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Inter refuta falsificação de documentos em caso Victor Ramos

Marcelo Medeiros manifesta preocupação com maneira com que a perícia do STJD foi realizada e não faz projeções sobre audiência na Suíça, no próximo dia 4

31/03/2017 16:28

O presidente Marcelo Medeiros convocou os jornalistas para uma entrevista coletiva para expor a situação financeira do Inter. Mas o caso Victor Ramos não tardou a ser tema central do encontro, em um café da manhã nesta sexta-feira, no Beira-Rio, em especial após o parecer da perícia, que apontou falsificação nos e-mails encaminhados pelo clube ao Superior tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

O mandatário logo tratou de refutar qualquer possibilidade de falsificação dos documentos e garantiu que o clube seguirá lutando nos tribunais por seus direitos e até para limpar sua imagem. Medeiros ainda criticou a maneira com que a perícia foi conduzida, sem acesso dos advogados do Inter a laudos, e que teria ferido "direitos básicos". 

– Os documentos não são falsos. E o Inter vai lutar por seus direitos nesse sentido. Os litígios que o Inter está mantendo extrapolaram o território nacional. A nota emitida ontem preocupa muito e deveria preocupar todos os clubes do Brasil. Na investigação, aos advogados não foi permitido o acesso aos laudos. A forma com que foi conduzida nos preocupa nos direitos básicos que são assegurados a todos. Não vivemos em regime de exceção e não podemos aceitar. O Inter vai continuar a defesa, porque isso diz respeito aos profissionais do clube. Mas também a imagem do clube fica afetada. Me preocupa, sim. E muito como essa investigação foi conduzida – afirma o presidente.

Preocupado com a forma com que o inquérito se desenrolou, Medeiros disse que o Inter deseja que "testemunhas sejam ouvidas". E, como contraponto, pretende apresentar a perícia contratada pelo clube. 

– O Inter quer apresentar provas, quer que as testemunhas sejam ouvidas. O Inter tem a perícia, que deseja apresentar. Tem parecer de juristas no qual quer apresentar. Os advogados do Inter precisam olhar os laudos. A questão pode ter desdobramento na OAB. As prerrogativas são garantia no exercício da nossa profissão. Temos que estar preocupados com a forma do assunto do que com as penas que podem ser aplicadas ao clube - complementa o dirigente.

Medeiros ainda evitou criar quaisquer expectativas acerca de um parecer favorável ao clube no caso Victor Ramos no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). Com sede em Lausanne, na Suíça, o TAS atendeu ao pleito do clube e marcou uma audiência para o dia 4 de abril, antes do início das séries A e B do Campeonato Brasileiro (em 13 e 14 de maio, respectivamente) e, por coincidência, no dia em que o clube gaúcho completa 108 anos. De acordo com o mandatário, não há possibilidade de suspensão ao clube.

– Acho difícil a situação. Muito complicada mesmo. Seria leviano da nossa parte criar expectativa no que diz respeito ao resultado do CAS. O Marcelo pode ter, mas o clube tem que ter um preparo. ão tem previsão de suspensão para o clube. Tem previsão de multa. De suspensão a dirigentes e advogados. Essa questão não se aplica – garante Medeiros.

A DENÚNCIA FEITA PELA CBF

Em 9 de dezembro, a CBF enviou ao STJD um ofício no qual afirma que os e-mails que vazaram com uma suposta conversa entre o diretor de Registro e Transferência, Reynaldo Buzzoni, e dirigentes do Vitória, foram adulterados. As mensagens eletrônicas foram utilizadas pelo Inter para tentar reabrir o processo sobre a inscrição irregular do zagueiro Victor Ramos e, com isso, tirar pontos do time baiano e evitar o rebaixamento.  

Na época, a CBF negou que tivesse a intenção de acusar o Inter de falsificação de documentos. Alegou, porém, que os e-mails supostamente adulterados faziam parte do processo e pediu ao STJD que eles fossem legitimados e, caso a falsificação fosse comprovada, que o caso fosse levado para investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro.

Reynaldo Buzzoni é peça chave no imbróglio jurídico entre CBF e Inter (Foto: Reprodução / SporTV)

O Colorado, por sua vez, chegou a ingressar com pedido de "suspeição" à investigação. A reclamação inicial do departamento jurídico do clube teve a ver com o sorteio do auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva para conduzir o procedimento. O Inter contestava a manutenção do auditor por sua ligação com a CBF, uma das partes interessadas no inquérito. A contestação, porém, não foi reconhecida.

Sem sucesso no âmbito nacional, o Inter recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) e entende que a abertura do inquérito no STJD seria uma retaliação a isso. Com sede em Lausanne, na Suíça, o CAS atendeu ao pleito do clube e marcou o julgamento para o dia 4 de abril, antes do início das séries A e B do Campeonato Brasileiro (em 13 e 14 de maio, respectivamente) e, por coincidência, no dia em que o clube gaúcho completa 108 anos.

O CASO VICTOR RAMOS

Em 1º de dezembro, o Inter apresentou no STJD um documento com 42 páginas pedindo para fazer parte no processo que investigou supostas irregularidades na inscrição do zagueiro Victor Ramos, iniciado pelo Bahia. Na luta contra o rebaixamento, o clube gaúcho pedia que o tribunal reabrisse o caso para punir os baianos com a perda de pontos nas partidas em que o jogador atuou no Campeonato Brasileiro.  

A principal linha sustentada pelo clube gaúcho diz respeito ao não cumprimento das normas do Transfer Matching System (TMS), que regulamenta as transferências internacionais no futebol. O jogador, que pertence ao Monterrey, do México, estava emprestado ao Palmeiras até se transferir ao Vitória, em fevereiro do ano passado. Na visão dos advogados do Inter, essa negociação ocorreu de maneira irregular. 

No dia 8 de dezembro, o auditor Glauber Guadelupe, vice-procurador-geral do STJD, arquivou o pedido do Inter.  No dia seguinte, a CBF enviou um ofício ao STJD alegando que os documentos usados pelo clube no processo – a troca de e-mails entre o diretor da CBF e o Vitória – foram adulterados. A entidade pediu a impugnação dos documentos pelo tribunal. 

Inter segue envolvido na polêmica da inscrição de Victor Ramos (Foto: Ruan Melo)

O Inter, por sua vez, garantiu a autenticidade dos documentos. E, insatisfeito com a decisão do tribunal, entrou novamente, no dia 12 de dezembro, com um pedido de reexame do caso Victor Ramos no STJD. Uma semana depois, o procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua, optou por manter o caso arquivado.  

Depois, um documento registrado pelo 26º Ofício de Notas do Rio de Janeiro em 15 de dezembro apresentou a íntegra da troca de e-mails entre o diretor de registros da CBF, Reynaldo Buzzoni, e o Vitória, com instruções sobre os procedimentos necessários para a inscrição do jogador por parte do clube baiano.  

Fonte: Globo Esporte
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