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Brasileira ganha título europeu no jiu-jítsu após vender marmita

Ela havia praticado o esporte na adolescência, mas o abandonou para ficar apenas com o judô, modalidade que a permitia ganhar dinheiro como atleta de prefeituras em competições regionais.

03/03/2020 17:19

Érika Andrade, 35, passou 17 anos sem disputar qualquer competição de jiu-jítsu. Ela havia praticado o esporte na adolescência, mas o abandonou para ficar apenas com o judô, modalidade que a permitia ganhar dinheiro como atleta de prefeituras em competições regionais.
No ano passado, ela decidiu voltar. O primeiro torneio foi o Campeonato Paulista, em que ficou com a medalha de ouro. Depois veio o Sul-Americano, também vencido. A maior conquista veio em Lisboa: o título europeu. Apesar da denominação, a competição é aberta para competidores de qualquer continente.
"Todos os campeonatos de que participava, ganhava", diz Érika, que mora em São Vicente, litoral paulista, onde trabalha como personal trainer e professora de educação física.
Mas, cada vez que quer competir, a atleta precisa montar uma operação financeira considerável. Sua principal atividade para arrecadar fundos é vender marmitas.
"Eu ia nos treinos com potinhos de marmitas saudáveis que a nutricionista passava. Os meus alunos achavam bonitas. Foi quando tive a ideia de começar a prepará-las e vendê-las para financiar as viagens. É sazonal. Depende dos pedidos." Ela aumenta a produção quando os torneios e as viagens se aproximam.
Os títulos dos torneios não lhe dão qualquer recompensa financeira, por isso ao ganhar suplementos alimentares, Érika não consome tudo. Guarda uma parte e, ao juntar quantidade razoável, faz uma rifa. Cada número é vendido por R$ 5 ou R$ 10.
"Não é só isso. Lanço vaquinhas virtuais, peço depósitos na minha conta. Qualquer coisa que faça eu conseguir competir. Patrocínio, eu não tenho. É muito gasto", diz.
O único evento de que ela quis participar e não conseguiu foi o Mundial nos EUA de 2019. Tentou, mas teve o visto negado pelo consulado americano em São Paulo.
Na opinião da lutadora, houve uma desconfiança dos funcionários de que poderia permanecer no país de maneira ilegal. Solteira e sem filhos, ela trabalha como autônoma, sem registro oficial.
Érika afirma que pretende tentar de novo no Mundial de agosto de 2020, novamente nos EUA. Antes, haverá o Brasileiro, considerado por ela o campeonato mais difícil que existe no jiu-jítsu.
Tal qual no europeu, atletas de qualquer nacionalidade podem se inscrever. Torna-se um mundial, mas sem a restrição americana por causa do visto. Pode chegar a 8.000 participantes e durar uma semana.
Atualmente há tantas competições do esporte que, se quisesse, Érika poderia disputá-las todos os finais de semana. Querer, ela quer. Mas falta dinheiro.
A academia em São Vicente onde treina, a Tio Chico, ajudou com R$ 1.000 na vaquinha para pagar a passagem para Lisboa e quitou os R$ 630 da inscrição no Europeu.
Foi importante, mas as passagens custaram R$ 4.500, e ela teve que pagar alimentação, estadia e outros gastos.

Fonte: Folhapress
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