Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Jovens viram profissionais no Fifa e cobram R$ 300 por dicas

Segundo dados do 2º Senso da Indústria de Jogos Digitais, divulgado em 2018, 66 milhões de brasileiros têm acesso a algum tipo de jogo eletrônico.

29/03/2019 14:50

Atentos à expansão do mercado de games no Brasil, jogadores profissionais e especialistas no game Fifa resolveram dar aulas para quem quer ter mais sucesso dentro do simulador de futebol. 

Os profissionais cobram até R$ 300 por dicas. Eles oferecem como aulas particulares e venda de conteúdos, como vídeos e manuais.

Vinicius Leiva, 20, enxergou essa oportunidade há um ano e meio. Jogador profissional, ele ficou no Top 8 em seu primeiro campeonato internacional do Fifa, eWorld Cup 2017, em Los Angeles. Ele também participou das edições do torneio nas cidades de Amsterdã, Bucareste, Barcelona e Manchester. Com a experiência que acumulou, produz videoaulas.

"O serviço custa de R$ 80 a R$ 300. Uma aula avulsa custa R$ 80, com duração de uma hora. Também tem o pacote mensal, de R$ 300, com uma aula por semana, de uma hora cada", diz Leiva à reportagem.

Com o trabalho, ele diz ter um faturamento de R$ 1.500 a R$ 2.000 por mês, que complementam sua renda como jogador profissional.

O método de Vinicius consiste em enfrentar os usuários o contratam algumas vezes para identificar pontos fortes e pontos fracos e, então, orientá-los sobre como corrigir os erros e potencializar características.

"Durante a aula, eu vou fazendo vários amistosos e, em cada jogo, vou trabalhando a parte do ataque e depois a defesa, separados. Depois, juntamos os dois", explica o jogador. "No final, eu envio um documento com todas as dicas que eu passei para a pessoa memorizar e praticar."

Allan Castello, 28, jogador profissional de FIFA, quatro vezes campeão carioca, vice-campeão da ESW 15 e vencedor da Manchester City Cup, tem um método semelhante ao de Vinicius. Ele cobra R$ 200 por aula e tem em média 13 alunos por mês, o que lhe dá uma renda média de R$ 2.600. 

"Comecei a viver somente do jogo no Fifa 15. Antes, no Fifa 14 eu já tirava uma renda melhor do que no meu próprio trabalho, mas ainda tinha medo de largar a carteira assinada", conta o profissional, que começou a dar aulas há quatro anos. 

Allan faz parte de uma equipe chama MFT (Metralhas FIFA Team). Ele tem contrato com o time até junho, recebe salário mensal e bônus por classificações para eventos oficiais da EA (Electronic Arts, empresa desenvolvedora de jogos). 

Matheus Overbeck, 21, começou a ganhar dinheiro com o jogo aos 16 anos, disputando torneios online. Hoje, vende videoaulas, que custam de R$ 10 a R$ 50 reais, e junto com um amigo gerencia um grupo fechado no Whatsapp. O acesso custa R$ 15 por mês. Nele, Matheus envia dicas para um modo específico do Fifa, o Ultimate Team.

Esse modo do jogo permite aos usuários criarem equipes virtuais com jogadores das principais ligas do mundo. Para montar um time, é preciso acumular moedas através das partidas, objetivos alcançados e, principalmente, com as transações no mercado de transferências.

"O mercado do Fifa é como o mercado de ações. Existem fatores externos que fazem as ações, nesse caso os jogadores, subirem ou descerem de preço. Nossa função é analisar esses fatores e prever essa movimentação para investir nos jogadores quando eles estão em baixa", explica Matheus.

O grupo criado por ele tem 110 pessoas. Neste mês, o faturamento será de R$ 1.730.

A prática citada é o que os usuários chamam de "trade" (negociação, em inglês). Ao comprar uma carta por valor mais baixo do que ela vale e vender por seu valor real ou superior, eles acumulam moedas para comprar os jogadores desejados. Nomes como Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar chegam a custar milhões na moeda do jogo.

Em média, cada usuário recebe 400 moedas por partida jogada. Por isso, o mercado de transferência é o método mais rápido para acumular o valor necessário para formar um time forte.

Renato Figueiredo Jr, 25, começou a fazer trade justamente com a motivação de reforçar a sua equipe no Fifa.

"Eu era uma dessas pessoas que queriam ter um timaço, com Cristiano Ronaldo, Messi e grandes jogadores. Então, comecei a aprender [a fazer trade] acompanhando canais no Youtube", diz.

Depois de oito anos jogando por lazer, Renato decidiu criar no ano passado o seu grupo no Whatsapp para enviar dicas de trade. O grupo que ele gerencia atualmente conta com 225 membros, que o faz ter um faturamento médio de R$ 2.000 -ele cobra uma mensalidade de R$ 10.

"O valor arrecadado varia muito. Tem gente que paga o serviço, tem gente que simplesmente não paga e tem pessoas no grupo que acabaram virando meus amigos e eu não cobro delas", explica Renato, que já foi atendente de balcão, vendedor e mecânico antes de se dedicar ao trabalho de coach.

"Eu comecei a ganhar bem mais que meus pais e mais do que qualquer emprego que eu já tinha tido", afirma.

Fonte: Folhapress
Mais sobre: