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Educação de meninos passa a valorizar a igualdade de gêneros

Machismo nunca mais: este é o conceito que alguns pais estão utilizando na educação de seus filhos.

16/07/2017 09:15

Samir é um garoto esperto de pouco mais de um ano de idade. Para ele, o mundo se abre em descobertas todos os dias, através do que vê e das lições que vem das pessoas mais próximas ao seu convívio. Dos valores que aprende em família, muitos deles começam a se solidificar com maior intensidade: é preciso ter respeito (por si mesmo, para com os outros, para com o planeta); lealdade; senso de comunidade; responsabilidade. Isso porque Samir faz parte de uma geração que aprende, desde cedo, que o mundo pode ser um lugar melhor do que é hoje.

Neste sábado, quando se comemorou o Dia do Homem, o jornal O DIA debateu como a nova geração de homens está sendo educada em uma sociedade que ainda sofre, cotidianamente, com a discrepância de direitos entre os gêneros. Os homens do futuro aprendem com maior frequência valores de equidade.

“Educo meu filho para que ele seja alguém com capacidade para se colocar no lugar do outro, respeitar as diferenças, cuidar do lugar onde vive”, explica Katbe Figueirede, mãe de Samir. Para ela, não existe receita para educar uma criança, mas que é essencial cultivar e prestigiar valores importantes para fazer do mundo um lugar melhor. “O mundo só mudará se começarmos a criar pessoas que façam a diferença em seu entorno e de pouquinho em pouquinho o mundo se torna melhor”, afirma.

Katbe com o filho Samir: educando para ele ser um um homem coerente (Foto: Milena Pessoa)

O que quer para o filho, Katbe busca ensinar das mais variadas formas. A responsabilidade será transmitida através de exemplos vivenciados em casa, como na divisão de tarefas domésticas, que segue sendo um dos fatores de desigualdade no mundo atual, já que ainda são as mulheres, na maioria dos casos, incumbidas do cuidado do lar. Mas Samir aprenderá de outra forma. “Pretendemos ensiná-lo que as tarefas da casa são responsabilidade de todos que moram nela. Isso não vai ser difícil para ele, porque o pai divide comigo as tarefas domésticas quando a funcionária está de folga. O exemplo é o melhor professor. Então para nós não existe isso de: "coisa de mulher e coisa de homem" dentro de casa”, considera Katbe, que é mãe de primeira viagem mas tem claro o que busca passar nesta missão que é a maternidade.

Ao superar esse fronteira que segrega ‘o que é de homem’ e ‘o que é de mulher’, a nova geração de meninos aprende, tanto quanto a de meninas, que brincadeiras, cor de itens ou roupas, são apenas aspectos que não influenciam o seu modo de ser. Os valores mais importantes são outros.

“Samir brinca com a boneca da prima quando sente vontade (põe pra dormir, dá comidinha) e isso não é um problema ou uma preocupação para nós. Há quem critique e diga que ele "vai virar gay". A condição sexual que ele terá no futuro com certeza não vai ser fruto do fato dele brincar ou não de boneca, mas, talvez, o tipo de pai que ele poderá vir a ser sim! Acho importante que ele brinque do que tem vontade, porque não existe brincadeira de homem e brincadeira de mulher. Eu mesma quando criança brincava de "Comandos em Ação", de bola de gude, brincadeiras ditas masculinas, nem por isso me tornei homossexual. Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra”, afirma.

Padrões de cores

Em casa, através de diálogos e exemplos, a educação de Samir tem valores de equidade, o mesmo ainda não é visto com tamanha frequência em sociedade. Katbe lembra de um episódio pontual que exemplifica que o padrão das cores, por exemplo, ainda é pautado de acordo com gênero. “Ainda me admiro quando vou comprar roupas para ele e alguém diz: "mas é de menina", só porque tem algo cor de rosa”, ressalta. 

Pedro, de 6 anos, é educado desde pequeno para entender que homens e mulheres precisam ter direitos iguais na sociedade

A mãe do pequeno Samir conta que, ao comprar uma meia para o filho por conta de uma viagem e escolher uma peça azul marinho com desenho de coruja amarela e com três corações minúsculos cor de rosa, foi questionada. “A vendedora ficou confusa, disse que era de menina e tentou me empurrar uma meia marrom com detalhes verdes horrorosa, porque essa era de menino", acrescenta.

"No que depender de mim, meu filho vai usar rosa, verde, preto; vai brincar de carrinho, boneca, dinossauro, vassoura; ele vai ser um ser humano que, antes de qualquer coisa, precisa reconhecer seu lugar no mundo e tentar ser a melhor pessoa que ele puder ser”, finaliza.  

Apresentadora global presenteia filhos com boneca e repercute atitude

Há brinquedos de menina e de meninos? A separação dos itens que uma criança pode brincar e a outra não, é realmente justa? É partindo de questionamentos como esses, que a sociedade começa a dar respostas diferentes das tidas como acertadas ao longo do tempo. Em recente posicionamento, que, para muitos, foi alvo de crítica, a apresentadora global Mariana Ferrão debateu sobre o tema ao explicar o porquê presenteou os filhos com uma boneca. 

"A primeira boneca dos meus filhos! Chegamos em casa com a boneca e um joguinho de panelas. Primeiro abri o jogo de panelas e comecei a fingir que estava fazendo comida. João pegou a colher, colocou na boca e fez: 'Huuuuum'. O Miguel seguiu brincando na pista de hot wheels. Quando desembrulhei a boneca, disse ao João que ela estava com fome. 'De verdade, mamãe?', Miguel perguntou do outro lado da sala, ainda ressabiado. Prontamente respondendo à minha provocação, João colocou o garfo no olho da boneca - errando claramente a pontaria. 'A boneca vai comer pelo olho, João?'. O Miguel sorriu e se aproximou: 'João, não é no olho que coloca a comida'. Na segunda tentativa, o João acertou a boca e completou como se fosse a boneca: 'Huuuuum'. 'Agora ela está com sono', eu disse. João agarrou a bonequinha e a levou ao ombro, encostando a bochecha lisinha e macia na bochecha plástica da boneca. 'Ai, que fofo, mamãe', reagiu Miguel", contou a apresenta dora do "Bem Estar". No depoimento, Mariana ainda falou sobre como a presença da boneca uniu os irmãos Miguel, de 3 anos, e João, de 1 ano e meio. 


A íntegra desta reportagem especial está disponível na edição deste fim de semana do jornal O DIA.

Fonte: Jornal O DIA
Por: Glenda Uchôa
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