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Odebrecht admite ter deixado R$ 40 milhões em obras por fazer na Arena

Engenheiro diz que dinheiro precisou ser usado para custear itens mais caros do que o orçado; Corinthians afirma que não autorizou realocação de verbas na construção

18/11/2016 10:33

A Odebrecht, construtora responsável pela obra da Arena Corinthians, admite que deixou de executar R$ 40 milhões em obras previstas no projeto. Segundo o engenheiro e diretor de contratos da empreiteira, Ricardo Corrégio, o valor foi usado para compensar o aumento no gasto com outros itens prioritários para o funcionamento do estádio.

Este é um dos alvos da auditoria contratada pelo clube para analisar a construção do local, que recebeu a abertura da Copa do Mundo de 2014 e partidas de futebol da Olimpíada do Rio. O Corinthians quer apurar se os preços foram inflados.

De acordo com Corrégio, a Odebrecht gastou os R$ 985 milhões que cobrou pela obra – o custo total, hoje, supera R$ 1,2 bilhão com juros de empréstimos. No fim, porém, parte do orçamento precisou ser realocado.

– Se por um lado, deixou-se de fazer algumas coisas que eram previstas, por outro lado outros foram executados no mesmo montante, de tal forma que mantivesse o valor de R$ 985 milhões.

O engenheiro cita a cabine de imprensa e o serviço de extração de fumaça como exemplos. O valor do último (R$ 11,5 milhões) superou o orçamento (R$ 2,5 milhões) em R$ 9 milhões.

– A ordem de grandeza do que fez e não fez é de R$ 40 milhões. Temos eles detalhados – disse.

O Corinthians, entretanto, rejeita as alegações. Procurado pela reportagem, o clube se manifestou através de sua assessoria de imprensa e afirmou que não teve acesso à relação de itens que não foram realizados. Além disso, entende que o valor admitido pela empreiteira não corresponde à realidade.

Antes orçada em R$ 820 milhões, a Arena ficou mais cara às vésperas da Copa do Mundo, quando o quinto aditivo ao contrato de construção determinou o novo valor de R$ 985 milhões. A Odebrecht deixou o estádio em outubro de 2015. À época, o cálculo corintiano era de que o déficit de obras não executadas chegava a R$ 200 milhões.

O Corinthians também declarou que não autorizou o remanejamento de verbas. O quinto aditivo determina que, em casos "que impliquem ônus adicional", o contratante da obra faça "ajustes ou modificações na especificação dos itens das obras, de modo a reduzir seus valores".

O segundo aditivo, assinado em 2011, porém, transferiu os direitos e deveres do contrato de construção ao Arena Fundo Imobiliário, que se transformou no contratante. O fundo é comandando pela Odebrecht e administrado pela BRL Trust. O Corinthians é acionista minoritário e ganha mais poder conforme paga a dívida contraída.

Apesar dos itens que não foram feitos, Corrégio afirma que não há risco à estrutura da Arena.

– As obras que deixaram de ser feitas são exclusivamente de acabamento e nenhuma impacta em utilização plena da arena.

O clube, por outro lado, reclama que perde dinheiro com os problemas do estádio.

– A não realização de certos itens de projeto em conjunto com o atraso na conclusão da obra (que, diga-se, persiste até hoje), resulta na perda de receitas, assim como na desvalorização de propriedades da Arena.

Na última semana o GloboEsporte.com revelou que a Odebrecht mantinha uma cláusula nos contratos com duas fornecedoras que previam a partilha de possíveis economias na realização dos serviços. O Corinthians declarou ser "vítima de ato ilícito ou danoso".

Fonte: Globo Esporte
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