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Pelo Palmeiras, Felipão revive rivalidade que ajudou a criar

Há 24 anos, Luiz Felipe Scolari, 70, precisou convencer um jovem time do Grêmio de que era possível superar o badalado Palmeiras.

20/08/2019 08:26

Há 24 anos, Luiz Felipe Scolari, 70, precisou convencer um jovem time do Grêmio  de que era possível superar o badalado Palmeiras , formado por jogadores como Cafu, Müller e Rivaldo, contratados a preços altos pela Parmalat. A empresa italiana participava da gestão da equipe alviverde à época.

Em dois jogos históricos pela Copa Libertadores de 1995, o treinador alcançou seu objetivo e eliminou o time paulista nas quartas de final. Hoje, é Felipão quem comanda o Palmeiras, dono de um dos elencos mais caros do país, estruturado com alto investimento feito pela Crefisa.

As duas equipes vão se encontrar novamente no mata-mata continental a partir desta terça-feira (20), às 21h30, pelo jogo de ida das quartas de final, em Porto Alegre. Quem esteve ao lado do técnico quando ele dirigiu o Grêmio lembra que o poder financeiro do Palmeiras era usado para motivar seus jogadores.


Foto:Reprodução

Assim como dirigentes gremistas da época, Felipão protestava contra o que classificou como "esquema Parmalat", uma teoria segundo a qual a empresa manipulava resultados a favor do rival. Esse expediente foi usado, inclusive, na véspera do primeiro confronto entre gaúchos e paulistas pela Libertadores de 1995. Tanto que foi criado um clima de guerra entre os jogadores.

"Já tinha de sair ganhando no olho no olho. Para nós, tudo isso era uma questão de honra", relembra o ex-goleiro Danrlei, 46, atualmente deputado federal. "Tinha um ambiente hostil", acrescenta Vagner Mancini, 52, ex-meia-atacante gremista e atual coordenador técnico do São Paulo.

Quando a bola rolou, bastou uma fagulha para que houvesse o incêndio. No primeiro tempo, houve três expulsões: Rivaldo e Válber, do Palmeiras, e Dinho, do Grêmio.

A confusão generalizada durou 14 minutos. O volante Dinho agrediu o meia Válber, e o palmeirense reagiu com um soco no nariz do rival. Fora de campo, Dinho correu atrás do meia e deu um chute na cabeça dele. Danrlei o agrediu pelas costas. Também houve briga de torcedores nas arquibancadas do estádio Olímpico.

Apesar de ter continuado em campo naquele jogo, o goleiro do Grêmio foi punido mais tarde e não atuou na partida de volta, em São Paulo.

O clima tenso que Felipão ajudou a criar beneficiou sua equipe. Um minuto após a bola voltar a rolar, o time gaúcho fez o primeiro dos cinco gols que marcaria na goleada por 5 a 0. Uma grande vantagem para a volta. "A gente veio para o jogo no Parque Antárctica com o intuito de não entrar em confusão", diz Mancini.

Já o Palmeiras precisava dar uma resposta à sua torcida depois do vexame no jogo de ida. Depois de levar novo susto, ao sair perdendo por 1 a 0, virou e goleou por 5 a 1, resultado que não foi suficiente.

Também não foi o bastante para por um ponto final nas brigas ocorridas no jogo de ida. Dez anos depois daquele duelo, Dinho e Válber se encontraram por acaso em uma boate, em Porto Alegre, e voltaram a trocar agressões.

"Mas dois anos depois, por meio de um amigo nosso, em uma praia do Recife, nós resolvemos parar com isso e ficou tudo tranquilo", contou Dinho ao UOL em 2013.

Quem evitou carregar as marcas daquela confusão foi Scolari. Ele deixou o Grêmio no final de 1996 e, após rápida passagem pelo Júbilo Iwata, do Japão, assumiu a equipe palmeirense, ainda bancada pela empresa italiana.

À frente do time alviverde, ele foi questionado várias vezes sobre o "esquema Parmalat" que acusava. Em uma entrevista à revista Istoé, em 1999, não negou suas declarações, mas as minimizou.

"Vejo que em muitas situações o Palmeiras é prejudicado, como o Grêmio era. Erros acontecem a favor e contra. Quem diz isso quer é se defender: 'Perdemos por isso.' Até eu me justificava assim."

O que não mudou no treinador foi a forma como ele busca mexer com os sentimentos dos jogadores para motivá-los. Em 2000, depois de uma derrota para o Corinthians por 4 a 3, na primeira semifinal da Libertadores, os atletas palmeirenses foram questionados pelo comandante por uma suposta falta de malandragem diante do rival.

Felipão chegou a pedir aos jogadores que demonstrassem raiva do adversário no jogo de volta. "Vocês têm que ter na cabeça isso tudo que eu estou falando para vocês. Raiva dessa p... de Corinthians."

Os métodos do treinador lhe acompanharam em uma série de títulos em sua carreira. Pelo Grêmio, ganhou sete troféus, incluindo Copa do Brasil (1994), Libertadores (1995) e Brasileiro (1996).

Campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002, ele também levantou seis troféus pelo Palmeiras, sendo os principais a Libertadores (1999), o Campeonato Brasileiro (2018) e a Copa do Brasil (1998 e 2012). A sua terceira passagem pelo clube foi iniciada na temporada passada.

Na último sábado (17), Grêmio e Palmeiras empataram em 1 a 1 em Porto Alegre, pelo Brasileiro. Por causa do jogo pela Libertadores, ambos atuaram com equipes mistas.

GRÊMIO

Paulo Victor; Leonardo, Geromel, Kannemann e Cortez; Maicon, Matheus Henrique, Alisson, Jean Pyerre e Everton; André. T.: Renato Portaluppi

PALMEIRAS

Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gomez e Diogo Barbosa; Felipe Melo, Bruno Henrique e Gustavo Scarpa; Dudu, Zé Rafael (Willian) e Luiz Adriano. T.: Luiz Felipe Scolari

Estádio: Arena do Grêmio, em Porto Alegre

Horário: 21h30 desta terça

Juiz: Patricio Lostau (ARG)

TV: Fox Sports

Fonte: Folhapress
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