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'Democracia e intransigência': Leia o editorial do jornal O DIA

Confira o editorial do jornal O DIA desta sexta-feira, dia 5 de agosto de 2011

05/08/2011 12:29

O Sindicato dos Comerciários realizou ontem (4) um movimento pelas ruas da cidade a fim de marcar o início da greve deflagrada após o fracasso das negociações com o sindicato patronal. O "arrastão", como foi denominada a ação, consistiria em caminhar pelas ruas do centro da cidade, com o objetivo de mobilizar os comerciários a aderirem à greve e conscientizar os clientes a respeito das reivindicações da categoria.

Em função da proximidade com o Dia dos Pais, data comercial importante, o movimento teria também o intuito de pressionar os patrões a concederem aumento salarial e a garantia de outros direitos dos funcionários.

O que poderia ter sido uma grande manifestação de cidadania, no entanto, transformou o Centro de Teresina em palco de confusão, empurra-empurra e intolerância.

É lógico que a luta por melhores condições de trabalho e aumento salarial é justa. O Sindicato dos Comerciários está em seu papel de entidade classista, que deve mobilizar a categoria profissional a fim de mostrar aos patrões a importância de ter suas reivindicações atendidas. A greve é, nesse sentido, uma das formas de luta. Por outro lado, pelo arrastão visto ontem nas ruas do centro de Teresina, ficou muito claro o tênue limite entre a democracia e a intransigência.

Os comerciários - como as demais categorias profissionais - possuem direito à greve e não podem ser coagidos a não participar do movimento. No entanto, não existe a obrigatoriedade de exercício desse direito. Cada funcionário, de acordo com as suas convicções, deve decidir se quer ou não participar da greve. O sindicato não pode, em nome da luta pelos direitos trabalhistas, obrigar os lojistas a fecharem seus estabelecimentos, os comerciários a participar da greve e os consumidores a voltarem a suas casas sem a oportunidade de fazer compras e efetuar pagamentos.

O direito dos trabalhadores deve ser respeitado, sem dúvida, mas o de todos eles, e não apenas daqueles que optaram por participar do movimento grevista. Ao "estabelecer" o fechamento das lojas e recomendar em carros de som que os consumidores voltem para casa, o sindicato coloca o comércio em estado de sítio e viola os direitos de seus próprios filiados, para não falar nos consumidores.

Quando, em nome de seus objetivos, o movimento sindical deixa que os ânimos se acirrem a ponto de tentar fechar um estabelecimento comercial à revelia de seu proprietário, a manifestação - há muito - deixou de ser pacífica. Talvez seja a hora de os sindicalistas (e não apenas os que representam os comerciários) repensarem suas ações. Do modo como a greve dos comerciários está sendo conduzida, os representantes classistas estão se revelando tão ditadores quanto acusam os patrões de o serem.

Fonte: Jornal O DIA
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