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A postura da humanidade ante a pandemia do coronavírus

Celso Pires - Advogado

03/04/2020 07:34

Debates existem em relação a melhor conduta a ser tomada em relação a pandemia do coronavírus. Por exemplo, a atitude que vem tomando a Suécia em combater a pandemia protegendo economia e liberdades individuais vêm chamando atenção do mundo, principalmente em razão do seu risco. A crise do coronavírus esvaziou cada uma das capitais ocidentais geralmente lotadas, exceto precisamente Estocolmo. Embora seja impossível sentar-se em um restaurante em cidades como Roma, Paris, Londres ou Madri, os estabelecimentos de alimentação na capital sueca continuam a operar e receber clientes. Escolas para jovens com menos de 16 anos, academias, lojas e até algumas estações de esqui movimentadas ainda estão abertas. Sendo que as únicas medidas que o governo do país escandinavo adotou em face da pandemia da covid-19 foi proibir aglomerações públicas de mais de 50 pessoas, fechar instituições de ensino superior e recomendar que os trabalhadores trabalhem em casa, acaso consigam. Pari passu, o número de pessoas infectadas com o coronavírus na Suécia permanece aumentando. Segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins, a Suécia confirmou 4.435 mil casos e 180 mortes até 31 de março, quando escrevo este artigo. Conforme o governo sueco, a estratégia é inibir a propagação do vírus, proteger grupos vulneráveis e não sobrecarregar o sistema de saúde, mas ao mesmo tempo reduzir as consequências econômicas e proteger as indústrias com diferentes pacotes de estímulos econômicos. Entretanto, uma apreciação comparada dentro da União Europeia demonstra que na Espanha e na Itália existem poucas pessoas que se arrependem de não ter agido mais severamente antes. No entanto, tomado por um julgamento mais analítico e racional, o Governo da Suécia, na pessoa de sua vice-Ministra da Saúde explicou que o país europeu está comprometido em implementar "as ações certas no momento certo" e que suas políticas para enfrentar a epidemia são baseadas na ciência. Especialistas, no entanto, afirmam que a Suécia está tomando uma decisão bastante arriscada. Pois estão colocando mais em risco a saúde de sua população do que outros governos que impuseram restrições mais severas à liberdade de movimentação. Todavia, não restam dúvidas de que por outro lado, tal orientação arrisca menos, em termos financeiros, a população sueca. Um governo que não quiser correr riscos, pode simplesmente confinar toda a sua população e implementar restrições de viagem para conter a pandemia, como fizeram países como Itália e Espanha, mas tais medidas têm enormes custos econômicos. Aumento das taxas de desemprego e empresas falidas são, em grande parte, o resultado de políticas de confinamento. Se isso permitir que o vírus pare e que o país se abra mais cedo, o custo pode valer a pena. No entanto, é importante resolver tanto os problemas econômicos, quanto os de saúde. Caso contrário, iremos enfrentar uma depressão econômica que conduzirá a sociedade internacional globalizada a uma obscura era de falências, colapso, fome e retrocesso.  O coronavírus vem causando um grande transtorno na economia global e, mesmo que determinados países venham a sofrer menos com a pandemia, suas economias são afetadas em razão da globalização e da alta exposição das economias mundiais ao comércio internacional. Retornando a Suécia, enquanto a indústria do turismo está completamente paralisada tem semanas em toda a Europa Ocidental, as suas movimentadas estações de esqui permanecem totalmente operacionais e abertas ao público. O debate na Suécia e em outros países nórdicos sobre qual é a abordagem apropriada para enfrentar a crise do coronavírus continua intenso. Os suecos têm uma visão mais liberal do que seus vizinhos dinamarqueses e noruegueses. No entanto, no momento, não está claro qual modelo é mais eficaz. Ao que tudo indica, nas próximas semanas existirá uma grande discussão entre os países escandinavos sobre a maneira como diferentes países lidam com a pandemia. De fato, devemos aprender com os erros e acertos dos vários países que foram e estão sendo o epicentro desta pandemia, convencidos de que essa terrível situação de exceção passará. Fundamentalmente, vamos nos convencer que somos mais fortes unidos, nas palavras do pensador Yuval Harari: “o verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação”. A pandemia tem exposto nossa fragilidade e igualdade, mostrando que a sua propagação em qualquer país põe em risco toda a humanidade. Cabe a nós trilharmos a solidariedade como caminho de agora em diante, confiando na ciência e na cooperação internacional na busca por uma resposta conectada em nível global. A desunião do planeta, fruto da xenofobia, isolacionismo e desconfiança gera um grave risco a espécie humana. Usemos essa pandemia para aprendermos e renascermos ainda mais fortes, convictos que podemos estar separados fisicamente, mas conectados espiritualmente.

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