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Flávio Stambowsky lança o álbum solo "Areia cinza"

Para o músico Flávio Stambowsky, não há nada mais narcisista do que um álbum solo. Por isso tentou adiar ao máximo a empreitada mas não teve jeito

16/01/2019 09:39

Trilhando carreira de mais de vinte anos como baixista e guitarrista, às vezes vocalista, mas sempre compositor, escutou dos colegas a vida inteira que uma hora teria que liberar o artista solo que latejava no inconsciente.

Deve ser por esta razão que o refrão de “Luzeiros” diz “Olha eu aqui, faz tanto tempo que eu me escondo atrás de mim”.

No primeiro dia de gravação propôs que todos os envolvidos se comprometessem mais com as canções e menos com o artista, que gravassem felizes e estes atenderam o pedido com extrema singeleza e cuidado musical.

Flávio declama o poema “O limite” avisando que o coração é cheio de gana, mas em seguida solta um singelo xote existencial (“Areia cinza”) com violão de Toninho Horta, talvez pra evidenciar a nordestinidade ou a paixão pela música mineira, e Toninho volta tocando guitarra no jazz agreste “Benjamim” e na instrumental “Carol e Toninho”, quando o artista se curva aos mestres das esquinas de BH.

“É um dos maiores guitarristas do mundo. Eu compus uma música em homenagem ao Clube da Esquina e convidei o Toninho sem muita esperança. Ele veio, e gravou não só ´Carol e Toninho´, mas três músicas! ”

A liberdade de um trabalho solo é interessante porque possibilita um traço ultra romântico, “Luzeiros”, lado a lado com  um jingle chamado “Fortalezinha”, ou uma reinvenção de “Feira moderna”, dividindo vocais com o superstar Paulo Ricardo.

“No caso do Paulo foi também muito legal porque ele ama demais essa música. Gravou as vozes e tudo acabou virando clipe, a ser lançado na hora correta. O Paulo Ricardo foi fundamental para o trabalho com um todo. Por meio dele conheci o pianista Ruben Cabrera e o produtor Marco da Costa e tudo começou a partir daí. Foi mais que natural a presença dele no álbum.”

De outra forma, convida o ouvinte a encarar uma trama provocativa chamada “O Louco da cidade”, quando diz “o que é distante e obscuro está bem do seu lado, bem no seu mundo”.

Musicalmente em alguns momentos o disco sugere “jam sessions” como em “Carol e Toninho” e “Pra acalmar”, mas falando de poesia há violência urbana (“Fortalezinha”), poesia sertaneja (“Benjamim”) e filosofia nas relações humanas (“Décadas”).

O disco foi gravado em São Paulo, com produção de Marco da Costa (Grammy pelo álbum de estreia de Maria Rita) e Guilherme Canaes (Grammy pelo áudio de “Zezé de Camargo  e Luciano, em 1994), arranjos de André de Sousa e participação de músicos nordestinos e ´sudestinos´, propositalmente, a fim de imprimir esta simbiose roqueira/mpbista/bossanovista.

Flávio Stambowsky nasceu em Teresina e radicou-se na Fortaleza terra de sua família paterna, onde começou nos festivais de escola, sendo vencedor aos 17 anos na categoria composição. O sobrenome estrangeiro vem do avô, russo casado com uma Pernambucana. 

Depois fundou a primeira banda com trabalho próprio aos 19 anos e mais tarde foi vocalista da Altifalante, que lançou o primeiro disco em 2006, mas parou as atividades na fase de mixagem do segundo.

É baixista e compositor, tendo em torno de 20 músicas lançadas em álbum de outros artistas; há 7 anos toca baixo no trio do guitarrista André de Sousa, e escreveu o livro infantil “Um narizinho no fundo do mar”, lançado pela editora cearense “Demócrito Dummar”.


Por: Marco Antônio Vilarinho
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