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Vereador que atuava como médico tinha clínica clandestina em centro espírita

mbulatório tinha farmácia com milhares de amostras grátis, inclusive antibióticos e antidepressivos. Dentista por formação, Waldyr Villela (PSD) é investigado por distribuir receitas e remédios.

04/08/2017 13:31

Investigado por atuar como médico, apesar de ser graduado em odontologia, o vereador de Ribeirão Preto (SP) Waldyr Villela (PSD) mantinha uma clínica clandestina em um centro espírita, onde realizava consultas gratuitas à comunidade.

A afirmação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, que, com a Polícia Civil, cumpriu um mandado de busca e apreensão no local nesta quinta-feira (3).

Procurado pelo G1, Villela não foi encontrado em casa e o celular pessoal dele está desligado. O gabinete dele na Câmara informou que o vereador está afastado por licença médica e que nenhum assessor está autorizado a se manifestar sobre o caso.


O vereador Waldyr Villela (PSD) é alvo de investigação em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

G1 entrou em contato com a Sociedade Espírita André Luiz de Ribeirão Preto, mas ninguém atendeu às ligações.

O ambulatório usado por Vilella tinha até uma farmácia com milhares de amostras grátis – a quantidade ainda está sendo contabilizada. Havia no local, inclusive, remédios cuja compra só é possível com retenção de receita, como antibióticos e antidepressivos.

“O estabelecimento não dispunha de qualquer licença para operar, não ostentando alvarás do CRM (Conselho Regional de Medicina), do CRO (Conselho Regional de Odontologia), nem sequer alvará da Vigilância Sanitária municipal”, diz nota enviada pelo Gaeco.

Único parlamentar da base aliada da ex-prefeita Dárcy Vera, que está presa por suspeita de fraudes em licitações que somam R$ 203 milhões, Villela passou a ser investigado pela Polícia Civil e pelo Gaeco após a deflagração da Operação Sevandija.

Em nota, o Gaeco informou ter recebido denúncia de que Villela, que é dentista por formação, atuava como médico e utilizava receituário de outros profissionais de medicina. Desde junho, o parlamentar estava sendo monitorado pela polícia.

A investigação apontou que o vereador ainda usava o carro da Câmara para se locomover de casa até o centro espírita. Um assessor dele, contratado pelo Legislativo, também é suspeito de atuar no ambulatório, no atendimento dos pacientes.

“Levantamento do Gaeco indicou confirmação da parte das notícias, sobretudo desvio de servidores públicos, diante do que foi solicitado ao Centro de Inteligência da Polícia Civil a apuração dos fatos”, diz nota.


Gaeco diz que vereador de Ribeirão Preto Waldyr Villela (PSD) mantinha clínica clandestina em centro espírita (Foto: Ministério Público/Divulgação)

Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quinta-feira, sendo um no gabinete de Villela na Câmara, outro na casa do parlamentar e o terceiro no centro espírita, no bairro Tanquinho, zona norte de Ribeirão.

Na casa de Villela, foram apreendidos talonário de receituário parcialmente utilizado e uma receita preenchida. Segundo o Gaeco, havia uma estrutura típica de clínica: duas salas de espera, sala de pré-atendimento, salas de atendimento e estoque de medicamentos.

A Polícia Civil informou que na porta da clínica havia um cartaz informando sobre reformas devido à falta de alvará, “dando conhecimento público que o local se trata de fato de um ambulatório e funcionava em desconformidade com a legislação municipal”, diz nota enviada à imprensa.

Ainda segundo a polícia, o vereador é investigado pelos crimes de exercício irregular da profissão, uso de documento falso, peculato, corrupção passiva e ativa.

O Conselho de Ética da Câmara de Ribeirão instaurou um procedimento para apurar se houve quebra de decoro de Villela. O primeiro passo da comissão será recomendar ao vereador que se afaste das funções na Mesa Diretora - ele é o primeiro vice-presidente.

Entretanto, o parlamentar pediu afastamento do cargo na última semana, pelo período de 10 dias, alegando licença médica.

Fonte: G1
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