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Quantos países estão nas Olimpíadas?

Celso Pires - Advogado

13/06/2019 12:35

Para ser considerado um país, determinada região precisa ter um território definido, ser habitado com algum grau de permanência, ter instituições políticas e governo próprio, ter a independência reconhecida por outros Estados soberanos e interagir diplomaticamente com outros países. Essas são condições básicas, sendo que os últimos dois critérios são de longe os mais complicados. Existem territórios que declararam sua independência e até funcionam, em grande parte, como países, mas não tiveram sua soberania reconhecida por toda a comunidade internacional. O reconhecimento de um país por outro, acaba sempre por ser uma negociação de interesses. É bastante comum ouvir comentários de que não se sabia da existência de tantos países durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Atualmente, 206 nações desfilam apresentando suas delegações, às vezes curiosamente compostas por um só atleta. O reconhecimento de um país em eventos culturais ou esportivos, como a Olimpíada, é visto como um símbolo da existência de uma nação. Aparecer com sua bandeira, seus atletas e seus torcedores dá uma visibilidade muito importante. Todavia, como o Comitê Olímpico Internacional – C.O.I. alcançou esse número de 206 membros? Existe um paradoxo, porque desde 2011, com a entrada o Sudão do Sul, a Organização das Nações Unidas – O.N.U. tem oficialmente 193 países membros, considerados estes, Estados soberanos, com suas próprias fronteiras e governos independentes. Ainda contando com dois Estados observadores, o Vaticano e a Palestina, o que dá um total de 195 países. Sendo que o Vaticano não tem uma delegação olímpica. A questão envolvida nesta aparente contradição é que, durante a maior parte da existência dos Jogos Olímpicos, não era necessário ser um país independente para participar. Atualmente, participam do C.O.I. os 193 membros efetivos da O.N.U., um dos seus membros observadores, a Palestina, e dois países que têm apenas reconhecimento parcial, Taiwan e Kosovo. Além deles, há dez territórios que, na verdade, são territórios dependentes de outros países: Porto Rico, Ilhas Virgens Americanas, Samoa Americana e Guam (E.U.A); Ilhas Cayman, Bermudas e Ilhas Virgens Britânicas (parte do Reino Unido); Ilhas Cook (Nova Zelândia); Aruba (Holanda) e Hong Kong (China). Desde 1996, o comitê deixou de admitir territórios como este. Os que já estão no grupo permaneceram, no entanto, só novos Estados independentes poderão entrar, como aconteceu com o Sudão do Sul em 2011. Não restam dúvidas de que essas decisões do C.O.I. são políticas. Elas dependem de negociações intensas, porque ser reconhecido nos Jogos Olímpicos é algo usado por muitos territórios e nações para fortalecer o argumento de que são países independentes. Detalhe, se o tema for futebol, existe ainda mais nações, mais precisamente, 211. Isso porque no passado, além de admitir alguns territórios dependentes diferentes do C.O.I, a FIFA também deixou que Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte entrassem com seleções separadas. Os inícios das décadas de 1960 e 1990 foram os períodos em que mais países entraram, em curto espaço de tempo, na O.N.U. Entre 1958 e 1960 foram 16, quase todos africanos. Entre 1991 e 1992 foram 13, a maioria do leste europeu. Existiram picos de criação de países por causa da descolonização de países africanos e ainda em virtude da era pós-União Soviética. Sendo difícil conceber algo parecido nas próximas décadas. Na sociedade internacional existe uma situação meio confusa, uma miscigenação de Estados e não-Estados. Deixando de certa forma o mapa político do mundo, em termos fáticos, parcialmente ficcional.

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