta às reivindicações feiras durante as manifestações do final de semana.

Para Mesquita, além do pacto, o STF (Supremo Tribunal Federal) tem outras decisões importantes para a economia brasileira pela frente, relacionadas, por exemplo, a esclarecimentos de trâmites para privatizações e sobre a lei de responsabilidade fiscal. "Isso [o pacto] tem até potencial, claro que o entendimento, respeitando a separação dos poderes, é positivo. Mas o importante é que as coisas comecem a andar", afirmou.

O clima para aprovar mudanças na aposentadoria não dependeria apenas do apoio da população -que, segundo o Itaú, tem sido mais explícito-, mas também "da capacidade de articulação do governo, e aí tem uma curva de aprendizado", disse Mesquita.

Sobre o desempenho do governo neste início de ano, o economista-chefe disse não atribuir "por hora, nem o ônus, nem o bônus". "Tivemos algo positivo que foi a queda de alguns indicadores de violências e homicídio e, por outro lado, o desapontamento com o PIB. Ambos têm mais a ver com decisões tomadas antes do governo atual. Os efeitos das decisões deste governo serão vistos mais para o final deste ano ou início do próximo", afirmou.

Fonte: Folhapress
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