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Mundo convulsionado, ideologias e verdade ou para onde caminham as ovelhas

Confira o texto publicado pelo colunista Campelo Filho no Jornal O Dia.

14/11/2019 08:59

O mundo parece convulsionar. Protestos em Hong Kong, com cena policial explícita exibida por todos os meios de comunicação, onde um policial dispara um tiro de pistola contra manifestante. Venezuela vive um caos social e econômico, enquanto no Chile os protestos já causaram várias mortes.

Na Bolívia, por sua vez, as eleições foram consideradas fraudulentas, o então presidente foge do país, alegando ter sido deposto por um golpe e uma senadora se autodeclarou presidente da República.

No Brasil, uma disputa ideológica, que se iniciou com as eleições presidenciais ano passado, ganha novo contexto após a libertação do ex-Presidente Lula, que estava preso por condenação por prática de crime de corrupção, em decisão proferida pela Justiça brasileira.

De fato, um cenário político bastante conflituoso. Seria a política a causa de toda essa convulsão? Ou seriam as ideologias opostas (direita ou esquerda), espargidas aos quatro ventos o grande vilão? Penso, a princípio, que o mal não é a política, já que essa é inerente à própria natureza humana, seja como vocação ou não. Max Weber explicou bem essa relação em sua vastíssima obra.

No que tange à ideologia, esta surgiu como ciência no começo do século XIX, em 1801, na obra Elementos de Ideologia do filósofo francês Destutt de Tracy, relacionada ao estudo científico das ideias. Por se tratar de uma palavra com significado aberto (controverso), se lhe é dada inúmeras acepções, dependendo do campo em que é abordada. Posteriormente a Tracy, já em 1845-46, Marx e Engels lançaram a obra de ciência política A Ideologia Alemã, em que argumentavam, logo nas primeiras linhas do prefácio “que os homens formaram sempre ideias falsas sobre si mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas relações mútuas em função das representações de Deus, do homem normal, etc., que aceitavam.”

É importante analisar o termo Ideologia, sob este viés marxista da obra referenciada, por que traz uma caracterização “com o sentido de uma consciência social falsa que os agentes intelectuais de uma classe elaboram, obscurecendo a natureza objetiva dos interesses materiais dessa mesma classe.”(Ver SANDRONI, 2010).

Interessante observar que o substantivo feminino Ideologia, quando isolado, sem uma adjetivação que o suceda, tem uma significação carente de conteúdo e por isso que sempre necessita de outra que a qualifique, sem a qual não consegue exprimir-se em toda sua grandeza. Essa necessidade de um adjetivo qualificador fez com que a Ideologia se tornasse senso comum, passando o termo a ser utilizado indiscriminadamente como sinônimo de pensamento, opinião ou ideia, sendo capaz de abarcar significados diversos, mesmo contraditórios entre si. Na realidade, contudo, a utilização indiscriminada do termo termina por esvaziar seu conteúdo, muito mais que amplia-lo. Aquilo que diz tudo, na verdade, não diz nada!

Eis justamente o risco das ideologias, as falsas ideias que podem pregar e isso conduzir os homens por equivocados conceitos, por falsos caminhos, enfim. Não se pode esquecer que nazismo e fascismo, por exemplo, também são ideologias.

É por isso que o homem precisa aprender a pensar, a pensar bem, com clareza de sentido e de conteúdo, sob pena de ser facilmente dominado por esses (falsos) pensamentos ideológicos, sejam quais forem. É preciso ficar atento para não se deixar ser conduzido, como ovelhas, para pastagens que as levam, em verdade, para um matadouro.

A palavra verdade não se confunde com a palavra ideologia, ao contrário, navegam por caminhos (quase sempre) opostos. Descortinar a verdade é como abrir a mente e os olhos, enxergando cada dia mais longe e decidindo, assim, segundo a própria convicção, qual caminho seguir.

Já está valendo

A Emenda Constitucional 103/2019 que trata sobre a Reforma da Previdência foi publicada no Diário Oficial da União e já está valendo no país inteiro desde esta quarta-feira, 13.

A partir de agora, os trabalhadores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e servidores federais deverão se adequar aos novos requisitos para se aposentar, dentre estes, a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, regras de transição, pensões por morte com redutores e novo cálculo da média salarial.

Emprego verde e amarelo

A MP (Medida Provisória) que cria o programa Emprego Verde e Amarelo, assinada na última segunda-feira pelo  presidente Jair Bolsonaro com a justificativa de reduzir a tributação sobre empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos em primeiro emprego traz também outros itens que modificam a legislação trabalhista para empregados de todas as idades. As mudanças são permanentes.

Trabalho aos domingos para todas as categorias, abertura de agências bancárias aos sábados e novas normas de fiscalização constam da nova MP.

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