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Ostentação, calote e infelicidade

Leia a coluna Roda Viva desta segunda-feira.

02/12/2018 19:12

Ostentação, calote e infelicidade

Os brasileiros que estão com o nome sujo na praça, por conta de dívidas acumuladas nos últimos meses ou anos, parecem não estar muito preocupados em regularizar suas situações. É o que mostra um levantamento realizado pelo SPC Brasil, segundo o qual 27% dos brasileiros pretendem usar o 13º salário para poupar ou investir, enquanto 23% têm a intenção de usar o dinheiro extra para compras de Natal. E apenas 17% pensam em pagar dívidas atrasadas. O comportamento da maioria, segundo o estudo, é exatamente o contrário do que pregam os consultores de finanças pessoais, que recomendam priorizar o pagamento de dívidas, para, em seguida, equilibrar o orçamento, poupar e, só então, se sobrar algum dinheiro, consumir novos produtos e serviços. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil indicam que, em outubro, havia 62,9 milhões de inadimplentes no país. O valor médio da soma de todas as pendências é de R$ 2.615,98 - mas 14% não sabem quanto devem. Esses dados mostram que a cultura de consumismo inconsequente permanece forte no país mesmo em tempos de crise. E, provavelmente, esse fenômeno tem relação direta com um comportamento que se disseminou entre os brasileiros nos últimos anos: o da ostentação. Hoje, é muito comum observar pessoas gastarem tudo o que têm e até o que não têm para apresentar, nas redes sociais, um alto padrão de vida (o chamado "lifestyle"), que, na imensa maioria dos casos, não corresponde à realidade financeira dessas pessoas. E o Instagram é o espaço mais utilizado para esses exibicionismos pueris. Não à toa, ele foi apontado como a rede social mais nociva para a saúde mental das pessoas, conforme estudo realizado pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. A sensação de vazio e de infelicidade é comum tanto entre aqueles que ostentam, cuja satisfação está diretamente relacionada à quantidade de "likes" que recebem, como entre aqueles que veem as exibições banais, por acreditarem que a felicidade só pode ser alcançada através do consumismo irracional.

Durante três dias, neurologistas do Ceará, da Bahia e do Rio Grande do Norte receberam, no Centro Integrado de Reabilitação do Piauí (Ceir), um treinamento para aplicação de toxina botulínica em espasticidade, aumento involuntário da contração muscular que pode surgir em qualquer músculo e que impede o indivíduo de fazer as suas atividades diárias, como andar, comer ou falar, por exemplo. De acordo com o neurocirurgião Francisco Alencar, o Ceir é referência não apenas no tratamento, mas também nas técnicas de aplicação da toxina em pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC); paralisia cerebral; lesões cerebrais e medulares, que ocorrem em vítimas de acidentes de trânsito, por exemplo; esclerose múltipla; microcefalia; entre outros problemas que provocar a espasticidade.

Reeducar

O Projeto Reeducar, conduzido pela 10ª Promotoria de Justiça de Teresina - órgão de execução do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Nupevid), do Ministério Público do Piauí -, foi selecionado como finalista do prêmio “Melhores Práticas do Ministério Público do Piauí”. O prêmio visa identificar, reconhecer, estimular e divulgar práticas bem sucedidas que contribuam para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 

Reflexão

Desenvolvido ao longo de nove módulos com homens que respondem judicialmente por crimes enquadrados na Lei Maria da Penha, o Reeducar busca promover a reflexão sobre a cultura machista e de desigualdade de gênero no país, fomentando uma mudança de comportamento nos agressores. 

Reconhecimento 

A promotora de Justiça Amparo Paz, coordenadora do Reeducar, destaca que estar entre os finalistas do prêmio já é uma grande vitória e reconhecimento da importância do projeto para a sociedade. “Nós executamos palestras, dinâmicas, rodas de conversa e mais uma série de atividades no sentido de evitar que estes homens voltem a se envolver em situações dessa natureza e, graças ao trabalho de uma equipe comprometida, o nível de reincidência é zero”, pontua.

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