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Leões e búfalos

Autor: Christiano Mares Weikert de Oliveira - Belo Horizonte/MG – Pesquisador da Ciência Logosófica.

15/05/2019 17:51

“A transformação do mundo a partir de si mesmo” (ISBN: 978-85-60232-02-4) foi o tema que os jovens pesquisadores de Logosofia se propuseram investigar à luz desta nova concepção humanística. Esse estudo os fez voltar sobre a realidade do mundo mental, cuja influência mais evidente se expressa na cultura e costumes de um povo. Também os fez refletir sobre seu mundo interno, que se manifesta em seu temperamento, caráter, tendências e predileções. A investigação os levou a revisar os conceitos e valores que devem ser incorporados à vida, para que cada um seja ator consciente dessa transformação. 

Se o estudo levou os jovens a perceberem o quanto podiam realizar em si mesmos, despertou também o sentimento altruísta de querer fazer com que outros pudessem viver e experimentar a mesma felicidade. Perceberam, ao final, que a transformação do mundo está vinculada à própria superação da espécie humana no que diz respeito às suas possibilidades intelectuais, morais e espirituais.

Os ensaios publicados nas páginas deste livro apresentam reflexões e experiências dos jovens em torno deste tema. Os resultados alcançados até o momento indicam que ainda há muito por fazer. Que isso se constitua num grande estímulo para que todos se unam em um grande ideal: a superação.

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Leões e búfalos

— Prezados passageiros, quem vos fala é o comandante. Lamento informar que, por motivos técnicos, esta aeronave não possui condições de seguir viagem rumo a seu destino. Sua substituição já foi solicitada à torre de controle. Senhoras e senhores, favor dirigirem-se às saídas dianteiras, onde serão orientados por nossos comissários quanto aos procedimentos de reembarque. Grato pela compreensão.

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Após sairmos do avião, fomos informados que levaria cerca de uma hora para o novo embarque. Sentei-me em uma poltrona com o intuito de aguardar pacientemente os preparativos da outra aeronave, mantendo o firme propósito de não me estressar. Estava de férias e havia programado as atividades do dia seguinte contando com algum atraso da companhia aérea; sendo assim, não seria este pequeno inconveniente que iria atrapalhar a minha viagem tão aguardada.

Após alguns minutos, chega até nós uma funcionária da empresa aérea com uma notícia que transformou aquele dia:

— Prezados, informamos que no momento não dispomos de outras aeronaves no pátio para que os senhores possam prosseguir viagem. Já solicitamos a outro aeroporto e a previsão de chegada é de cerca de oito horas.

Caro leitor, explicar o que ocorreu depois dessas palavras não será algo fácil. Gostaria que você fizesse o esforço de se recordar daqueles documentários das savanas africanas, em que leões, hienas e búfalos se digladiam brutalmente. A grande diferença é que, diante dos meus olhos, estavam seres humanos — dotados de reservas morais e espirituais de altíssima hierarquia — mas que, naquele momento, em face do total descontrole dos seus instintos, mais se assemelhavam a bestas incontroláveis, gritando, esbravejando e dirigindo ofensas aos funcionários do aeroporto.

Não estou retirando a razão das pessoas que contrataram aquele serviço e se viram impedidas de chegar ao seu destino, seja para reencontrar familiares, para uma atividade profissional, ou, assim como eu, para uma viagem de lazer planejada com tanto cuidado. Para resolver essas contendas comerciais, existe todo um aparato jurídico muito bem estabelecido. Sendo assim, julgo desnecessário tratar disso neste texto. Pretendo abordar aqui aspectos de ordem interna, relacionados à forma como aquela situação foi encarada pelo conjunto, e como tal evento repercutiu em mim.

Será que aquele grupo de pessoas enfrentou a situação da melhor maneira? Como elas deveriam ter agido? O que eu ganharia, de fato, sendo impaciente naquele momento em que eu mais precisava ser paciente?

Fica evidente que não me deixar levar por uma convulsão de pensamentos de brusquidão, impulsividade e intolerância era o mais correto a ser feito. Adotar a paciência como escudo de proteção traz consigo o efeito benéfico da serenidade, tornando-me compreensivo e predispondo minha mente a pensar com maior eficiência.

Não seria este um bom recurso para começar a mudar o mundo? Sugiro ao leitor recordar-se que pensamentos extremistas, sectários e intolerantes têm dominado a mente dos homens há centenas de anos. 

Assim como os oceanos surgiram com apenas algumas gotas de chuva, confio que nós, jovens, temos plenas condições de mudar o mundo, tendo uma conduta elevada e sendo valentes para defender o que é correto ao nosso pensar e sentir. Somente nos indignarmos frente ao aumento dos impostos, ao preço da gasolina, à corrupção dos nossos políticos ou aos cancelamentos constantes dos voos cumpre qual objetivo? Para onde temos canalizado toda essa força transformadora que temos dentro de nós?

Tenho aprendido que: "Para tudo há soluções, porém é necessário encontrar as mais felizes, e as mais felizes não podem ser outras que aquelas que permitem uma mudança em si mesmo" (Referência a uma conferência pronunciada por González Pecotche em 4/10/1960).

Suponho que o leitor deva estar se perguntando como terminou a minha viagem. A nova aeronave chegou bem antes do esperado. Aterrissei em meu destino com algum atraso, mas com a certeza de que aquela viagem já era especial; certeza experimentada ao sentir que, no meu interno, o comandante sou eu.

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