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Com técnica sueca, seleção feminina de futebol busca legado

Essa expectativa é justificada pelo currículo vitorioso da sueca, bicampeã olímpica e vice-campeã mundial com os EUA, além de prata nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 com a Suécia, Pia Sundhage.

26/07/2019 08:31

O anúncio da contratação de Pia Sundhage  para o comando da seleção brasileira feminina de futebol desperta a expectativa sobre que tipo de novidades a treinadora poderá trazer não só para a equipe nacional, mas também para o desenvolvimento da modalidade no país.

Essa expectativa é justificada pelo currículo vitorioso da sueca, bicampeã olímpica e vice-campeã mundial com os EUA, além de prata nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 com a Suécia.

A nomeação de uma profissional estrangeira para o cargo é inédita na seleção feminina, mas já ocorreu na masculina no passado.

Primeiro técnico de fora do país a assumir a seleção, o uruguaio Ramón Platero comandou o Brasil nas Copas Américas de 1923 e 1925. Mas foi seu trabalho em clubes do Rio de Janeiro que conseguiu deixar um legado de inovações para a prática de futebol no país.

Técnico do Uruguai no Sul-Americano de 1919, disputado no Rio, Platero foi anunciado naquele mesmo ano como treinador do Fluminense. Em 1922, foi para o Flamengo, mas se viu envolvido em situação que só mesmo o futebol amador permitiria: também assessorava o departamento de futebol do Vasco, à época na segunda divisão carioca.

Com o acesso vascaíno à elite em 1923, escolheu seguir no cruz-maltino.

"Ele pede ao Flamengo que incluíssem o regime de concentração, com alimentação, e aparatos de ginástica. O Vasco lhe oferece o que ele havia solicitado, e dessa forma ele deixa o Flamengo.", diz à reportagem o presidente da Associação Uruguaia de Treinadores, Ariel Longo, autor do livro "Ramón Platero –El Rey Oculto".

No fim da década de 1930, surgiu no Brasil, sob a batuta de um húngaro, o que provavelmente foi a principal mudança tática do futebol brasileiro: a introdução do WM, primeiro sistema tático moderno.

O Flamengo contratou Dori Kürschner para substituir Flávio Costa, rebaixado a assistente da comissão técnica. No clube carioca, implementou a linha de três defensores, uma resposta que o futebol europeu havia dado à mudança na regra do impedimento.

A novidade seria aplicada na formação do time que Flávio Costa montaria na seleção da Copa de 1950.

Após aquele Mundial, outro húngaro desembarcaria no país para trazer aspectos táticos novos e influenciar o futebol como um todo. Béla Guttmann chegou ao São Paulo em 1957. Com ênfase em trabalhos de organização da equipe e treino de fundamentos, tentava mostrar aos atletas, na prática, como fazer cada exercício.

Assim como Flávio Costa fizera com Kürschner, Vicente Feola aproveitou a passagem de Guttmann para aprender conceitos e ampliar seu conhecimento teórico. Com o esquema que herdou do húngaro, o 4-2-4, comandou a seleção brasileira ao seu primeiro título mundial, em 1958.

No futebol globalizado, diminuiu de maneira significativa a importância desse tipo de intercâmbio. As informações sobre como se joga em diversos países estão à disposição dos profissionais do esporte.

Contudo, para o futebol feminino brasileiro, que ainda está em desenvolvimento, a aparição de Pia Sundhage pode surtir efeito semelhante, se não em aspectos táticos, como Kürschner e Guttmann, em questões organizacionais e de estrutura, como Platero.

Fonte: Folhapress
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