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Noite de Pep: da quase eliminação à correção perfeita de todos os erros

Erros de Guardiola quase sentenciam saída precoce do Bayern. Espanhol tem leitura rápida no 2º tempo, muda posicionamento, se mostra mais ativo e consegue a virada

17/03/2016 10:02

 


O homem do jogo nunca chegou sequer a entrar em campo: com a vitória do Bayern de Munique por 4 a 2 sobre o Juventus, Pep Guardiola alcançou na última quarta-feira as quartas de final da Champions pela sétima vez em sete oportunidades na sua carreira (veja os lances acima). Como dizer que não foi o espanhol o melhor em campo? Foi o que errou tudo no começo, mas, sem baixar os braços, corrigiu cada detalhe a tempo de uma reviravolta histórica, evitando sua primeira eliminação precoce.

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O mérito de Pep foi entender exatamente os erros do Bayern, que levou um nó tático dos italianos num primeiro tempo praticamente perfeito da Velha Senhora. Allegri surpreendeu com uma escalação inovadora: adiantou Pogba, colocou Hernanes cobrindo as costas do francês e apostou em dois laterais/pontas em cada lado: Evra e Alex Sandro na esquerda e Cuadrado e Lichtsteiner na direita, que fizeram das suas com Lahm no primeiro-tempo. Na frente, Morata teve pouca oposição, o Bayern foi inexistente até aos primeiros minutos da segunda metade, quando o treinador entrou oficialmente no jogo. 

Pep Guardiola técnico Bayern (Foto: AFP)Guardiola comemora o fim da prorrogação e a classificação heroica do Bayern (Foto: AFP)



Veja abaixo os erros que o técnico catalão corrigiu a tempo de evitar o seu “funeral” antecipado na Alemanha:

Erros e correções decisivas de Guardiola

Subestimar potencial ofensivo do adversário: Guardiola sabia bem que um empate não bastaria ao Juventus para se classificar e subestimou Allegri ao pensar que os italianos não tivessem qualquer pretensão ofensiva no começo do jogo. Tiveram, tanto que Allegri pediu a Pogba que pressionasse os jogadores retrasados do Bayern e a Morata que pressionasse as saídas de bola de Neuer. Funcionou, primeiro erro do Bayern aos cinco minutos e gol do francês. Guardiola se surpreendeu, ficou apático no banco por alguns minutos, mas depois de berrar com Benatia, decidiu pedir Alaba para apoiar a frágil zaga dos bávaros, então composta pelo marroquino e Kimmich.

Xabi Alonso e Benatia desde o primeiro minuto? Se, em Turim, nenhum dos dois jogou de início (Benatia entrou só na segunda metade e mal), e o Bayern convenceu por mais de uma hora, por que Guardiola mudou tudo? Nem um grito de Neuer após o gol de Morata (invalidado por impedimento) serviu para acordar Alonso. O espanhol começou mal, lento e mole. Benatia estava desconectado com os resto da equipe e a tentativa de colocar um zagueiro de raiz não funcionou. O Bayern defendeu melhor com os seus meias, que se conhecem à distância e a olhos fechados. Guardiola entendeu ao 2 a 0 de Cuadrado que os dois não podiam continuar em campo e colocou Bernat no lugar do zagueiro para fazer a lateral e posicionou Alaba definitivamente no centro. Coman entrou para o lugar de Alonso num momento em que o Bayern precisava arriscar tudo e demonstrou ser a peça chave.

Guardiola Thiago Alcântara Bayern (Foto: AP)Guardiola conversa com Thiago Alcântara: meia só entrou aos dez minutos da prorrogação (Foto: AP)

Tanta liberdade a Pogba? O francês não é Messi, mas é provavelmente o melhor jogador do Juventus. Roubou bolas com facilidade no primeiro tempo, impôs o seu físico como quis sobre os alemães, lançou contra-ataques, marcou um gol e ainda recaiu nas laterais. Foi um Pogba livre de marcação em todo o campo. Allegri ainda colocou Hernanes na retaguarda e tudo funcionou até que Guardiola entendesse. Pep mandou Vidal recuar no meio-campo e, com a entrada de Coman e o fluxo de jogo mais pelo lado esquerdo, Pogba perdeu a sua referência, sumiu do jogo e não foi o líder que o time precisava na fase decisiva. Acertou Pep uma vez mais; Allegri não teve as mesmas opções (Dybala e Marchisio foram desfalques por lesão) no banco e jogou Sturaro no meio-campo.

Douglas e Ribéry trocados. No primeiro-tempo, o brasileiro criou apenas uma ocasião de gol para Lewandowski finalizar. Atuando pelo lado direito (trocando com o francês) e bem marcado por Evra e Alex Sandro, Douglas não teve vida fácil. Do lado esquerdo, posição natural do camisa 11, Ribéry corria, corria, mas pouco criava. Guardiola entendeu tudo e lançou mais um jogador rápido e com drible para o corredor direito: Coman. Pediu a Douglas para furar pelo meio e abrir espaços para os dois franceses. O brasileiro fez tudo mais do que bem e Coman deu calor a Alex Sandro, que já não tinha pernas para acompanhar o passo dos dois. “Alex Sandro estava cansado. Coman fresco e rápido”, disse Guardiola no final. Correção tática acertada do espanhol.

Por quê Thiago tão tarde? Entrou e resolveu o jogo. A agilidade e rapidez de passe do brasileiro naturalizado espanhol tinha sido uma arma importante no jogo da ida em Turim. Guardiola pensou que, provavelmente, com Benatia e Alonso o time iria defender melhor e ganharia em físico e altura, mas o meio-campo do Bayern foi inexistente no primeiro tempo. Só a partir dos 60', com as mudanças táticas, é que os bávaros começaram a sufocar o adversário como já haviam feito em Turim. Com a entrada de Thiago (aos 10 minutos da prorrogação), o jogo não teve mais história. Autor do gol da virada, o meia destruiu o que bastava da Velha Senhora, desmotivada pelo empate sofrido no último minuto do jogo. 

Fonte: Globo Esporte
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