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O dia em que me senti um pouco Virgínia Woolf

Inventei de arrumar um amor a mais de 2 mil quilômetros e inventaram de me convidar para participar de um clube de leitura feminista em Campinas

03/07/2017 09:53

Eu poderia participar de um clube de leitura em Teresina, na cidade onde moro. Poderia ser um grupo que se reunisse para ler romances, clássicos da literatura brasileira ou até mesmo contos eróticos. Mas, inventei de arrumar um amor a mais de 2 mil quilômetros e inventaram de me convidar para participar de um clube de leitura feminista em Campinas.

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Foi assim que me deparei com Virgínia Woolf e o livro “Profissões para mulheres e outros artigos feministas”. Em uma tarde do dia 20 de maio – muito fria para quem está acostumada com os 40 graus da capital piauiense – estava eu no Museu da Imagem e do Som, no centro de Campinas, com um grupo de aproximadamente 15 mulheres, todas desconhecidas, mas igualmente empolgadas.


*Esse texto foi originalmente escrito para o blog Mulheres que Leem Mulheres


A leitura de Virgínia Woolf, que morreu em 1941, aos 60 anos, foi para nós um alerta violento, digamos que um tapa na cara a nos dizer que muito pouco foi conquistado desde que a autora escreveu sobre a necessidade de a mulher matar o anjo do lar, sobre opressão no mercado de trabalho, sobre a ideia de que somos inferiores intelectualmente, sobre privilégios…

Reconhecer que esses temas são ainda tão frequentes na nossa sociedade só não foi tão desolador porque eu não estava só. Éramos um grupo de mulheres dispostas a dar a nossa contribuição para avançar um pouco mais na luta feminista.

É ousado dizer, mas éramos – cada uma com as suas experiências – um pouco de “Virginias Woolf” no século XXI. Pelo menos foi assim que me senti naquela tarde, que entrou pela noite sem ninguém sequer perceber.

Éramos mulheres, lendo uma mulher e debatendo somente com mulheres. Vocês têm ideia do quanto isso é acolhedor e ao mesmo tempo subversivo? Se não, sugiro que entrem para um clube de leitura feminista e sintam com seus próprios corações.

Fonte: Nayara Felizardo
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