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Brasil se rende a Marta, a esperança do futebol nos Jogos Olímpicos

Neymar já era, agora é a vez de Marta. Depois de um início triunfal com duas vitórias em três partidas, Marta é a esperança dos brasileiros para salvar seu futebol nos Jogos Olímpicos e sua camisa já é impossível de encontrar no mercado.

10/08/2016 16:05

A jogadora brasileira Marta domina a bola durante partida contra a África do Sul, nos Jogos Olímpicos do Rio, em Manaus, no dia 9 de agosto de 2016

Neymar já era, agora é a vez de Marta. Depois de um início triunfal com duas vitórias em três partidas, Marta é a esperança dos brasileiros para salvar seu futebol nos Jogos Olímpicos e sua camisa já é impossível de encontrar no mercado.

Nas lojas do Rio estão à venda muitas camisas da seleção brasileira e de Neymar, o número 10, estrela da equipe masculina. Mas não se vê camisas da capitã da seleção feminina, eleita cinco vezes a melhor jogadora do mundo e celebridade do Rosengard, da Suécia.

A torcida brasileira fica em êxtase com a craque de 30 anos e seu time, líderes do grupo E que jogarão contra a Austrália pelas quartas de final.

O camisa 10 do time masculino perdeu o espaço no coração dos brasileiros após os dois empates nas partidas contra a África do Sul e o Iraque. A seleção joga nesta quarta-feira contra a Dinamarca e se perder, estará desclassificada.

Ouro rosa?

Mas o cobiçado ouro olímpico no futebol pode chegar para o Brasil pela primeira vez graças às mulheres, apesar do empate contra a África do Sul, na terça-feira, que teve Marta no banco durante o primeiro tempo.

"Marta é melhor que Neymar!", gritava a torcida durante os jogos das duas equipes brasileiras.

E os torcedores vão às ruas do Rio querendo comprar sua camisa.

"Muita gente já procurou pela camisa da Marta, se queixando do Neymar. Que ele não está fazendo nada pelo país, que não está jogando, que é só decepção, que tem que colocá-la no lugar dele", disse à AFP a vendedora Amanda da Silva, de 26 anos, que vende camisas da seleção e souvenires verde e amarelo em uma loja no Saara, área de comércio popular do centro da cidade.

"Alguns compram a camisa do Brasil lisa e a personalizam" com o nome da capitã da seleção, contou.

"Hoje vieram três clientes e queriam camisas da seleção. Quando viram que atrás dizia Neymar, não as levaram por causa do nome", relatou Maria, 18 anos, uma vendedora de outra loja próxima, que não quis dar seu sobrenome.

Machismo e preconceitos

O ator Alexandre Nero, de 46 anos, se queixou essa semana em sua página no Facebook de que não há camisas para homens da seleção feminina do Brasil com o nome de Marta.

"Não posso ter uma camisa da seleção brasileira de futebol com o nome de uma das melhoras jogadoras de futebol do mundo simplesmente porque algum pensamento medieval de mercado acreditou que nenhum homem usaria uma camisa com o nome MARTA", criticou Nero.

"Há mais pessoas buscando camisas da Marta do que do Neymar ou da seleção masculina. A seleção feminina anda muito bem", disse Paola Jatahy, outra vendedora do Saara, de 28 anos.

Mas não pode vendê-las porque não tem. "O comércio ainda não se atualizou, está atrasado. Existe muito preconceito contra as mulheres" nesse país onde o futebol é essencialmente um esporte masculino, inclusive para as crianças, acrescentou.

Nas redes sociais explodiu a hashtag #SaiNeymarEntraMarta e viralizou um vídeo de um menino no estádio olímpico do Engenhão vestindo uma camisa verde e amarela com o nome de Neymar riscado e em cima escrito com canetinha em grande letras "MARTA" e o desenho de um coração.

Para o vendedor Thiago Nascimento da Silva, de 21 anos, Neymar dá tudo de si quando joga pelo Barcelona, mas não quando é pela seleção. "O dinheiro subiu à cabeça. Não está comprometido com a seleção, diferente das mulheres, que estão pensando no país", disse este jovem que também pensa em personalizar uma camisa com o nome de Marta.

A Nike, patrocinadora oficial dos uniformes da seleção brasileira, disse que não vende nenhuma camisa com nomes em suas lojas ou no site, e que cada comprador decide que nome quer colocar. Mas há muitas camisas não-oficiais à venda com o nome de Neymar, e inclusive oficiais, personalizadas pelos donos das lojas.

Marta não aprecia as comparações com os craques do futebol brasileiro. Só diz que é uma honra, mas que não gosta que a chamem de "Pelé de saias". E agora vem acontecendo a mesma situação quando gritam que ela "é melhor que Neymar".

"Não existe essa comparação. Marta é Marta; Neymar é Neymar", disse, incomodada, após a partida de estreia do futebol feminino brasileiro nos Jogos, contra a China, que as meninas do Brasil venceram por 3-0.

Fonte: Esporte interativo
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