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Ascensão meteórica, perda do pai e brilho na Itália: a explosão de Dybala

Atacante, que é um dos destaques do Juventus, sempre foi tratado como promessa no Instituto de Córdoba, mas sucesso surpreende até mesmo seu técnico da base

16/04/2016 10:21

Argentino, artilheiro, canhoto e "abençoado" por Xavi. Já sabe de quem estamos falando? Errou se apostou em Messi. Ele até é comparado ao craque do Barcelona, mas ainda busca seu lugar no hall da fama do futebol europeu. Trata-se de Paulo Dybala, do Juventus. Com apenas 22 anos, já é uma realidade no clube italiano. Em sua primeira temporada, soma 18 gols e busca superar a marca do hermano Tevez, que no primeiro ano com a camisa da Velha Senhora marcou 24 gols. Neste domingo, ele volta a ser relacionado em jogo do Campeonato Italiano pelo técnico Massimiliano Allegri após se recuperar de lesão. E o adversário será justamente o Palermo, clube que foi buscar a joia na Argentina e apresentou para o mundo. Promessa da base, perda do pai e subida meteórica para os profissionais. Conheça um pouco da história desta promessa argentina.

Dybala Juventus (Foto: Getty Images)Atacante argentino Dybala, de apenas 22 anos, é uma das sensações do Juventus nesta temporada (Foto: Getty Images)


Dybala deu os primeiros passos no futebol no Instituto de Córdoba. Chegou ao clube com apenas dez anos, e era levado pelo seu pai para treinar nas categorias inferiores. Sempre foi tratado como promessa. Era habilidoso, um verdadeiro camisa 10. E com 15 anos já estava morando no clube e sendo tratado de forma diferenciada. Foi também nesta época que perdeu seu pai, um grande incentivador da carreira. Francisco Buteler, que foi técnico do argentino na base, revela ao GloboEsporte.com como foi o primeiro contato com a joia.

- O primeiro contato que tive com ele foi quando era técnico do juvenil, ele era “enganche” (jogador que é referência nas equipes da Argentina, o camisa 10). Um jogador que era importante na equipe, e que dentro do clube já era considerado uma promessa. Mas nunca esperávamos este salto. Nunca pensamos que ia transcender desta maneira seu jogo, sua capacidade. Teve uma oportunidade no primeiro plantel com 17 anos, e isso foi uma virtude. E com essa idade suportou bem a pressão, o mesmo aconteceu quando chegou ao Palermo e Juventus. É um jogador que não sente a pressão, a responsabilidade da importância de jogar em um time grande. Mas, sinceramente, repito que não esperávamos que chegasse ao nível que chegou de forma tão rápida - afirmou Buteler.

Dybala Instituto Córdoba (Foto: Arquivo pessoal)Dybala (à dir.) na base do Instituto (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de ser tratado como promessa, a forma como Dybala chegou ao time profissional do Instituto, aos 17 anos, é no mínimo curiosa. O clube havia contratado o atacante Miguel Angel Fernández, procedente do San Martín de Tucumán, mas ele não pôde começar a temporada porque estava suspenso pelo acúmulo de cinco cartões amarelos. Foi então que o técnico Darío Franco olhou para a base e buscou um jogador de ataque para resolver esse problema. Dybala entrou e não saiu mais da equipe.

Sua estreia como profissional foi no dia 12 de agosto de 2011, quando o Instituto venceu por 2 a 0 o Huracán pela Segunda Divisão da Argentina. Logo na partida seguinte, marcou seu primeiro gol no empate em 2 a 2 com o Aldosivi. E terminou a temporada com 17 gols, na quarta posição da artilharia da Série B nacional. Seu time bateu na trave para subir para a Série A, mas ficou em terceiro e viu o Quilmes e o poderoso River Plate conseguirem o acesso. No entanto, foi o suficiente para Dybala chamar a atenção do futebol europeu.

O faro de artilheiro, porém, foi muito trabalhado na base. Francisco Buteler explica que Dybala gostava mesmo era de jogar como uma camisa 10. Mas ao perceber a facilidade que tinha para balançar as redes, o treinador decidiu aproximar a joia do gol. E deu muito certo:

- O melhor conselho que dei foi para fazer o simples no seu jogo, e ajudar a equipe. E o que me deixa mais orgulhoso foi ajudá-lo a ser mais atacante. Paulo sempre foi “enganche”, às vezes jogava pela esquerda. Mas quando vi sua capacidade para fazer gols, tive que convencê-lo a jogar desta forma. E quando foi promovido para a equipe principal, o técnico passou a utilizá-lo como atacante. Realmente foi um acerto, me sinto orgulhoso por isso. Por isso sempre o aconselhei a jogar perto da área adversária.

Dybala Palermo  (Foto: Getty images)Dybala era ídolo do Palermo, e sempre carregava multidões em eventos pelo clube italiano (Foto: Getty images)


Próximo de Dybala desde as categorias de base, Buteler revela até hoje uma relação de amizade com o atacante do Juventus. Conta com orgulho que o craque conversa com seu filho pequeno pelo Facebook, e que é tratado como ídolo. E lembra de um dia difícil para o jogador, talvez o pior dia da carreira dentro dos gramados:

- Há uma anedota com Dybala. Jogava contra o Independiente, em Buenos Aires. E nosso técnico naquela altura o tirou da equipe com apenas 15 minutos do primeiro tempo. Paulo começou muito mal o jogo, e saiu de campo chorando muito. Chegou ao vestiário chorando, ninguém sabia o motivo. Para o nível que tinha, estava muito afetado e desempenhava tudo muito mal naquele dia. Era a promessa de clube. Depois de uma longa conversa com o técnico, foi possível saber o motivo. Fazia um ano da morte do seu pai, exatamente um ano. E estava muito afetado. Ele depois pediu desculpas por não ter falado antes, porque não estava em condições de jogar. Mas foi uma demonstração de humildade e classe da pessoa que é. Não quis usar a morte do seu pai para ficar fora da partida, e tentou jogar.

Quem também lembra dos tempos de Dybala no Instituto é Pablo Alvarez, que foi coordenador das categorias de base do clube. Assim como Buteler, ele confessou que jamais podia imaginar o atacante na atual forma. Apesar de também sempre ter considerado suas qualidades:

Pablo Alvarez Dybala (Foto: Arquivo pessoal)Alvarez posa para foto com Dybala (Foto: Arquivo pessoal)

- Sempre mostrou muita qualidade e técnica. Muita responsabilidade. Sempre foi muito educado e humilde, e pensava em todos na equipe. Mas nunca imaginei que pudesse jogar na seleção argentina. Até hoje é a mesma pessoa de sempre, nunca mudou.

Mesmo muito jovem, Dybala superou o recorde de Mario Kempes ao marcar em seis partidas consecutivas em jogos oficiais das principais divisões da Argentina. Em 2012, o Palermo pagou € 11,9 milhões (R$ 47 milhões) ao Instituto pelo jovem. O sucesso na Itália não demoro a chegar, e em 2015 foi contratado pelo Juventus por € 32 milhões (R$ 127 milhões). Já teve seu nome ligado a um possível interesse do Barcelona. E ganhou a "bênção" de Xavi, grande ídolo do clube, que destacou: "Ele tem o DNA do Barça". 

Com apenas 22 anos, soma 18 gols pelo Juventus nesta temporada. São 14 no Campeonato Italiano, dois na Copa da Itália, um na Supercopa da Itália e um na Liga dos Campeões. E se depender do seu talento, é bom o Palermo abrir o olho com seu velho conhecido, pois Dybala empurra a bola para a rede e agradece aos céus. Lembrando sempre do seu pai, como já deixou claro em entrevista ao diário "La Mañana" de Córdoba:

- Meu velho morreu quando eu tinha 15 anos e eu gostaria que estivesse aqui para desfrutar o que estou vivendo. Mas sei que lá de cima me ajuda. Se não fosse por ele, não estaria aqui. Sou muito agradecido a ele, também com a minha mãe. Sempre me apoia muito.

Fonte: Globo Esporte
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