Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

'Foi uma crueldade', diz irmã de mulher morta linchada no Guarujá

Ela foi agredida após ser acusada de praticar magia negra com crianças.

05/05/2014 17:00

Após serem notificados sobre a morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, espancada após ser confundida com uma sequestradora de crianças, familiares se reuniram na porta do hospital em Guarujá, no litoral de São Paulo, para buscar outras informações. Revoltados com a situação, parte da família e amigos mais próximos falaram que vão até as últimas consequências para conseguirem punição aos culpados pela morte. Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que a dona de casa sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.

Mulher morreu apos ser espancada em Guarujá, SP (Foto: Arquivo Pessoal)Mulher morreu apos ser espancada em Guarujá (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com familiares de Fabiane, após as agressões, ela sofreu traumatismo craniano e foi internada em estado crítico no Hospital Santo Amaro, também em Guarujá. Minutos após a agressão, a Polícia Militar chegou a isolar o corpo de Fabiane acreditando que ela estava morta após o espancamento. Na manhã desta segunda-feira, porém, a família recebeu a informação de que Fabiane não resistiu aos ferimentos e morreu.

"Foi uma crueldade. Isso não se faz com uma pessoa. �‰ muita maldade o que fizeram com a minha irmã", lamenta Lediane de Jesus Ribeiro, irmã de Fabiane. Também na porta do hospital, um dos primos dela confirmou a versão de que Fabiane foi agredida depois de boatos na internet. "Tudo começou com um boato. Divulgaram fotos no Facebook, onde várias pessoas tem acesso diariamente. Disseram que essa pessoa da foto parecia com a minha prima, mas não tinha nada a ver com ela. Mesmo que fosse, pela brutalidade que foi feito, não justifica. Mataram ela, deram pauladas, jogaram bicicleta, amarraram, arrastaram. Essas pessoas não podem viver na sociedade. Elas tem que viver excluidas da sociedade, presas, dentro de uma cela", reclama o Eduardo Ribeiro, primo de Fabiane.

O espancamento aconteceu no bairro Morrinhos no início da noite deste sábado (3). A mulher foi amarrada e agredida e, segundo testemunhas que acompanharam a agressão, os moradores afirmavam que a mulher havia sequestrado uma criança para realizar trabalhos de magia negra. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Guarujá, onde será investigado. Até o momento, ninguém foi preso. A polícia está analisando as imagens da agressão e busca identificar os envolvidos no caso.

Advogado Airton Sinto disse que buscar a justiça (Foto: Reprodução/TV Tribuna)Advogado Airton Sinto disse que buscar a justiça (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

Advogado acusa página de rede social

O advogado da vítima, Airton Sinto, diz que algumas pessoas teriam visto, na página Guarujá Alerta, hospedada no Facebook, o retrato falado de uma mulher que estaria sequestrando crianças em Guarujá e pensaram que se tratava de Fabiane. Segundo ele, Fabiane não teve tempo de se defender das acusações e agressões.O advogado comenta que o autor da página na internet ainda não foi identificado, mas entende que o site foi responsável pelo crime. "A gente não vai descansar enquanto não houver Justiça em relação aos agressores. A gente precisa levantar o debate em relação a irresponsabilidade das pessoas que divulgam o que quiserem nos sites de relacionamento. Eles arrasaram uma família. Eu tenho certeza que quem administra essa página não tinha intenção de matar uma mulher mas é responsável na medida de sua culpabilidade. Eu falo dessa fan page porque tem 50 mil seguidores. Quando ele coloca uma letra, uma vírgula, isso vai para 200, 300 mil pessoas. Em nome da Fabiane, a gente tem que levantar esse debate", afirma.

G1 entrou em contato com o Guarujá Alerta, página responsável pela divulgação do material. Segundo os administradores da página, o Guarujá Alerta sempre alertou os seguidores de que a situação era apenas um boato. A página assume que publicou um retrato falado semelhante ao da vítima, foto que foi removida algumas horas depois. Os administradores afirmam que a página vem sendo alvo de perseguição política, já que faz graves denúncias sobre a cidade. O Guarujá Alerta afirma ainda que está aberto para qualquer esclarecimento judicial e se compromete a pedir uma perícia técnica para comprovar que nada foi apagado da página do Facebook.

Fonte: G1
Mais sobre: