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Cada pensamento tem sua linguagem.

Autor: Carlos Bernardo González Pecotche

04/04/2020 10:34

A mente humana está sempre cheia de pensamentos em uma luta quase permanente, querendo dominar uns aos outros. Às vezes são tantos que nem podem se mover; acotovelam-se, brigam, e o ser termina com dor de cabeça. Toma então um analgésico, os pensamentos adormecem e a dor se vai; mas pouco depois voltam outra vez a provocar desordem, repetindo-se o mesmo mal-estar. 

É necessário estabelecer a diferença que existe entre a mente e os pensamentos, com imagens claras, brilhantes e muito ágeis.

Vejamos. Não há dúvida que todos têm muitos pensamentos em sua casa mental; com alguns se afeiçoaram mais, com outros, menos; dentre eles, uns têm bom caráter e outros, não.

Vou me referir aos que têm mau caráter. Tais pensamentos, mesmo atuando dentro da mente, não o fazem sob a direção da razão, isto é, da mente feita consciência. Mas quando, em virtude do conhecimento logosófico, o ser começa a perceber que os pensamentos existem, que é verdade que promovem atividades alheias à vontade do homem, etc., começa também a deixar que a consciência se manifeste em sua mente. Assim, por exemplo, em muitos casos surge na mente, devido a uma reação externa, um pensamento de violência que, com ímpeto, leva o ser a cometer alguma leviandade; mas a mente feita consciência o freia, porque pensa que, após cometer um ato irrefletido, não é o pensamento quem sofre as consequências.

Outras vezes, um pensamento de veemência conduz o ser a algo prejudicial; advertindo-o, a mente permite a participação da consciência que, como no caso anterior, o freia. Os pensamentos acostumam-se assim a ser freados de imediato, e então, antes de tomarem impulso, olham se atrás deles a consciência está atenta. No entanto, quando esta se descuida, lá vai o excesso. 

Isso demonstra que um único pensamento, ao se impor, e mesmo havendo muitos pensamentos na mente, pode anular todos os outros e colocar o ser em situações muito difíceis. Portanto, de que lhe servem os demais pensamentos, mesmo sendo bons, se estão alheios à vida mental? Além disso, achando-se a mente nessas condições, pode haver esperanças de se exercer o autocontrole? 

Um fato que acaba sendo engraçado é aquele em que alguém manifesta: “Eu digo as coisas com franqueza”. Sim, é muito bonito dizê-las aos outros com franqueza, mas já não agrada tanto quando os outros são francos com ele. Portanto, o melhor é não falar com franqueza, mas sim falar com elegância, com prudência e com pureza, pensando sempre que não se tem o direito de ferir a ninguém, de apontar um defeito com indevida suficiência. Quando isso for necessário, deverá ser feito com muito tato e, se possível, adiantando que quem o assinala tinha o mesmo defeito, ou melhor, ainda o tem e, embora o prejudique, não conseguiu se livrar dele até o momento. Eis uma forma elegante de assinalar defeitos; ninguém se ofenderá, porque o próprio ser começa admitindo que também os tem, manifestando estar seriamente ocupado em eliminá-los. Seria interessante também que ambos competissem para ver quem elimina o defeito assinalado primeiro.

Já dissemos que cada pensamento tem sua linguagem. Frequentemente, muitos falam ao mesmo tempo; daí ser tão comum ouvir alguém dizer que tem um barulho na cabeça – ou seja, na mente –, que não pode pensar, etc. Outras vezes acontece dos pensamentos combinarem entre si e darem uma festa. Começa então o baile mental, e o ser, vítima dos efeitos de tal ocorrência, termina dizendo que sua cabeça está dando voltas; mas as voltas estão dentro, em sua própria mente. Será por isso que muitos dão tantas voltas, sem ir nunca a nenhum lugar? Nem bem decidem encaminhar seus passos para um propósito, mudam de opinião. Talvez seja porque se esqueceram de consultar os demais pensamentos. Para obter liberdade mental, é necessário estabelecer antes um estado de sítio na mente a fim de poder vigiar melhor os pensamen tos, retirando os inconvenientes e favorecendo os que são verdadeiramente úteis.

Existem também muitos pensamentos que poderíamos denominar parentes: são aqueles que costumam visitar a casa mental, como ocorre entre familiares, permanecendo dias e dias nela, por acreditar que é obrigação de seu dono atendê-los e dar-lhes tudo o que desejam. De modo que, como se não bastassem os pensamentos próprios, vêm ainda os alheios.

O panorama da vida mental é amplo e oferece pela frente grandes perspectivas para realizar um trabalho muito bom e muito útil. De modo que, com as indicações recebidas, agora será fácil preparar uma boa vassoura mental e varrer todos os pensamentos inservíveis, até deixar a mente limpa e livre.

De que maneira a vida não vai ficar pesada, se os seres por vezes andam como que cambaleando por causa da carga inútil de tantos pensamentos? Quando um ser evolui, todos os setores de sua mente são amplos; tão amplos que muitos pensamentos podem viver folgadamente dentro dela. Mas todos, sem exceção, devem cumprir com seus deveres e com o lema de serem, em todo instante, úteis aos mandatos da razão, dispostos a servir sem queixas e a levar consigo a parte de bem que toda ação nobre e generosa deve inspirar.

Do Livro: Introdução ao Conhecimento Logosófico.

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