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Reforma realizada há dois anos foi causa de desabamento em boate no Centro

Em vistoria realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea/PI), na manhã de hoje (08), foi constatada a causa do desabamento ocorrido no início da tarde desta terça-feira (07), em uma boate voltada para o público LGBT, localizada na Rua Sete de Setembro, no Centro de Teresina. Segundo as informações do vice-presidente do Crea/PI, Teodoro Reinaldo, uma reforma realizada há dois anos na estrutura do prédio teria sido responsável pelo desabamento. 

Fotos: Assis Carvalho/ODIA

Ele explicou que durante a reforma, uma parte da parede responsável pela sustentação do telhado teria sido removida, causando danos à estrutura do imóvel. A informação refuta a hipótese apresentada pelo inquilino do imóvel de que uma reforma realizada no prédio ao lado teria provocado o desabamento.

“Na realidade, se fosse problema com o vizinho, as paredes a apresentarem as fissuras seriam as laterais, e a parede que ruiu foi a central, que dá sustentação ao prédio. Eles reformaram a parte interna, demoliram uma parte da parede que sustenta todo o teto e não reforçaram. Por isso, a parede ruiu e junto com ela o teto”, esclarece o vice-presidente do Crea/PI.

De acordo com o vice-presidente do Crea/PI, será averiguado se a reforma realizada foi registrada no Crea, por meio de um engenheiro responsável pela obra, e o engenheiro será notificado e multado. Caso seja constatado que a reforma não foi fiscalizada por um profissional registrado no Crea/PI, a multa será aplicada ao proprietário do imóvel. 

“Quem faz esse tipo de intervenção sem o registro no Crea, será multado e notificado. Porque, além de estar fazendo uma reforma sem registro, você está alterando um patrimônio da cidade. O nosso objetivo é que você faça a obra e cumpra a lei. Qualquer obra deve ser inspecionada por um engenheiro, porque ele tem a habilidade de avaliar que alterações que podem ser feitas na estrutura”, destaca Teodoro Reinaldo.

Para o vice-presidente do CREA/PI, é necessária a criação de uma lei específica que obrigue perícias regulares em prédios antigos de Teresina. Caso contrário, novos desabamentos podem ser registrados nos próximos meses. “Nós temos imóveis que estão fechados e abandonados. Por conta da ação dos vândalos e a própria ação do tempo, esses imóveis precisam de manutenção, porque com certeza com o tempo eles vão ruir”, destaca.

Contraponto

O gerente de fiscalização da Superintendência de Desenvolvimento Urbano do Centro e zona Norte (SDU/Centro Norte), Enéas Costa, afirmou que será formada uma equipe técnica para vistoriar os prédios antigos localizados no Centro de Teresina. A equipe será formada em uma audiência a ser realizada pelo Ministério Público do Piauí, no final deste mês. “Precisamos de pessoas capacitadas para identificar os riscos e os efeitos de cada obra”, completa. 

A locatária Glauciane Pereira argumenta que a reforma realizada há dois anos foi acompanhada por um engenheiro e por um arquiteto. Segundo ela, o bar não tinha alvará de funcionamento por ser um estabelecimento familiar. “Esse imóvel estava desativado há muito tempo, nós contratamos um engenheiro e um arquiteto para fazer a estrutura em si. Não tenho como dizer precisamente por onde o desmoronamento iniciou. Nós não tínhamos alvará de funcionamento por que era um bar informal, familiar”, explica.