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Como Marielle, todas nós. Presentes!

Os tiros na cabeça de uma mulher negra, lésbica, periférica e feminista têm como objetivo calar a todas nós. Nos querem com medo.

16/03/2018 12:52

O assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, não foi uma execução como as que estamos acostumadas a ver. Não foi somente queima de arquivo ou um incômodo com as denúncias que ela fazia, geralmente direcionadas à violência policial e à atuação de milícias na capital carioca. A morte de Marielle é um recado. Os tiros na sua cabeça têm como objetivo calar a todas nós. Nos querem com medo de sermos as próximas.


Arte: Márcio Sena/ODIA


Marielle foi a vítima perfeita para quem quer nos ameaçar. Com a trajetória que construiu, sua morte tem visibilidade garantida e dissemina o recado. Por outro lado, a vida de uma mulher negra, lésbica, periférica e feminista vale menos na nossa sociedade machista, burguesa e conservadora. Resumindo, fica mais fácil negligenciar a investigação ou apontar um bode expiatório, mantendo os verdadeiros culpados impunes.

Importante lembrar os fatos que antecederam a execução de Marielle, como a sua nomeação para relatora da intervenção federal no Rio de Janeiro e a presença suspeita, na Câmara de Vereadores, de um ex-vereador, preso por envolvimento com a milícia. Ele foi indiciado devido a uma CPI na qual Marielle trabalhou quando ainda era assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL/RJ).

Parecem muito paranoicas as suspeitas que surgem após essa tragédia, mas isso não é aleatório. É, no mínimo, sintomática a falta de confiança de muitos brasileiros no estado e no seu braço armado. É que os precedentes são muitos e a história já nos mostrou do que o poder é capaz quando se sente ameaçado.

A boa notícia é que a luta de Marielle não será extinta como a sua vida. Aqueles tiros atingiram a todas nós de forma arrasadora, mas também serviram para espalhar os ideais que ela defendia. Mexeram com gente demais. O recado do lado de lá, terá a resposta de cá.

Mulheres, presentes! Negras, presentes! Periféricas, presentes! Lésbicas, presentes! Feministas, presentes!

Fonte: Nayara Felizardo
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