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Filha de Temer afirma que pai indicou amigo investigado para ajudar em obra

A reforma da casa, em São Paulo, é investigada pela PF, que suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias.

19/05/2018 08:28

A psicóloga Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer, afirmou à Polícia Federal que seu pai indicou o coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho para ajudá-la na reforma de sua casa, em 2014.

Maristela afirmou ainda que "não possui e não guardou nenhum comprovante dos pagamentos e contratos eventualmente realizados" na reforma.

A primeira reunião dela com o coronel e sua mulher, Maria Rita Fratezi, ocorreu na Argeplan, empresa de Lima, disse Maristela. Ela, no entanto, afirmou que fez a reforma por conta própria e que Maria Rita apenas a ajudou, sem receber por isso.

A reportagem teve acesso à íntegra do depoimento prestado no dia 3 de maio.

Sobre os pagamentos a fornecedores da obra feitos por Maria Rita, a filha de Temer disse que a ressarcia das despesas, mas "que não sabe precisar a forma do ressarcimento, uma vez que em algumas ocasiões repassava para Maria Rita Fratezi também em espécie, fruto de sua remuneração recebida de pacientes em seu consultório, e outras vezes também em cheques".

Foto: Cesar Itiberê/PR

A reforma da casa, em São Paulo, é investigada pela PF, que suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias em nomes de terceiros, na tentativa de ocultar bens. Lima é apontado por delatores como um intermediário de Temer para o recebimento de propina.

O presidente nega as suspeitas. Em abril, afirmou ser vítima de perseguição criminosa disfarçada de investigação.

O caso da reforma integra o inquérito da PF sobre possível ilegalidade no decreto dos portos, assinado em maio de 2017 por Temer. A investigação foi prorrogada recentemente, por 60 dias, pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Um fornecedor da obra da filha do presidente afirmou à Folha de S.Paulo em abril que recebeu pagamentos das mãos de Fratezi, em dinheiro vivo.

"Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja", disse Piero Cosulish, da Ibiza Acabamentos.

Em depoimento à PF no último dia 3, mesma data da oitiva da filha de Temer, Cosulish reafirmou sua versão e disse que o valor total do material vendido ficou em torno de R$ 100 mil, dividido em quatro parcelas de R$ 20 mil.

Segundo ele, a mulher de Lima entregou cheques "caução", trocados depois por ele por dinheiro em espécie.

De acordo com termo do depoimento prestado por Maristela, "seu pai, senhor Michel Temer, sugeriu à depoente para que procurasse João Baptista Lima Filho, tendo em vista que João Baptista era amigo de seu pai e também proprietário de empresa de arquitetura e engenharia, no caso, a Argeplan".

Segundo ela, a sugestão de Temer foi natural "tendo em vista este ser pessoa que atuava na área de construção e, com certeza, poderia passar uma orientação adequada para sobre tal proposta de reforma".

Maristela disse que o coronel e sua mulher sugeriram a ela que realizasse cotações para a reforma da casa.

De acordo com ela, diante dos valores orçados, tomou a decisão de fazer a reforma por conta própria e, então, "aceitou ajuda" de Maria Rita "tendo em vista que tinha com tal pessoa uma relação afetiva, quase família", mas que nunca a contratou como prestadora de serviço.

A filha do presidente afirmou ainda "que não se recorda nominalmente dos prestadores de serviços que atuaram na reforma de sua residência, mas pode dizer que foram contratados conforme surgiam as necessidades no decorrer das obras".

No depoimento, Maristela "reitera a afirmação de que seu pai, o senhor Michel Temer, não custeou qualquer despesa relacionada a obra na residência da declarante, tampouco repassou recurso ou mesmo orientação para que João Baptista Lima Filho, por meio de suas empresas ou com o auxílio de sua esposa, Maria Rita Fratezi, para que arcassem com qualquer custo direto ou indireto na obra da residência da declarante".

A filha do presidente disse acreditar que gastou "algo em torno" de R$ 700 mil na obra, provenientes da venda de um imóvel, de empréstimos bancários e junto à sua mãe, além de uma reserva pessoal em dólares.

Ela ainda afirmou "que também utilizou na obra parte da remuneração recebida de sua atividade profissional e, inclusive, naquela ocasião, a depoente recebeu vários pagamentos em espécie de seus pacientes, na sua atividade profissional; que também não se recorda o valor total destes recursos que repassou em espécie".

Fonte: Folhapress
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