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Era hora do almoço. Um homem sentava sozinho em um banco da praça de ornamentação natalina, do Riverside Shopping. Tinha cabeça grande, e os cabelos brancos já subjugavam os fios pretos. Mostrava-se ansioso, e balançava as pernas em ritmo frenético. Esperava alguém? Quem sabe. Olhava os passantes com pouco interesse, da mesma forma que ignorava a decoração de natal ao seu redor. Continuava apreensivo, como se fosse embarcar para algum lugar. E o movimento das pernas só acelerava, num sintoma claro de ansiedade. De repente, o sujeito se levanta, anda de um lado para o outro. E meio desconfiado, mete a mão no bolso. De lá, tira um carnê da loja Pintos, e olha-o com certa agonia. Passa os olhos mais uma vez pela dívida impressa no papel. E coça a cabeça, angustiado. Suspira um pouco, como quem se pergunta: “como vou pagar isso?”, e sai rumo à loja. Talvez em busca de uma negociação do débito ou um desconto real da Black Friday. Talvez fosse isso mesmo.