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Piauí 2019 nos cálculos do IBGE

Confira o texto publicado na coluna Piauí Presente no Jornal O Dia.

03/09/2019 09:37

O IBGE divulgou as estimativas da população para 2019 para o país, as Unidades das Federação e todos os Municípios, tendo 1º de julho como data de referência. Em 2020, voltará a divulgar as estimativas para o ano, mesmo com a realização do Censo Demográfico a partir de outubro, que tem como referência a data de 30 de setembro. É que os resultados do Censo só deverão ser divulgados em julho de 2021. Em geral, não tem havido muita divergência entre as estimativas do IBGE e os resultados dos Censos.

Além de uma indicação da evolução demográfica do país, dos estados e municípios, a estimativa serve de base legal para a distribuição do FPE – Fundo do Participação dos Estados e do FPM – Fundo de Participação dos Municípios. 

Os números divulgados não tiveram muita repercussão, sobretudo no Piauí, porque não houve mudanças significativas no crescimento da população. Mas, sobretudo no Piauí, a novidade é justamente essa: “estamos sem novidades no front demográfico”. O Brasil cresceu 0,79% no ano, atingindo a população de 210.147.125 habitantes. Uma tendência declinante em relação aos anos anteriores. 

O Piauí cresceu 0,27% no ano, atingindo uma população de 3.273.778 habitantes, 54 mil pessoas a mais que em 2018. Continuamos crescendo menos que o Brasil.

Se consideramos a evolução da população por municípios no Piauí, as mudanças são muito pequenas, para mais ou para menos, em quase todos eles. Teresina, embora tenha crescido 0,40%, portanto acima da média estadual, atingiu 864.845 habitantes. Cresceu 3.500 habitantes em um ano; no atual ritmo de crescimento, só atingirá o simbólico 1 milhão de habitantes no prazo de 40 anos. Aliás, essa meta é um “falso problema”; a cidade com crescimento demográfico baixo, pode melhorar a oferta dos serviços públicos. Problema mais sério é a expansão territorial que tem a ver mais com o déficit habitacional acumulado e com a formação de novas famílias a partir das que já residem na capital. 

Os quatro maiores municípios – Parnaíba, Picos, Piripiri e Floriano – têm crescido muito pouco. Os quatro seguintes – Barras, Campo Maior, União e Altos – com mais de 40 mil habitantes, também vêm crescendo pouco. “Crescer pouco” significa menos de 500 habitantes no ano. 

Se consideramos a população dos municípios onde se concentram a maior expansão econômica e os maiores investimentos – agronegócio nos cerrados e energias renováveis – o impacto demográfico continua pequeno. Os dez municípios maiores produtores de soja (de 100 mil a 500 toneladas por ano) continuam com uma população relativamente estável. Citando alguns: Bom Jesus cresceu de 24.960 habitantes para 25.179; Uruçuí de 21.457 para 21.558 habitantes; Baixa Grande do Ribeiro de 11.497 para 11.586 e Ribeiro Gonçalves de 7.305 para 7341 habitantes. Evidentemente, o interessante é conservar o crescimento havido de 2010 para cá ou do ano em que se pode marcar como o início do boom da soja no município. Os municípios das torres eólicas ou das placas de energia solar são todos muito pequenos (exceto São João do Piauí e os do litoral) e sem crescimento populacional. Dos 5.570 municípios do país, 28,6% apresentaram redução da população; 49,6% dos municípios tiveram crescimento entre zero e 1% e apenas 4,8% (266 municípios) apresentaram crescimento igual ou superior a 2%. 

No Piauí, apenas 8% dos municípios tiveram redução populacional, mas uma redução ínfima em termos percentuais ou mesmo absolutos, entre 2 e 10 habitantes. Os menores municípios do Brasil continuam os mesmos desde 2000: Serra da Saudade (MG) com 781 habitantes, Borá (SP) com 837 habitantes, e Araguainha (MT), com 935 habitantes.

No Piauí, os menores municípios continuam os mesmos também: Miguel Leão, com 1246 habitantes, Santo Antônio dos Milagres, com 2.161 e São Miguel da Baixa Grande com 2.452 habitantes. 

Vamos aguardar o Censo Demográfico de 2020 para ter dados mais precisos e com um horizonte de comparação de uma década. O IBGE vem trabalhando com tendências que se mostram contínuas, com a previsão de redução da população piauiense em termos absolutos a partir de 2030. 

Nada alarmante: o Piauí é o 19º estado em termos de população: Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Rondônia, Tocantins. Acre, Amapá e Roraima têm uma população menor que a nossa, os três últimos com menos de 1 milhão de habitantes.

E sem apelação, basta lembrar que dos 193 países membros da ONU, 63 têm menos de 3 milhões de habitantes. Alguns são “ilhas perdidas na imensidão dos mares”. Mas a pequeníssima Islândia, com 330 mil habitantes, tem renda per capita de 50 mil dólares.

Nosso desafio é qualitativo: qualificar educacionalmente a população para elevar o nível de eficiência produtiva, de empreendedorismo e de participação democrática. Melhorar a oferta dos serviços públicos, das condições de habitação e saneamento e da oferta de energia, banda larga e infraestrutura de transporte. As coisas estão andando mas num rimo muito lento.

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