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Ferrari promove mudança diretiva para acabar com jejum de 11 anos

A mudança ocorre depois de meses de uma crise interna que interferiu negativamente na performance da Scuderia

17/01/2019 12:40

Buscando acabar com seu jejum de títulos na Fórmula 1 —o último ocorreu em 2007, com o finlandês Kimi Räikkönen—, a Ferrari está vivendo uma transformação interna, com a troca de Maurizio Arrivabene pelo ex-diretor técnico Mattia Binotto como chefe da equipe.

A mudança ocorre depois de meses de uma crise interna que interferiu negativamente na performance da Scuderia, especialmente na segunda metade do ano passado, quando o time perdeu terreno para a Mercedes e viu Lewis Hamilton disparar para um título que acabou sendo fácil para o inglês.

O momento ruim veio após a morte repentina do presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, em julho. Ele tinha prometido a Binotto o cargo que era de Arrivabene, cuja inabilidade para gerenciar crises vinha incomodando desde a campanha de 2017. O então chefe, contudo, ganhou o apoio do novo diretor da Ferrari, Louis Camilleri, vindo, assim como Arrivabene, da Philip Morris.

Talvez acreditando que tinha ganhado força política suficiente para seguir no cargo, Arrivabene passou a tentar usar a melhora da Mercedes no último terço do campeonato como forma de criticar o corpo técnico ferrarista, jogando nele a responsabilidade por um título que ia escapando.

Sabendo da tensão interna na Ferrari, os rivais passaram a cortejar Binotto. Nos últimos anos, a Scuderia perdeu peças importantes especialmente para a Mercedes —Aldo Costa saiu de Maranello para ser o chefe de engenharia responsável pelos carros campeões do time alemão e, mais recentemente, Lorenzo Sassi levou os segredos do motor ferrarista para a Mercedes.

Fazer a vontade de Marchionne e promover Binotto foi, então, uma maneira da Ferrari proteger os segredos que fizeram o time ressurgir nos últimos dois anos.

A promoção do engenheiro mostra uma mudança de tática da Ferrari, que vinha colocando em posições de poder profissionais de outras áreas que não a engenharia. Os últimos chefes de equipe foram Stefano Domenicali, um administrador de empresas, Marco Mattiacci, um homem de negócios, e Arrivabene, que veio do marketing.

Com Binotto, o time volta a ter um engenheiro em posição proeminente, da mesma forma que Ross Brawn na época de domínio ferrarista no início dos anos 2000. Brawn não era chefe de equipe —e sim Jean Todt— mas tinha mais poderes do que os diretores técnicos tiveram desde então na Ferrari.

Binotto, inclusive, já estava no time naquela época vencedora. O suíço naturalizado italiano entrou jovem na Ferrari, em 1995, aos 26 anos, como engenheiro de motores da equipe de testes, e ocupou diversas funções na parte técnica até começar a chefiar a área de motores do time principal em 2013, quando o projeto da unidade de potência V6 turbo híbrida estava sendo finalizada.

O projeto inicialmente foi um fracasso, mas a equipe comandada por Binotto fez alterações nas temporadas seguintes que colocaram o motor Ferrari em pé de igualdade com o da Mercedes no último ano. Em 2017, Binotto saiu dos motores para a direção técnica da Ferrari, também com sucesso.

O crescimento especialmente do chassi foi surpreendente porque a equipe de Binotto era chefiada por engenheiros que vinham do trabalho em carros GT e de série da Ferrari —caso do chefe de aerodinâmica, Enrico Cardille, e do chefe de motores, Corrado Iotti— e acredita-se que a inexperiência da dupla tenha sido disfarçada pelas ideias que eram, na verdade, do ex-diretor técnico, James Allison, que deixou o time no início de 2017.

Como há uma mudança considerável no regulamento deste ano, com alterações nas dimensões das asas, fundamentais para a aerodinâmica do carro, e simplificação dos dutos de freio, que hoje são muito importantes na refrigeração dos pneus e também na aerodinâmica, muitos desses conceitos ficarão obsoletos.

Mesmo tendo se livrado de seu algoz na última temporada, portanto, Binotto tem um grande desafio pela frente, tendo de comandar uma equipe com vários focos de pressão: do corpo técnico a sua principal estrela, Sebastian Vettel, cuja temporada de 2018 ficou marcada pelos erros.

Fonte: UOL / Folhapress
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