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Filme "˜Os Pobres Diabos"™ estreia nesta quinta-feira, no Cinépolis

O longa traz Chico Diaz e Silvia Buarque no elenco.

04/07/2017 10:47

“A arte tudo vence” – é com essa certeza do personagem Arnaldo que o filme Os Pobres Diabos constrói sua narrativa, intercalando a magia do circo com as dificuldades de fazer e viver da arte. O trabalho mostra um elenco de circo pobre, que em vários momentos fazem metalinguagem como cordel, como é o caso de interpretação do “Auto de Lampião no Além”, do dramaturco piauiense José Gomes Campos. O público poderá prestigiar o trabalho no dia 06 de julho em várias salas do cinema do país. No Piauí, o filme será exibido no Cinépolis do Shopping Rio Poty.

O artista, a magia e a luta cotidiana pela sobrevivência. Assim se desenvolve a trama do filme “Os Pobres Diabos”, de Rosemberg Cariry. Com um elenco de estrelas formado por Chico Diaz, Sílvia Buarque, Everaldo Pontes, Gero Camilo, Zezita Matos e Sâmia Bittencourt, entre outros nomes, o longa apresenta ao público o Gran Circo Teatro Americano, uma companhia mambembe e pobre, que perambula por pequenas cidades do sertão nordestino até armar a tenda em Aracati, no litoral do Ceará. 

No filme os Pobres Diabos, o diretor mostra-se sereno e atento aos mínimos detalhes, na condução do seu modo de fazer cinema, com um toque autoral. Embora se veja favorecido pela revolução tecnológica em curso na área, explora a sua faceta humana, natural e artesanal. Sabe que depende sempre ainda da expressão dramática de atores e atrizes, do rigor da fotografia, da generosidade da luz solar, da criatividade diligente e inspirada da direção de arte. Sob o rigor de uma narrativa que se propõe simples, a exemplo das narrativas da literatura de cordel, o filme recria e funde artes e artimanhas, saberes e sentimentos, arquétipos e sonhos, tradições perdidas e relidas, tempo presente e pretérito, em busca de um sentido estético capaz de vencer o vazio individualista e globalizante, na era do desfazimento de tudo, em especial, da dissolvência cultural da chamada pós-modernidade. 

O diretor não se preocupa em revelar um universo fechado ou pitoresco da cultura nordestina, por perceber que muitas vezes isso pode resvalar para estereótipos e clivagens muito próximas do preconceito. Para Rosemberg Cariry, “A discussão sobre o significado de cultura e especificidade cultural é um desafio para o qual devemos estar sempre atentos. Nesse sentido, como artistas de circo, os personagens têm em comum a característica de viajantes e nômades: com o passar do tempo, eles vão adquirindo características de tantos lugares por onde passaram e/ou viveram, que já não é possível identificar de onde eles vieram, ou que lugar ou cultura representam. Esta decisão está refletida na escolha que fizemos dos atores e atrizes de Os Pobres Diabos, vindos de várias regiões do país”.

Os Pobres Diabos mergulha em uma gostosa e envolvente história, já que no circo, o público também faz parte do espetáculo. O filme consegue reunir crítica social, pitadas de humor e um pouco também de drama. “Livre, poético e humanamente político. Poder trabalhar em um ambiente autoral e regional é um privilégio, ainda mais nos dias que correm, onde a voz única de mercado e de superfície condenam qualquer voz dissonante. Poder trabalhar em um tema que versa sobre a condição do artista, ambientado em um pequeno circo  onde glória, poder, amor e arte se misturam é uma sorte”, assim fala o ator Chico Diaz sobre sua experiência nesse trabalho. 

A escolha do elenco foi parte fundamental do processo, já que o filme traz o encontro de atores profissionais do teatro e do cinema com artistas circenses. Chico Diaz, diz da sua satisfação em realizar esse filme: “Poder trabalhar em um ambiente autoral e regional é um privilégio, ainda mais nos dias que correm, onde a voz única de mercado e de superfície condenam qualquer voz dissonante. Poder

trabalhar em um tema que versa sobre a condição do artista, ambientado em um pequeno circo onde glória, amor, poder e arte se misturam é uma sorte. Poder trabalhar em família é uma bênção. A minha, a do Rosemberg, a do circo. Devemos muito à família circense reunida”. “Realizamos um cinema que se coloca dentro da vida, um destino que se constrói junto ao acaso. No set, improvisamos muito e incorporamos cada dificuldade, cada chuva, cada dia de sol, cada talento ou idiossincrasias dos atores”, completa Rosemberg.

Para Silvia Buarque, o filme abriu-se com um bom desafio: “Trabalhei o personagem pelo afeto e até pela compaixão mesmo, no fundo, a Creuza é uma mulher carente e infeliz. Mas a Creuza tomou corpo mesmo quando começamos a rodar o filme e o Rosemberg foi me conduzindo, com a sabedoria dos mestres, que nos conduzem entendendo e ouvindo quem somos e o que pensamos. É claro que um mês no set, convivência diária, conversas, improvisações, tudo isso foi fundamental para essa comunhão. Foi uma das experiências mais ricas na minha vida profissional no cinema”.

Apesar da obra ser uma ficção, o diretor afirma que filme é uma memória reinventada da infância nos sertões do Ceará. “Lembro-me das atrações, do leão faminto que (conforme a lenda) alimentava-se de gatos; lembro-me também da cantora de rumba, do homem forte, do palhaço que cantava pelas ruas convidando para o espetáculo. As crianças que respondiam aos bordões, acompanhando os palhaços. Éramos transformados em atores coadjuvantes do grande espetáculo. Nesse sentido, o circo tinha uma função também iniciática. O sonho de todo menino do sertão era ser palhaço, mais do que trapezista ou domador de leão”, explica.

Sinopse

“Gran Circo Teatro Americano” perambula por pequenas cidades dos sertões, até chegar à cidade de Aracati, onde monta uma peça teatral. No cotidiano do circo, acontecem aventuras, nas quais os personagens agem ao modo picaresco dos anti-heróis da literatura de cordel e do romanceiro popular. As dificuldades se acumulam, mas a arte ajuda a superar desventuras e tragédias. O espetáculo não pode parar.

Sobre o diretor

O cineasta Rosemberg Cariry, nasceu em Farias Brito – Ceará, no ano de 1953. Realizou doze filmes de longa-metragem como, Corisco e Dadá (1996), Patativa do Assaré, Ave Poesia (2007) e Siri-Ará (2008). Para a TV realizou dezenas de seriados, documentários e programas. É jornalista, escritor, poeta e pesquisador das culturas populares brasileiras, tendo publicado vários livros. Participou de várias entidades nacionais de cineastas e lutou pela diversidade do cinema brasileiro, sendo um dos responsáveis pelo processo de “regionalização” dos meios de produção audiovisual, que tem mudado o panorama do cinema brasileiro. 

Sobre a Cariri Filmes

Criada em 1986, a Cariri Filmes é pioneira no nordeste na produção de filmes de longa-metragem e programas para TV, documentais e educacionais. Bem mais do que uma empresa brasileira que produz filmes, vídeo e produtos culturais, a Cariri Filmes é uma interação entre artistas e técnicos do Nordeste e de outras regiões do Brasil que, unindo talentos, experiências e conhecimentos, produzem filmes e produtos audiovisuais de qualidade nacional e internacional, tendo conquistado prêmios em festivais nacionais e internacionais.

A Lume Filmes

A Lume Filmes é uma distribuidora brasileira que atua há mais de dez anos nos segmentos de salas de cinema, home-vídeo, televisão e, mais recentemente, plataformas VOD. Com foco na distribuição de cinema autoral e independente, busca levar ao público as mais variadas culturas cinematográficas, dos mais diversos países, através de títulos como Lola (Filipinas, 2009, Brillante Mendoza), Azul Profundo (Grécia, 2010, Aris Bafaloukas), Mãe e Filha (Brasil, 2011, Petrus Cariry), Super Nada (Brasil 2012, Rubens Rewald), O que se move (Brasil, 2013, Caetano Gotardo), Apenas Entre Nós (Croácia/Sérvia/Eslovênia, 2015, Rajko Grlic ), Signo das Tetas (Brasil, 2016, Frederico Machado).

Ficha técnica

Diretor: Rosemberg Cariry

Elenco: Chico Diaz, Sílvia Buarque, Everaldo Pontes, Gero Camilo, Zezita Matos, Sâmia Bittencourt, Nanego Lira, Georgina de Castro, Reginaldo Batista Ferro, Letícia Sousa Perna e Sávio Ygor Ramos

Produção executiva: Bárbara Cariry

Direção de produção: Teta Maia

Roteiro: Rosemberg Cariry

Fotografia: Petrus Cariry

Som: Yures Viana e Érico Paiva (Sapão)

Desenho sonoro e mixagem: Érico Paiva (Sapão)

Direção de arte e figurino: Sérgio Silveira

Cenografia: Sérgio Chaves

Trilha sonora original: Herlon Robson

Fonte: Ascom
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