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Coca-Cola é criticada por foto sobre 'diversidade' com homens brancos

Após reclamações em redes sociais, gerente de talentos e desenvolvimento da Coca-Cola diz que grupo é formado por mais integrantes, que não estavam na foto, e cita 'questão de agenda'.

15/07/2017 11:42

A Coca-Cola foi alvo de críticas na internet nesta sexta-feira (14) após divulgar uma foto de integrantes do “Comitê da Diversidade” da empresa. O grupo forma o núcleo do comitê dedicado à diversidade sexual da empresa, responsável pela criação de uma campanha interna contra a homofobia em junho. No entanto, o que chamou a atenção nas redes sociais foi que a imagem retrata apenas homens brancos.

Coca-Cola publicou foto em nota com o título: "Conheça o comitê da diversidade que criou as latinhas LGBT que viralizaram na internet" (Foto: Lucas Landau/Divulgação)

As críticas acontecem dias depois de a empresa promover uma ação interna distribuindo aos funcionários da sede da empresa no Rio de Janeiro latas de Coca-Cola com Fanta Laranja dentro. A estampa dizia "É Fanta e daí". A ideia, segundo a empresa, era fazer a apropriação de um trocadilho homofóbico largamente difundido.

O G1 conversou com Vanessa Stocco, gerente de talentos e desenvolvimento da Coca-Cola Brasil, sobre as críticas recebidas pela empresa nesta sexta. Ela explicou que a foto é do comitê de diversidade LGBT da empresa, um dos que formam o grupo de diversidade. Veja abaixo:

Como a empresa vê as reclamações?

Foi uma infelicidade a foto e o título da matéria (Conheça parte do Comitê LGBT+ que está trabalhando a diversidade sexual na Coca-Cola Brasil). A foto daquela matéria a gente fez com foco nessa inciativa LGBT, que inclusive foi uma enorme surpresa positiva a campanha de dias atrás. Era apenas para o público interno, estamos começando a discutir isso.

Por que a Coca-Cola divulgou aquela foto? Por que só tem homens brancos?

A iniciativa (da lata) viralizou de uma forma maravilhosa, a gente não imaginava essa dimensão. Hoje, para a gente se posicionar, publicamos a nota. Aquela foto específica é um recorte do comitê, que é o grupo que hoje está focado em LGBT.

Como os homens que apareceram na foto receberam as críticas?

É engraçado porque tem alguns que na timeline deles só receberam elogios, pessoas dizendo “que iniciativa bacana”. E tem outros que estão recebendo uma ou outra crítica de que a foto não mostra diversidade. (...) O grupo que está trabalhando aqui, do comitê, ficou tão feliz no início da semana, com aquele buzz todo da “Coca é Fanta”, e aí hoje vem o balde de água fria. A ideia era colocar todo mundo do comitê, mas por questão de agenda a gente não conseguiu e ficou enviesado. Mas a gente entende que as pessoas têm pouca paciência para ler a matéria, vê o título, vê a foto e já julga. Mas, de qualquer forma, toda discussão é bem-vinda, para o bem e para o mal. Traz uma reflexão para a gente, como grupo, para nosso time de comunicação. É importante, a gente quer mesmo estar nas discussões. A gente reconhece que teve alguns avanços, mas existe uma vontade enorme de fazer mais.

Quando a empresa criou o grupo para discutir diversidade?

A gente começou em 2012 com o tema de gênero, com discussões sobre empoderamento feminino. Em 2014, a gente expandiu esse comitê, entendendo que a gente está falando de diversidade como um todo, e não só de gênero. De formar líderes que vão ter formas de pensar diferentes entre si. As empresas hoje estão se palpando em estudos que (apontam que) as mais diversas são as que trazem mais inovação.

Além do “comitê LGBT”, quais são os outros que foram criados depois?

A gente tem um grupo que desenvolve o tema de raça, outro sobre os deficientes físicos, outro sobre gerações diferentes e, por fim, LGBT. Ele foi criado no final do ano passado, e a gente começou a desenvolver agora.

Qual o critério para fazer parte desses grupos? Tem gays nesse comitê sobre as questões LGBT?

São pessoas da organização, de diferentes áreas, não são grupos só do RH. Quando a gente começou a divulgar e resolveu ampliar o comitê, a gente fez um convite para quem tivesse interesse. O critério é o valor individual de cada um. Mas, como são temas pessoais, a gente acaba construindo por exemplo um grupo de deficientes que tem deficientes, no grupo de negros tem alguns negros pensando em iniciativas, o grupo LGBT é formado por pessoas LGBT. No grupo de mulheres tem mulheres, mas tem também o cuidado de trazer homens para essa iniciativa. No de gerações tem duas gerações: millennials e baby boomers.

Para que servem esses grupos?

Para cada um desses temas, a gente vai desenhando estratégias. No ano passado, por exemplo, a gente criou um programa de jovem aprendiz, e a gente focou em 15 jovens negros. Outro exemplo: para o nosso programa de treinee do ano passado, a gente abriu mão de exigir o inglês fluente porque, no nosso país, vamos ter pessoas supercompetentes que tiveram educação diferente. As organizações vinham se palpando em critérios que talvez não se apliquem nos dias de hoje. Então, vamos trazer aqueles que têm o perfil e os valores que a gente quer como organização e, aqui dentro, criamos benefícios para aprender idiomas. A gente vai tirando algumas barreiras sociais que as organizações acabaram criando.

E no caso das mulheres?

No caso de gênero, a gente criou uma política de que todas as posições abertas têm que ter 50% de candidatos entrevistados homens e 50% mulheres. E os entrevistadores também.

Tem algum ponto a acrescentar?

Eu acho que tem um tema muito importante: a jornada. As empresas começaram ontem. Se a gente pensar que em 2012 começou a discutir o papel da mulher nas organizações, eu fico até ofendida. E outros temas são ainda mais difíceis. O importante é que a gente tem consciência de que precisa evoluir. E essa evolução tem que durar. Não é para 2017, é para sempre.

Fonte: G1
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