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Vavá Ribeiro comemora 30 anos de carreira com live

O cantor aguarda o fim da pandemia para realizar o show de lançamento do seu CD inédito "œO que seria de mim sem o caos?".

15/05/2021 10:15

Já não é mais novidade que a pandemia mudou a rotina de todos e, no universo artístico, não foi diferente. O que de fato não muda, há quase três décadas, é a paixão do cantor e compositor Vavá Ribeiro, de 45 anos, pelo Piauí. Consagrado em cenário nacional e local, ele conquistou fama, respeito e inúmeros fãs pela capacidade de interpretar canções difíceis que exaltam as belezas do Estado e a cultura nordestina, onde vive até hoje. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Dia, o artista piauiense falou sobre os impactos da pandemia no setor artístico, carreira, amizade com Vander Lee, além de projetos que estão por vir.


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“Eu tive a oportunidade de ficar em São Paulo, no Rio de Janeiro, nos Estados Unidos quando eu viajei com o Belchior... Eu pensei: mas que prazer eu teria de fazer sucesso aqui, de ser mais um nessa multidão, se eu posso fazer a diferença no meu Estado. Então foi por isso que eu decidi ficar. Muita gente pergunta o motivo de eu não ter ido embora, mas eu acredito que a gente acaba contribuindo também, de alguma forma, para que os artistas tenham o entendimento que é preciso acreditar na nossa gente, no nosso povo, porque é muito triste quando dizem que o nosso povo não acredita na gente”, explica.

Foto: Assis Fernandes / O Dia 

Natural de Oeiras, Vavá começou a cantar aos 14 anos no interior da Bahia e, aos 17, se encantou definitivamente pela música. O artista teve influência do melhor da música mineira, roque sulista, a bossa carioca e além das grandes pérolas da Bahia.

Amizade com Vander Lee

Em sua trajetória, fez muitos amigos. Vanderli Catarina, mais conhecido como Vander Lee, foi um deles. O músico morreu em agosto de 2016, após um processo cirúrgico proveniente de um Infarto. Vavá lembra com muito carinho como conheceu o artista. Inclusive, eles gravaram a música “Na Morada”, em 2010, que está disponível em todas as plataformas digitais.

“Muita gente sabe da minha amizade com o Vander Lee e que ela começou por acaso. Na oportunidade que esteve com o Belchior, nos Estados Unidos, eu estava hospedado em uma casa que tinha um acervo musical muito grande de um brasileiro que morava lá. O que me chamou atenção foi um CD que tinha uma foto do Vander Lee, que era bem parecido com um amigo que tinha na Bahia. Foi então que eu abri o CD e me identifiquei muito com a linguagem de mundo dele e gostei das músicas. Ao retornar para o Brasil, eu cantei várias músicas dele e logo estourou no Rio. Foi a partir disso que o Vander Lee apareceu para o mundo e só anos depois o conheci pessoalmente no Projeto Seis e Meia”, disse.

A pandemia

Vavá analisou os efeitos da pandemia no setor artístico. Para quem dependia de festas, eventos e público para colocar comida na mesa, os últimos meses têm sido desafiadores. Ele conta que mais do que rever o público, os artistas têm necessidade de exercer o dom que tanto encanta.

“O efeito é imensurável. Ele é devastador, economicamente falando, porque nenhum artista imaginou que da noite para o dia não poderia fazer o show, que é o que o artista sabe fazer de melhor. Eu vejo muitos artistas tentando se reinventar porque nós precisamos sustentar as nossas famílias. Isso inclui também proporcionar moradia, escola, alimentação... Eu sei que nesse momento tem muitas pessoas passando necessidade, e sob o ponto de vista cultural, eu vejo que houve uma perda muito grande nos conteúdos produzidos pelos artistas”, completa.

O artista diz ainda que a arte é um alicerce importante para que a população passe por esse momento de isolamento

“Independentemente do momento, a arte é um objeto que ressignifica a vida do ser humano. Ela é capaz de aliviar as dores, tristezas, às vezes até traz e isso é muito relativo. Eu creio que houve uma reciprocidade, uma demonstração de humanização, entre os artistas e a sociedade em geral quando a pandemia chegou e a gente teve que criar uma forma de comunicação. Então vieram as lives em troca de couvert colaborativo. Isso foi muito importante para passarmos por esse momento e também pela forma que a sociedade apoiou”, conta.

Vavá concorda com as medidas adotadas pelas autoridades em relação à manutenção do setor no Estado. Porém, pontua as falhas de políticos e da própria Lei Aldir Blanc, criada para socorrer a cultura.

“Eu apoio em prol de menos perdas, mas entendo também que há um pano de fundo falso e consigo ver as formas que os políticos usam isso a sua conveniência. Nas eleições, por exemplo, pareceu que eles (autoridades) deram uma pausa no vírus e depois todo discurso voltou como era antes, como se eu tivesse o privilégio de entender a doença apenas na conveniência deles. Em relação à classe, a gente sabe que foi muito importante a Lei Aldir Blanc, mas a gente lamenta que na execução do processo haja falhas porque a gente sabe que muitos artistas ficaram desassistidos”.

Para o artista, o pós-pandemia será lento, gradual e seguro. Enquanto isso não acontece, ele pede a valorização dos artistas locais.

“A única coisa que a população deve se preocupar nesse momento é em sobreviver. Vamos ter paciência e ser tolerante com os que convivem conosco. O estresse nesse momento está nas alturas. A dica que eu deixo é aproveitar os artistas locais nos canais digitais. Além disso, acreditar que iremos sobreviver a tudo isso e reaver os nossos hábitos”, explica. (Jorge Machado)

30 anos de carreira

Se não fosse a pandemia, Vavá Ribeiro teria lançado em março do ano passado o seu novo CD “O que seria de mim sem o caos?”. Em agosto, o cantor piauiense deve fazer uma live em comemoração aos seus 30 anos de carreira.

“Eu só vou lançar em projeto de forma presencial. Eu não abro mão desse show e vou esperar a pandemia passar e as coisas voltarem ao normal para eu lançar esse disco. Ele está repleto de músicas maravilhosas que, com certeza, vão ressignificar a vida do ser humano. Eu chego a dizer que esse é manual para não morrer. Tem uma música de lá que se chama “Hera”, que já está nas plataformas digitais. E vem ainda a minha live de 30 anos de carreira, que deve ocorrer em agosto com muitas músicas e histórias para contar”, finalizou. (Jorge Machado)

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