Não precisa de muita estrutura: uma calçada, equipamentos, planejamento e força de vontade. Essas são características comuns em negócios que se tornam cada vez mais comuns em Teresina: pequenos empreendimentos criados a partir da estrutura das próprias residências. As iniciativas, muitas vezes, dão possibilidade de renda às pessoas que estão fora do mercado de trabalho.
Com venda de espetinhos, a família do empreendedor Alexandre de Moraes viu a ideia despretensiosa da venda de porções de comida se tornar a principal fonte de renda. "Eu fiquei desempregado e resolvi apostar na venda de espetinho. Vem dando muito certo e a gente vai, devagarinho, pensando como pode expandir o negócio", explica Alexandre.
Com trabalho na porta de casa, churrasqueira cria renda para sustento de uma família inteira (Foto: Elias Fontenele)
Poucas mesas espalhadas na calçada de casa e um carrinho para assar os espetos fazem parte da estrutura do negócio da família Moraes. A via movimentada, no Centro/Norte da cidade, ajuda com que a clientela seja constante e se amplie.
Para Alexandre, tudo é uma questão de unir necessidade e oportunidade. "Estava precisando de uma ocupação e a gente viu que as pessoas começaram a circular muito mais por aqui apos a criação do shopping. Com isso, a gente consegue atrair muito cliente que sai do trabalho e passa por aqui", comenta.
O trabalho na porta de casa começa ainda no fim da tarde, quando todo o equipamento do trabalho é posicionado a espera dos novos clientes. Em media, o pequeno empreendimento chega a vendar cerca de 100 espetinhos diariamente. Para a cunhada Crisângela das Graças, que cuida do preparo das comidas e atendimento da clientela, o negocio se formou como uma boa possibilidade de renda. "Não podemos ficar parados e a ideia tem dado certo e ajudado a complementar a nossa renda familiar ", finaliza.
De cosméticos a alimentação, empreendedora aposta em diversidade para superar desemprego
Dalva Oliveira, 54 anos, trabalhou por muitos anos como
supervisora de uma clínica
hospitalar, mas a necessidade
de contenção de gastos do antigo emprego não poupou sua
vaga. Desempregada, a senhora buscou saída em atividades
que sempre teve afinidade:
lidar com o público. Ela apostou na venda de cosmético e
cachorro-quente para estabelecer a própria renda.
“A crise afetou todo mundo,
não teve jeito. E, hoje, para a
gente poder ganhar o pão de
cada dia tem que lutar, eu busquei atividades que eu poderia
me dar bem, por isso, resolvi
apostar nas vendas”, explica.
Dalva chega a vender 50 cachorros-quentes diariamente. (Foto: Elias Fontenele/ O Dia)
Com os cosméticos, a empreendedora atua como revendedora de uma marca nacional. E, na venda de comidas,
usou da afinidade com a cozinha e o “bom tempero”, como
relata, como trunfo na hora de
escolher o pequeno empreendimento.
Com estrutura montada na
porta de casa, em uma movimentada Avenida na zona
Norte de Teresina, Dalva
chega a vender 50 cachorros-quentes diariamente.
“Começo aqui no final da
tarde e fico até a noite, sempre
tem um movimento bom e é
daqui que eu tiro minha renda
principal”, afirma.
Ela faz as vezes de cozinheira, atendente e administradora, sempre com o sorriso
no rosto que, segundo ela,
também é trunfo no negócio.
“Atender bem para atender
sempre”, finaliza.
Organização de finanças e planejamento
é essencial durante período de crise
Dentre os 14,2 milhões de
desempregados no Brasil, 2,9
milhões buscam trabalho há
mais de dois anos e 5,4 milhões
há mais de um ano, segundo a
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE com dados do
primeiro trimestre de 2017.
Como organizar as finanças
frente a essa grave situação?
“O momento é crítico, é
preciso cortar gastos e readequar o padrão de vida para
esta nova realidade. É importante buscar fontes de renda,
mesmo que não sejam em sua
área de atuação, para garantir o consumo de produtos
e serviços básicos. É preciso
cuidar da saúde mental e não
desistir, pois são nos momentos de crise que crescemos e
aprendemos a nos reinventar”,
orienta o presidente da DSOP
Educação Financeira, Reinaldo Domingos.
O especialista dá dicas de
como sobressair das dificuldades em tempos de economia
enfraquecida. “É preciso explorar os conhecimentos que
tem para ganhar uma renda
extra. Quem tem habilidade
para cozinhar, tirar fotografas
ou fazer trabalhos manuais
pode oferecer seus produtos
ou serviços. É válido procurar trabalhos temporários em
shoppings e comércios em
geral, além da possibilidade
de ser motorista de aplicativos de transporte. Um serviço
que está em alta é o de levar
cachorros da vizinhança para
passear em dias e horários
combinados”, destaca.
Com os bicos, além da renda
extra, há também uma retomada de conhecimentos e aperfeiçoamento profissional.
Ainda nesse contexto, persistir na recolocação profissional
também é essencial. Para isso,
fazer uso da rede de contatos e
manifestar que está buscando
oportunidades no mercado é
uma atitude providencial.
“Faça um bom currículo
e acompanhe o período de
contratação das empresas.
Atualize-se de notícias sobre o
seu setor para estar preparado
para entrevistas de emprego.
Lembre-se, as oportunidades
geralmente aparecem para
quem está atrás delas. Esqueça
o desânimo, levante a cabeça e
olhe para o futuro”, explica Reinaldo.
Mas é preciso estar atento.
"Infelizmente, por mais que seu
momento seja de desespero,
existem pessoas mal-intencionadas prontas para se aproveitarem dos seus temores. Não
permita abusos; muitos tentarão tirar proveito de sua fraqueza para tentar obter vantagens.
Evite promessas e garantias
descabidas. É melhor estar com
o nome sujo do que ser explorado pelas pessoas”, finaliza.
Por: Glenda Uchôa