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Surto de gripe: com hospitais lotados, pacientes reclamam da demora por atendimento

Com o aumento de casos de síndromes gripais em Teresina, as unidades de saúde estão lotadas e os pacientes chegam a esperar por horas por atendimento. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Promorar, na zona Sul da capital, os pacientes se aglomeram na recepção e esperam até cinco horas por uma consulta com o médico plantonista.


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A confeiteira Camila Severiana da Silva, de 25 anos, está há cinco dias com febre, dor no corpo e nos pulmões e falta de ar. Juntamente com o filho de apenas nove anos, que também está com os mesmos sintomas, a confeiteira procura por atendimento na rede pública de saúde desde o dia 31 de dezembro e relata ter encontrado longas filas.

UPA do Promorar. Foto: Assis Fernandes/O Dia

"Cheguei às 7 horas da manhã, já são quase 9 horas, e só passei pela classificação de risco. Agora tenho que esperar o atendimento e depois esperar de novo para poder tomar alguma medicação. Cheguei ontem 7 da noite e fui embora mais de meia noite. Só tomei uma medicação e me mandaram ir embora. Todos os dias tenho que voltar, porque eles só dão um remédio por dia e não tenho condições de ir trabalhar desse jeito", diz.

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque Piauí, também na zona Sul, a situação não é diferente. A população se aglomera em frente à unidade na expectativa de receber atendimento médico e realizar testes de Covid-19. Na manhã desta quarta-feira, o atendente de Telemarketing, Ricardo Felipe Sena, de 22 anos, aguardava há mais de uma hora para receber a senha de atendimento.

UBS do Parque Piauí. Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Estou sentindo muita dor no corpo, coriza, febre, dor de cabeça faz mais de uma semana. Essa é a primeira vez que venho fazer o teste, moro lá no Angelim e esse é o lugar mais próximo que tem para fazer o teste”, destaca.

Assim como Felipe, o vigilante noturno Reginaldo dos Santos Nascimento, de 31 anos, também está com sintomas gripais. O vigilante reclamou da demora por atendimento na UBS e diz que até mesmo os idosos tinham que esperar na fila, mesmo sendo grupo de risco para a doença.

“Desde domingo estou sentindo muita dor no corpo, falta de apetite, dor nas articulações e indisposição. Estou me sentindo muito mal e decidi buscar a UBS para receber atendimento. Tem idoso que está pior do que a gente com falta de ar e é mais complicado, e a demora atrapalha muito”, reclama.

A superlotação e a demora por atendimento não tem incomodado apenas os moradores da zona Sul. Na UBS do bairro Gurupi, na zona Sudeste de Teresina, os pacientes relataram ao O DIA que na tarde de ontem já não havia mais senhas para atendimento. A jovem Sabrina Vilela, de 24 anos, foi uma das pessoas que procurou a UBS e não conseguiu fazer o teste. Na manhã desta quarta-feira, ela retornou ao local, realizou o teste e deu positivo para Covid-19.

UBS do Gurupi. Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Eu retornei hoje de manhã bem cedo, às 6h30, entregaram senhas para gente, e nas primeiras senhas as pessoas conseguiram ser atendidas normalmente, mas a partir daí começou a ficar tudo desorganizado, as pessoas não estão sendo atendidas direto, não estão mantendo o distanciamento”, denuncia.

Segundo o relato dos pacientes, a unidade de saúde está distribuindo 100 senhas no turno da manhã e a quantidade não é suficiente para a demanda de atendimento. Rodrigo Kilson, de 20 anos, chegou ao local às 8h30 e foi uma das últimas pessoas a conseguir uma vaga para realizar o teste. “As senhas de agora já foram. Quem chegar agora não consegue mais senha, só à tarde”, afirma.

A reportagem do O Dia procurou a Fundação Municipal de Saúde, que informou que os dados mais atualizados de casos de síndromes gripais em Teresina foram divulgados na última segunda-feira (03).

Segundo o relatório, houve um aumento de 76% nos atendimentos de casos de síndromes gripais em Teresina, enquanto a demanda por testes RT-PCR para covid-19 subiu 56%. No entanto, observou-se uma queda na positividade destes testes de 12% para 10%. Neste mesmo período, as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) subiram de 54 para 59, mas observou-se uma queda nos óbitos atribuídos à covid-19 - de seis para apenas um.

Walfrido Salmito, coordenador médico do COE, ressaltou que esta tendência tem sido observada desde a 50ª semana epidemiológica, que compreendeu os dias 12 a 18 de dezembro de 2021. “Percebe-se um hiato entre os atendimentos por síndrome gripal e casos confirmados de COVID-19, atendimentos por síndrome gripal e hospitalizações por SRAG e na demanda por testes RT-PCR e sua positividade”, analisa Walfrido Salmito, coordenador médico do COE.

Ainda segundo Salmito, é possível que esta diferença seja um reflexo da situação do vírus H3N2 em Teresina, o que resulta em mais casos de síndromes gripais, porém em menos hospitalizações (proporcionalmente).