Ele não teve vida fácil. Chegou quando a temporada já estava no começo e em um clube onde os brasileiros nunca foram amados. Sem tempo de adaptação, Alex Sandro ainda trouxe do Porto o peso de uma transferência de € 26 milhões (equivalente a R$ 104 milhões) - só Dybala foi mais caro. Não demorou muito para que chovessem as primeiras crÃÂticas no Juventus. No inÃÂcio não foi muito utilizado, mas em pouco mais de dois meses reverteu a situação a seu favor. Sempre que entrava, tinha o dom de ser decisivo e foi conquistando a torcida bianconera, que hoje exige a sua titularidade no lugar do veterano Evra. Contra o Bayern de Munique, na próxima quarta-feira, jogo que o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real, o lateral-esquerdo deve começar a partida de inÃÂcio, como acontece em quase todos os jogos mais importantes da temporada.
A velocidade do ex-Porto, pela lateral esquerda, dá ao Juventus maior capacidade ofensiva no desenho tático de 3-5-2. Além disso, o entendimento do brasileiro com os astros do time, Pogba e Dybala, parece perfeito. Alex Sandro foi utilizado em 25 partidas, 16 das quais como titular, marcou dois gols e deu três assistências. Em entrevista exclusiva no Centro de Treinamentos em Turim, o jogador falou sobre o bom momento que vive na Itália e explicou os segredos do sucesso da “Velha Senhoraâ€Â.
- A mentalidade do clube é vencedora. Quem chega aqui sabe que vem para ganhar sempre. Quando você chega, eles te implantam esse chip. Essa é a verdade. O time sempre joga para ganhar e eu estou muito feliz de estar num clube vencedor - confessou o brasileiro.
O que muitos não sabem é que o ex-Santos não começou a carreira jogando como lateral-esquerdo, mas sim como atacante. A mudança foi aconselhada pelo o seu ex-treinador da base do Atlético-PR, Marquinhos Santos, que previu um futuro para ele como titular da Seleção atuando nessa posição. Não errou muito. Alex Sandro voltou a ser convocado por Dunga para os jogos contra Paraguai e Uruguai e, com a ausência de Marcelo, espera ter mais espaço na seleção brasileira.
- Estou muito feliz de regressar àSeleção, espero ser chamado sempre e cada vez mais. Mas nunca torço para que o Marcelo esteja mal. Ele é um amigo, é um grande jogador. Mas eu quero sempre estar na seleção brasileira, independentemente do Marcelo, do Filipe LuÃÂs ou de outro jogador.
Na Seleção, o lateral vai reencontrar os grandes amigos Danilo e Neymar, com quem jogou no Santos. Do atacante do Barcelona, as recordações são tão boas que Alex torce por ele a cada jogo dos catalães, e espera que seja Neymar o próximo vencedor da Bola de Ouro para “calar a boca de muitosâ€Â.
- Eu torço muito pelo Neymar. A cada jogo, a cada campeonato, ele está demonstrando o que vale e eu fico muito feliz de ele estar calando a boca de muitos. Muitos falaram que ele não iria vingar no Barcelona. Eu sempre torço muito para o Neymar, que é uma pessoa esplêndida, um jogador excepcional e espero que seja ele a levar essa próxima Bola de Ouro.
Confira a entrevista completa:
Você chegou bem no final da janela, em agosto, jogou 25 partidas, fez três gols e cinco assistências. Como é que você conseguiu se adaptar tão bem e rápido aqui a Turim?
Eu estou muito feliz de estar em um grande clube e pelo Juve ter confiado em mim. A verdade é que estou bem na cidade. Turim é uma cidade que acolhe bem não só os italianos, mas também os estrangeiros. Sinto que estou melhorando e crescendo a cada dia, não só como jogador, mas também como homem. Isso está sendo importante para a minha carreira.
O que é que o Juventus tem de diferente dos outros clubes, por que é tetracampeão, lÃÂder do italiano novamente e vence sempre?
A mentalidade do clube é vencedora. Quem chega aqui sabe que vem para ganhar. Quando você chega, eles te implantam esse chip. Essa é a verdade. O Juve sempre joga para ganhar e eu estou muito feliz de um estar num clube vencedor.
Você não teve tantas chances no começo do campeonato e não demorou para surgirem as primeiras crÃÂticas. Você sentiu pressão pelo elevado valor que o clube pagou ao Porto?
Não, nunca senti pressão nenhuma por dinheiro e por valores. Esse é um acordo entre clubes, eu fui contratado para jogar.
Qual dos jogadores da “Velha Senhora†te ajudou a superar esse difÃÂcil começo?
Todos os jogadores do Juve, comissão técnica, doutores, todos me ajudaram. A cada dia, a cada treino, vem um ou outro falar comigo, trocamos essas informações. Essa abertura entre jogadores vem ajudando bastante, essa troca de experiência de italiano para brasileiro, argentino, jovens e mais velhos e isso tudo ajuda. Hoje estamos diferentes do começo da temporada não só nos jogos, mas também fora de campo.
Você participou no ano passado daquela vitória do Porto por 3 a 1 sobre o Bayern de Munique nas quartas de final da Champions, mas no jogo da volta vocês perderam por 6 a 1. O que é que você aprendeu desses jogos que podem ajudar os seus companheiros nesta quarta-feira?
A gente teve a felicidade de vencer o confronto da ida e a infelicidade de perder na volta. Mas na quarta-feira, nós vamos entrar com a mentalidade forte, vamos entrar mais fortes do que entramos aqui no jogo de Turim e vamos lá para vencer. O nosso objetivo é sempre vencer. Temos jogadores experientes, com grande nÃÂvel internacional que podem vencer este jogo.
Aqui em Turim, o Bayern de Munique teve um primeiro tempo arrebatador com 70% de posse de bola. Como é que vocês pretendem travar o time deles?
Isso agora é segredo, só vamos poder demonstrar durante a partida.
Alex, muita gente não conhece muito a sua história no futebol. Como é que você começou e chegou ao Atlético-PR?
Bom, desde que me conheço por pessoa eu sempre quis ser jogador de futebol, sempre foi o meu sonho. Tudo começou em Catanduva, uma cidade pequena no interior de São Paulo e eu jogava ali nas escolinhas públicas, até que um dia fiz um amistoso contra o Atlético-PR e eles quiseram me levar para lá.
Mas você já atuava pela lateral esquerda?
Não, antes eu jogava no meio do campo e como atacante. Por isso, a minha passagem para a lateral esquerda foi meio difÃÂcil no começo. Aconteceu pela primeira vez na Copa Nike, acho que em 2006, em São Paulo. O Marquinhos Santos era o meu treinador, e um dia ele me falou que se eu jogasse naquela posição, chegaria àseleção brasileira. Disse que eu seria o futuro lateral-esquerdo da Seleção. Eu confiei nele e hoje aqui estou. Agradeço ao Atlético-PR pela ótima estrutura que tem, eu pude melhorar muito. Graças a eles, eu pude chegar a um clube com uma ótima estrutura como o Santos, jogar ao lado de tantos craques e depois vir para a Europa.
É muito diferente ser lateral-esquerdo na Itália e no Brasil?
É muito diferente ser jogador de futebol aqui ou no Brasil. Na Itália há muito rigor tático, fÃÂsico e também com o extra-campo. Você tem de estar sempre se cuidando não só nos treinamentos, mas na sua vida privada. Isso é um lado positivo. Para um brasileiro entrar nessa mentalidade italiana é um pouco difÃÂcil, porque é totalmente diferente, mas é importante.
Você voltou a ser convocado por Dunga e, com a ausência de Marcelo, você espera ter mais espaço agora?
Estou muito feliz de regressar àSeleção, espero ser chamado sempre e cada vez mais. Mas nunca torço para que o Marcelo esteja mal. Ele é um amigo, é um grande jogador. Mas eu quero sempre estar na seleção brasileira, independentemente do Marcelo, do Filipe LuÃÂs ou de outro jogador.
O que é que mudou com Dunga?
Bom, cada treinador tem o seu jeito de ser, tem o seu jeito de trabalhar. O trabalho do Dunga vem ficando melhor, estamos cada vez melhores, o grupo vai ficando mais unido e e é isso que o Dunga busca: fortalecer a seleção brasileira.
Você vê o seu amigo Neymar próximo de vencer a Bola de Ouro?
Eu torço muito pelo Neymar. A cada jogo, a cada campeonato, ele está demonstrando o que vale e eu fico muito feliz de ele estar calando a boca de muitos. Muitos falaram que ele não iria vingar no Barcelona. Eu sempre torço muito para o Neymar que é uma pessoa esplêndida, um jogador excepcional e espero que seja ele a levar essa próxima Bola de Ouro.
Do seu time, quem é que você acha que tem mais caracterÃÂsticas para um dia lutar pelo troféu, o Dybala ou o Pogba?
Os dois podem chegar lá, o Dybala e o Pogba poderiam jogar em qualquer outra equipe do mundo. Porque não um dia ter Neymar, Dybala e Pogba lutando pela Bola de Ouro?