Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Nossa lista de personagens marcantes

Fizemos mais uma brincadeira, dessa vez com personagens que amamos

27/11/2015 14:02

Não é por acaso que tantos livros literários têm como título o nome do protagonista. Dizer que o personagem é a alma da história é muito óbvio, mas é fato. Qual é a graça de ler sem se apegar àquelas criaturas que você adoraria ter em carne e osso na sua vida? Personagens podem se transformar em ídolos. Quantos fãs de Sherlock Holmes estão espalhados pelo mundo? Ele é mais conhecido que seu autor: “Elementar, meu caro Watson”!

Os jovens leitores contemporâneos vivenciam uma época em que os personagens se sobrepõem às narrativas, como o fenômeno Harry Potter, por exemplo. E o que dizer da síndrome de Pollyana e de outros transtornos com nomes inspirados em personagens da literatura – Peter Pan, Alice, Otelo, Huckleberry Finn, Rapunzel, Dorian Gray?(http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/6-transtornos-com-nomes-inspirados-em-personagens-da-literatura/)

Em Israel, uma rede de livrarias lançou campanha publicitária, em 2013, que se propôs a ajudar as pessoas a dormir com seus personagens literários favoritos: os anúncios mostram leitores dormindo ao lado de famosos personagens literários – Dom Quixote é um deles –, os quais, literalmente, fazem-lhes companhia. A campanha estimula o hábito de ler, não simplesmente pelo prazer da leitura, mas pela certeza de que, na literatura, é possível estar sempre acompanhado. (http://literatortura.com/2013/08/rede-de-livrarias-ajuda-voce-a-dormir-com-seus-personagens-iterarios-favoritos/)

E o Coletivo Leituras tem sempre por companhia personagens marcantes, inesquecíveis...

Conheça alguns deles:

Raissa Sampaio

Aslam, do livro Nárnia, de C. S. Lewis

Pra mim, é marcante porque é uma alegoria para Jesus Cristo. Aslam é o criador de Nárnia e de tudo que existe nela. Um ser sobrenatural, filho do Imperador de Além Mar. Sempre que Nárnia e os seus habitantes estão em perigo, Aslam retorna. São várias as semelhanças entre o Leão e Jesus. Em “O Sobrinho do Mago” vemos a criação de Nárnia por meio de uma canção, e em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” temos o sacrifício, a crucificação e a ressurreição de Aslam.  

Elizabeth Bennet, do livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

É minha personagem preferida de toda a obra de Jane Austen por ser muito forte, que não se encaixa nos padrões sociais em que se enquadravam as mulheres, contudo não perde o romantismo, a delicadeza. Elizabeth tem o hábito da leitura e, talvez por isso, seja tão segura das suas opiniões e tão consciente da sua época.

Huckleberry Finn, de Mark Twain

O sentimento que eu tive ao terminar este livro foi de que eu estava me despedindo de um amigo. Talvez seja pelo fato do personagem, por vezes, se comunicar diretamente ao leitor. Huck é um menino em fuga que passa por várias situações inusitadas e é salvo tanto por sua esperteza quanto por sua inocência. É um personagem divertido, e vejo nisso uma qualidade do escritor Mark Twain, ao usar da leveza da infância para tratar de temas relevantes.

Ananda Sampaio

Escolhi personagens que me ajudaram a encontrar sabedoria na vida. Personagens que são quase tão reais quanto as pessoas que nos rodeiam.

Frankie, A Convidada do Casamento, de Carson McCullers

Alguns críticos dizem que esta é a obra menos significativa de Carson. Ainda não findei a lista, mas já posso dizer que este é um livro especial. A grande maravilha dessa narrativa é a adolesce te Frankie, que deve ter entre 14 e 15 anos e que vive numa cidade minúscula e atrasada no estado da Geórgia, Estados Unidos. O que guardei da Frankie em mim é a poderosa sensibilidade que ela tem para perceber ao seu redor e a vontade que tem de desbravar a vida. Frankie é alguém que se coloca o tempo todo na berlinda – que oscila entre o doce e o amargo. E que não se poupa das transformações. Há quem diga que ela é muito parecida com a própria autora, posso dizer que as duas são pura poesia.

Holden Caufield, O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger

O famoso Holden Caufield é fruto de seu tempo, mas sempre será uma referência sobre a fase da adolescência. Para alguns, Holden é classificado como anti-herói; para mim, Holden é pura coragem. Ele resiste por não admitir a mesquinhez que vem com a vida adulta. Ele se isola em Nova York e lá encara muito de si mesmo e dos outros. Enquanto perambula pela cidade, traça conosco um diálogo intenso e direto sobre sua apreensão dos relacionamentos humanos. Eu jamais poderia esquecer o quanto lamentei não ter lido esse livro antes, mas mesmo assim me sinto grata por tê-lo encontrado. Tive a oportunidade de reviver meus sentimentos e o turbilhão de emoções adolescentes. E percebi que eu tinha mais de Holden em mim, antes, do que tenho hoje. Que pena!

Gatsby, O grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald

Gatsby é um personagem que sempre fará parte da minha lista. Talvez seja redundante falar desse personagem tão icônico e lacônico. Mas, vamos lá. Ele é um herói e não no sentido chato ou pormenorizado. Mas, sim, no sentido amplo, ele venceu a pobreza ao se envolver com a máfia, construiu um império de ostentação, beleza e muita festa para ter a chance de conquistar o amor de uma mulher. Gatsby é surpreendentemente um peixe entre tubarões, embora tenha sabido lidar com a máfia, ele não está preparado para viver entre os burgueses e aristocratas, que terminam usando-o e descartando-o quando lhes convém. Dentre toda aquela gente “decente”, Gatsby era o único pelo qual se deveria morrer.

Lais Romero

A mulher do médico, do Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

Personagens muitas vezes são reflexos de nossas necessidades. Diante dessa máxima que carrego comigo, ando de mãos dadas com ‘a mulher do médico’, do romance ‘Ensaio sobre a cegueira’, de José Saramago. Como muitas personagens de Saramago, ‘a mulher do médico’ não tem nome, apoia-se na explicação que traz como referência o ofício do marido. No entanto, ela é o fio condutor do romance que habita.


Hamlet, de Shakespeare

Tenho profunda ligação com ‘Hamlet’, de Shakespeare. Hamlet mergulha em si mesmo, sobrevive nas veredas da própria existência. As realidades humanas ecoam nessa personagem tão marcante. Um dos meus favoritos.

Sherazade, As mil e uma noites

Encerro com a emblemática Sherazade (Saharazad ou outras grafias que nos satisfaçam), da obra ‘As mil e uma noites’. A inteligência da personagem ao se ater às narrativas como salvação da morte iminente me toma por inteiro. Sherazade é a consciência narrativa do ocidente, e, por essa razão, permaneço acordada ouvindo suas histórias.

Luciana Lis

Lena Greco e Lila Cerullo, Amiga Genial, de Elena Ferrante

Li somente o primeiro volume desta tetralogia que virou uma febre mundo afora e conquistou fãs do quilate de Alice Munro, que também não resistiu a #ferrantefever. Neste primeiro volume, acompanhamos a infância e a entrada na adolescência das duas garotas - Lila era uma criança impetuosa e não recuava diante dos meninos; na escola era brilhante e surpreendia, aprendeu a ler sozinha e lia escondida mais livros que todos os amigos, além de ser a melhor da turma. Lena, era doce e comedida, estava sempre atenta aos passos de Lila, a quem admirava e se inspirava pela coragem e inteligência. A amizade entre as duas é inspiradora! Ambas são encantadoras e nesta série poderemos acompanhar seus passos até a velhice. Aguardo ansiosa a tradução brasileira!

Lara Matos

Ifemelu, do livro Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie

 Além da identificação pessoal com a figura e com as opiniões de Ifemelu, a inteligência com que ela gerencia seu blog e o modo com que descreve sua adaptação a um país estrangeiro, sendo muitas vezes irônica e explicitando questões que me incomodavam bastante (sobre racismo e academicismo, como nas citações abaixo), mas que eu não sabia expressar com palavras. Ifem consegue, dando-me voz e me abraçando. As experiências dela com os namorados Obinze, Curtis e Blaine, sua depressão e a volta para a Nigéria após muitos anos morando nos Estados Unidos, o que, para mim, foi uma decisão sábia. Enquanto residiu nos EUA, Ifemelu conviveu com toda sorte de ignorância e de preconceitos, e os rebateu de forma deliciosa em seus escritos e falas, que enriquecem ainda mais essa personagem. Ifem (tou fazendo a íntima mesmo haha) escrevendo é fantástica:

“Muita gente – principalmente quem não é negro – diz que Obama não é negro, é birracial, multirracial, mestiço, qualquer coisa menos simplesmente negro. Porque a mãe dele era branca. Mas raça não é biologia; raça é sociologia. Raça não é genótipo; é fenótipo. A raça importa por causa do racismo. E o racismo é absurdo porque gira em torno da aparência. Não do sangue que corre nas suas veias. Gira em torno do tom da sua pele, do formato do seu nariz, dos cachos do seu cabelo.”

“[...] Quando acrescentou que acadêmicos não eram intelectuais, não eram pessoas curiosas, apenas construíam tendas de conhecimento especializado e se mantinham dento delas seguros.”

Mathilda, do livro Mathilda, de Roald Dahl

 Conheci Mathilda por meio do filme da Disney, que, em geral, é fiel ao livro. Eu, que também era uma criança leitora e ligeiramente creepy, se comparada às menininhas bonitinhas e bem ajustadas da minha infância, identifiquei-me na hora. A solidão de Mathilda, suavizada pela Srta. Honey e por Lavender, era também muito da minha solidão quando criança e parte da adolescência. Para mim, a menininha de laços de fita na cabeça era mágica não por ter poderes de telecinese: isto pouco me importava. O que Mathilda até hoje me ensina é uma das lições mais valiosas para uma criança: a de não ter medo de ser exatamente quem se é. A não temer parecer excêntrica ou maluca aos olhos alheios. Enfim, a acontecer e a brilhar e ser tudo o que se pode ser.

_

E aí, gostou na nossa lista? Comente conosco!

Você também pode acompanhar as nossas redes sociais!

Facebook: Coletivo Leituras

Twitter: @coletivoleitura

Instagram: @coletivoleituras

YouTube: Coletivo Leituras

Mais sobre: