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Piauiense Luis Carlos Cardoso projeta planos para o futuro na paracanoagem

Mais de um mês após a prata nas paralimpíadas, as lembranças ainda são um misto de emoções na mente do atleta

23/10/2021 08:38

Para você, o que significa uma medalha paralímpica? Mera soma de resultados? Sorte na hora da competição? Azar dos adversários? Nada disso. Para o piauiense Luis Carlos Cardoso, de 36 anos, prata nas Paralimpíadas de Tóquio é o resultado do esforço e da dedicação durante toda a vida. Mais de um mês após a conquista no continente asiático, as lembranças do dia 2 de setembro de 2021 ainda são um misto de emoções na mente do atleta. 

“Eu senti um misto de emoções. Por mais que eu soubesse que eu tinha possibilidade de subir ao pódio, quando você chega lá, você percebe que toda dedicação e esforço durante tantos anos valeu à pena. Para mim, foi o marco da minha carreira. Ainda estou assimilando o que aconteceu e as repercussões dessa conquista”, disse. 

Luis Carlos Cardoso com medalha paralímpica no peito. Foto: Jailson Soares/ODIA 

Luis Cardoso, que é natural de Picos, conta que sua formação em Psicologia não só ajudou em sua vida pessoal como também na canoagem. Em 2009, ele perdeu os movimentos após contrair uma esquistossomose, doença transmitida por vermes parasitas de água doce. Luis também foi dançarino de forró por dois anos e trabalhou na banda do cantor Frank Aguiar.  


“Logo depois que eu comecei na faculdade, eu entendi todo esse movimento psicológico em torno da ansiedade e tudo que vem de pressão psicológica – para controlar e passar por tudo isso. Não foi fácil conciliar os estudos com as viagens para competir, mas isso foi uma vitória porque foram cinco anos de muita dedicação. Me graduar em Psicologia foi uma realização”, disse.  


Também no mês passado, Luis repetiu a prata das Paralimpíadas no Mundial de Canoagem disputado na Dinamarca. Segundo ele, o resultado acabou sendo uma surpresa, apesar de ter focado 100% dos esforços nos jogos. Assim como no Japão, Luis Carlos só ficou atrás do húngaro Peter Kiss.  

“O meu pico maior foi nos jogos [paralímpicos]. Eu estava preparado para isso. O mundial foi uma consequência porque eu parei de treinar logo após os jogos e chegar na Dinamarca e poder conquistar essa medalha, e por pouco não pegar o ouro, foi um desempenho até melhor que nas Paralímpiadas. É claro que eu tive algumas mudanças, como na embarcação, por exemplo, que foram testes pensando em 2024. No geral, o resultado foi positivo por subir no pódio e trazer mais essa medalha”, disse o canoísta que fechou a prova em 46s30. 

Retorno para São Paulo e ciclo em Paris 

O piauiense retorna para São Paulo no final deste mês e vai começar um novo ciclo pensando nas Paralímpiadas de Paris, em 2024. Apesar de ter muitas competições pela frente, ele garante que será uma jornada diferente. 

“Um ciclo diferente, já que agora só são três anos, mas estou totalmente focado e quero de alguma forma buscar evoluir. O bom é que ainda tenho essa possibilidade de melhorar para que eu possa baixar meu tempo e, quem sabe, buscar esse ouro para o país”, revela. 

Em 2024, o piauiense terá 40 anos. O futuro até pode ser incerto, mas a certeza que fica é que não faltará garra para trazer novas medalhas. “Eu pretendo chegar até 2024 e depois ainda não tenho certeza se irei continuar. Eu preciso conversar com o meu técnico, por causa da idade. Diferente do esporte olímpico, o paralímpico dá essa possibilidade de ir muito mais anos. Na minha prova, têm atletas competindo com 42,43 e 44. Eu acredito que, durante esse período, ainda vou conseguir me manter no pódio. Espero no futuro trabalhar com o esporte através da Psicologia”, disse.  

Relação com o Piauí e inspiração para crianças 

Apesar de já ter conhecido vários países pelo mundo – sete em 2021, a relação de Luis com a cidade de Picos, no Sul do Piauí, é renovadora. É nas férias que o atleta busca, em solo piauiense, a energia necessária para encarar mais um ano de competições. 

“É aqui no Piauí que venho buscar toda essa energia e força para enfrentar mais um ano de competições. Todos os dias, independente das condições climáticas ou dor muscular, eu tenho que estar dentro da água e tentar aguentar cada vez mais essa carga que a cada ano que passa se torna mais pesada. Então, é no Piauí que venho recarregar minhas energias com meus amigos e minha família”, conta. 

Foto: Jailson Soares/ODIA 

Luis também é inspiração para crianças e adolescentes do projeto da Associação Escola de Canoagem de José de Freitas, no Norte do Piauí. O atleta deu o pontapé inicial da ação, que hoje conta com mais de 40 alunos. 

“Fico muito feliz de ver um projeto como esse e do projeto em Parnaíba. É muito gratificante porque, de alguma forma, já estou deixando o meu legado. Eu espero vê-las nas competições nacionais e quero também vê-las na seleção representando o nosso país”, revela.

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