Por Bruno Andrade
Messi? Cristiano Ronaldo? Neymar? Que nada. Por enquanto, o lÃder da Chuteira de Ouro, prêmio para o maior artilheiro da temporada europeia, é Jonas. Com 18 gols no Campeonato Português, o atacante brasileiro divide o posto com Aubameyang, do Borussia Dortmund, e HiguaÃn, do Napoli. Uma marca que, mais do que ser motivo de comemoração, é sinônimo de trabalho redobrado.
"Tenho uma enorme cobrança individual, jamais sentaria em cima do comodismo. Nunca fui disso. O momento é muito gostoso, quero cada vez mais. Procuro ser o primeiro a chegar e o último a sair todos os dias. Aproveito ao máximo a estrutura do Benfica, que é sensacional. O resultado do esforço é o meu ótimo aproveitamento na temporada. Se estou surpreso? Não, não estou surpreso com a boa fase, até porque trabalho todos os dias para fazer o melhor. Mas confesso que são números difÃceis de alcançar", revelou Jonas, ao Blog Ora Bolas.
"Estar na frente Messi, Cristiando Ronaldo, Neymar, entre grandes nomes, é a maior prova que estou no caminho certo. Ainda assim, isso é algo que não me tira o sono. Encaro a Chuteira de Ouro com seriedade e acima de tudo naturalidade", completou.
A rotina dentro do futebol de Jonas, no entanto, não se limita apenas a treinar, jogar e balançar redes. O ex-atacante de Guarani, Santos, Grêmio e Valencia usa a matemática como grande aliada para brilhar.
"A matemática é chata, mas tenho um ótimo professor, o meu pai. Sempre gostei de fazer contas e isso tem me ajudado no futebol há anos. Analiso o número de jogos que tenho ou posso ter no Campeonato Português, na Taça, na Liga dos Campeões, entre outros, e então faço uma média de quantos gols posso fazer na temporada. Não adianta falar que vou fazer 30 gols, mas jogar apenas 20 partidas. Entendeu? Preciso colocar a matemática na frente das minhas metas antes de qualquer coisa (risos). Também vejo as médias dos últimos artilheiros, acompanho de perto as estatÃsticas dos meus concorrentes. É importante trabalhar com parâmetros. Já fiz 26 jogos e marquei 19 gols na atual temporada, certo? Olhando por cima, acredito que devo fechar a temporada com cerca de 55 jogos. 30 gols, por exemplo, é um número muito bom. Se passar disso, maravilha, melhor ainda. Quanto mais, melhor (risos)", explicou.
Trabalhar com metas e médias surgiu como melhor incentivo para Jonas dar a volta por cima e rebater as duras crÃticas que recebeu em 2009, quando defendia o Grêmio. Na época, o jornal espanhol Mundo Deportivo polemizou e chamou o jogador de "pior atacante do mundo" por causa de um gol perdido contra o Boyacá Chicó, da Colômbia, pela Copa Libertadores.
"A partir daquela crÃtica, que foi uma enorme infelicidade do jornal espanhol, passei a fazer o mesmo que o Ronaldo (Fenômeno), que sempre estipulava uma meta de gols por temporada. No ano seguinte, em 2010, coloquei uma meta de 30 gols e acabei fechando o ano com 42. Foi brilhante, respondi as crÃticas da maneira ideal: dentro de campo. Desde então tenho o hábito de estabelecer metas e calcular médias. Também procuro sempre ser artilheiro, ser campeão... Quero sempre mais de mim e do meu time", afirmou.
Maduro e acreditando viver o melhor momento na carreira aos 31 anos, Jonas, que recentemente descartou ofertas de Arábia Saudita, China e Turquia, se vê mais preparado do que nunca para "cobrar" uma nova oportunidade na Seleção Brasileira.
"Vivo meu melhor momento, sem dúvida. Mas espero que o exista um momento ainda melhor pela frente. Atingi meu auge na hora certa, numa idade boa. Vivi bons anos, fiz muitas temporadas boas e algumas ruins, mas me vejo mais preparado hoje. Estou mais maduro e preparadÃssimo para voltar à Seleção Brasileira. Preciso valorizar meu trabalho, né? (risos). Estou pronto, quero muito a Seleção outra vez", finalizou.