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Tiago Iorc: vaza nude ou pornografia de vingança; entenda a diferença

O ato de divulgar fotos intimas sem consentimento da vitima tem pena prevista é de 1 a 5 anos de reclusão.

15/07/2020 11:42

O cantor Tiago Iorc, está entre os assuntos mais comentados no Twitter, isso porque vazou um suposto nude do artista em sua conta do Instagram.  Porém vale ressaltar, que a repercussão e danos da divulgação de fotos intimas são diferentes para homens e mulheres, como podemos ver na publicação do piauense Whindersson Nunes.


O humorista Whidersson Nunes comenta no twitter sobre a divulgação de fotos intimas do cantor. Foto: Reprodução/Twitter

Mas, para além da Lei 13.718/2018 que prevê como condutas criminosas “atos de oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio, fotos, vídeo ou material com conteúdo relacionado à pratica do crime de estupro, ou com cenas de sexo, nudez ou pornografia, que não tenham consentimento da vítima”, com pena prevista é de 1 a 5 anos de reclusão. Você sabe quais as consequências sociais e econômicas de divulgar fotos e vídeos sem consentimento da vítima?


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Já ouviu falar sobre sextorsão, estupro virtual e pornografia de vingança? O portal O Dia conversou com a mestra em sociologia e pesquisadora de gênero e pornografia, Samira Ramalho para falar sobre esses crimes, que em sua maioria, tem como vítimas mulheres.

De acordo com Samira Ramalho, a diferença entre pornografia de vingança e a divulgação de fotos intimas sem intenção, como provavelmente tenha sido o caso do cantor Tiago Iorc, está no ato de quem divulga. Mas os efeitos também podem ser devastadores, porque é algo que não pode ser desfeito. 


Suposto nude do Tiago Iorc vaza nas redes sociais. Foto/Instagram

“A pornografia de vingança, (revenge porn em inglês) é quando uma pessoa expõe vídeos ou fotos íntimas envolvendo outra(s) pessoa (s), geralmente do ato sexual sem autorização e com o objetivo de se vingar e provocar danos emocionais e à imagem da pessoa vitimizada. Em geral, isso acontece após o término frustrado de um relacionamento amoroso. É crime e há uma lei para isso, a Lei Rose Leonel”, explica.

A pesquisadora acredita, com exceções, que é difícil um vazamento de vídeo e fotos íntimas sem intenção, quando feitos por outros, são intencionais e criminosos. E quando a vítima é mulher pode causar danos graves à imagem e à vida delas. Levando à depressão, pânico e até suicídio. Muitas precisam se esconder e chegam a mudar de cidade ou país.


Samira Ramalho, mestra em sociologia e pesquisadora de gênero e pornografia. Foto:Reprodução/Instagram 

“Na grande maioria das vezes as mulheres são vítimas e, sim, eu classifico como uma violência de gênero, até porque a percepção sobre esse tipo violência é muito diferente de acordo com o gênero.  Para as mulheres, a exposição do exercício da sexualidade delas é algo humilhante, objetificante, bastante violento. Não que a sexualidade para elas seja algo violento, mas a resposta da sociedade à sexualidade “livre” das mulheres é bastante reacionária e violenta. Ainda há muitas formas de controle sobre a sexualidade, em geral. E a sexualidade e a reprodução são as primeiras formas de controle sobre as mulheres e uma grande barreira à nossa cidadania”, afirma Samira Ramalho.

Filmes retratam a divulgação de imagens intimas com humor

Sextorsão ou estupro virtual não são termos de conhecimento popular, mas são assuntos de matérias e histórias conhecidas na sociedade. A sextorsão, por exemplo, ocorre quando a pessoa é chantageada por causa de uma foto ou vídeo onde está nua ou realizando atos sexuais. Com este material em mãos, o agressor obriga a vítima a ceder e ter relações sexuais com alguém, entregar dinheiro ou qualquer outra moeda de troca, para que sua imagem não seja exposta.

Já o estupro virtual, o criminoso ordena que a vítima grave cenas para lhe satisfazer. Além disso, o abusador ameaça divulgar as fotos e vídeos da vítima. Porém, nos filmes estas realizadas são interpretadas de formas icônicas, como explica a pesquisadora de gênero e pornografia Samira Ramalho.

“Eu vejo alguns filmes de ficção tratando disso, mas de forma bem humorada. Só que nas comédias geralmente são vídeos de um casal que tenta a todo custo barrar o espalhamento ou um homem que teve um vídeo vazado pela namorada, mas que o grande problema do vídeo é mostrar que ele tem ejaculação precoce e isso é visto como algo negativo para o homem. O que está em jogo é sua capacidade ou não de satisfazer sexualmente uma mulher? Enquanto que para as mulheres vídeos assim as desumanizam”, pontua Samira Ramalho. 

Por: Sandy Swamy
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