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Um sósia para Neymar

Extremamente habilidoso, Neymar tem uma característica bem brasileira: a molecagem

17/06/2019 11:20

Quando o garoto Neymar, jogando pelo Santos, começou a pavimentar a carreira que o guindaria ao topo do mundo, escrevi um arremedo de crônica com o título Um sósia para Neymar. Não era, como pode parecer, uma gozação com o garoto-revelação. Era uma preocupação, que tinha e tenho ainda hoje. Infelizmente, sem o desejar, tracei a trajetória do moço e acertei em quase tudo.

A exemplo de outros garotos da periferia, que se tornam jogadores de futebol, Neymar estudou pouco e aprendeu apenas o mínimo. Em curto espaço de tempo, saiu do anonimato para o estrelato. Como criança superdotada, que antes de aprender a engatinhar tenta acorrer, Neymar foi um pouco além: começou a voar. O Brasil tornou-se pequeno para comportar os sonhos do garoto e as ambições do Neymar pai. Na transferência para o Barcelona, o velho tentou dar uma rasteira no fisco e acabou enrolado: o processo continua vivo e os valores crescendo...

Extremamente habilidoso, Neymar tem uma característica bem brasileira: a molecagem. Para ele, como para Garrincha, Cafuringa, Joãozinho, Dener e outros, o futebol é, antes de tudo, uma brincadeira, que consiste em fazer o adversário de bobo. Garrincha, o gênio das pernas tortas, não ligava à mínima para o gol; seu objetivo era humilhar os Joões e o fazia com a alegria de um garoto travesso. Como ninguém gosta de ser humilhados, os adversários revidam com pontapés.

Mas o Neymar (pai) percebeu muito cedo que tinha à mão um Midas: o filho tinha o poder de transformar tudo – de cerveja a desodorante – em dinheiro, muito dinheiro... O mais é do conhecimento de todos. Neymar Jr praticamente trocou os gramados pelos estúdios de gravação, e pelas atividades paralelas. Ora, mesmo para um ator profissional, gravar comerciais é atividade que demanda tempo e exige ensaios e muita paciência.

Tende como vitrine o Barcelona, Neymar conseguiu a rara proeza de tornar-se mais assediado que o Messe. Mas o garoto não se contentava em dividir o Olimpo com o parceiro argentino. Queria mais, muito mais: aviões, helicópteros, mansões, barcos, tudo. E assim, tornou-se o alvo preferencial de amigos, assessores, mulheres, dilúvio de mulheres... E com elas, a enxurradas de encrencas...

 Treinando pouco, com preparo físico abaixo do recomendável, Neymar, cada vez mais caçado pelos adversários, passou a cair muito e a render pouco. Acabou ganhando o título de “ cai-cai” que,  perdoem o trocadilho, lhe cai muito bem. No Paris Saint Germain, ainda não justificou a montanha de dinheiro que o clube pagou por ele. Na seleção brasileira, está sempre contundido nos momentos cruciais. Mais do que nunca, Neymar precisa de um sósia, alguém para cuidar dos negócios, das mulheres, das encrencas...Talvez, assim, volte a fazer o que sabe: jogar futebol. Assim seja.

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