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Parada LGBTI+ de SP tem tom político e pedidos de 'intervenção do amor'

A festa coloriu a Avenida Paulista, 18 trios desceram pela avenida em direção a rua da Consolação rumo ao centro da cidade.

04/06/2018 08:30

Vestidos com roupas camufladas, militantes aproveitaram a 22ª Parada do Orgulho LGBT, que levou uma multidão neste domingo (3) às ruas de São Paulo, para ironizar os pedidos de intervenção militar disseminados durante a paralisação dos caminhoneiros nas últimas semanas. "É hora de intervenção do amor, ainda mais neste momento conturbado", disse o professor Lukas Dubas, 28.

Desde as 10h, a avenida Paulista, na região central da cidade, recebia o público com a descontração que já é marca do evento: drag queens, muito arco-íris e fortões de pouca roupa. O visível clima de festa não escondeu o tom político do evento: "Poder para LGBTI+ Nosso Voto, Nossa Voz", é o tema da Parada, considerada a maior do mundo.

Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas

A arquiteta Mônica Tereza Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio, participou do evento. De cima do trio, Mônica lembrou da atuação de Marielle como mulher negra, lésbica e favelada. "É importante saber em quem a gente vota. Vir para a rua fazer festa e fazer revolução", disse. "O Brasil é um dos países que mais mata a sua população LGBT. Isso aqui é resistência política."

O prefeito Bruno Covas (PSDB) foi vaiado ao subir no caminhão. "Queria desejar um excelente evento. O meu compromisso é que no meu governo não vamos admitir preconceito na cidade de São Paulo", disse o político, por volta das 13h. A vaia durou toda a fala do tucano, que não respondeu.

Antes do discurso, Covas disse que a prefeitura manteve a mesma estrutura para a Parada apesar da expectativa de redução de público por causa de possíveis reflexos da paralisação dos caminhoneiros nas semanas anteriores. Foram mantidos 900 banheiros químicos e 39 bloqueios no entorno da avenida para evitar, segundo o prefeito, a venda de produtos ilegais.

A candidata à presidência pelo PC do B, Manuela D'Avila, também subiu ao trio. "Nenhuma morte a mais", pediu.

Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas

Outros políticos também foram recebidos, como os vereadores Toninho Vespoli (PSOL) e Gilberto Natalini (PV), além dos deputados Paulo Teixeira (PT) –que falou de identidade de gênero e contra o projeto Escola sem Partido–, Leci Brandão, Gustavo Peta e Orlando Silva (PC do B) e Ivan Valente (PSOL). Eles falaram ao público entre palmas e vaias.

"Nosso país está atravessando um momento muito difícil, precisamos resgatar muita coisa", disse a cabeleireira Tânia Vasconcelos, 54, vestida para a data com maiô, plumas e um chifre de veado. "E a preservação da fauna, em todos os sentidos", brincou. "Vamos dar um soco no Congresso Nacional neste ano", disse a drag queen Tchaka, quando assumiu os microfones no início da festa.

O grito político também foi levado em forma de cartazes com frases como "Nossa voz não será calada" e "Menos Bolsonaro, Mais Beyoncé".

Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas

Ao todo, 18 trios desceram pela avenida Paulista e pela rua da Consolação em direção ao centro da cidade. Por volta das 19h o ultimo trio da Parada chegou ao fim da Consolação. Praticamente toda a via foi tomada de pessoas que acompanharam a festa.

O clima em geral foi de tranquilidade, sem cenas de violência, o que não impediu relatos de casos de furto de celular, um deles presenciado pela reportagem.

A organização estimou que 3 milhões de pessoas estiveram na Parada. Em 2012, quando a estimativa deles foi de 4 milhões de presentes, pesquisa Datafolha aferiu a presença de cerca de 270 mil.

Segundo o instituto, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, isso em um cálculo superestimado: com lotação de sete pessoas por metro quadrado, aperto semelhante ao enfrentando no metrô no horário de pico.

Fonte: Folhapress
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